Lightlark (Lightlark, #1)(106)



Isla lembrou-se do som com o qual havia adormecido: a risada de Oro. N?o uma risada maldosa, do jeito que ele sempre fazia. Ela nunca tinha ouvido ele rir de verdade. Enquanto olhava para ele, ela se perguntou se teria imaginado. Ele estava com o cenho franzido enquanto analisava o quarto, como se tivesse se arrependido de ter concordado em entrar.

Isla se levantou. N?o ousou olhar para o vestido que ela sabia que estava em frangalhos, rasgado acima da coxa. Oro também n?o a encarou enquanto se levantava.

— Tenho que ir para a celebra??o — disse ele rispidamente.

Isla assentiu.

— é melhor.

Sem pensar, ela estendeu a m?o e consertou sua coroa, que havia saído do lugar enquanto ele dormia.

Seus olhos se encontraram quando ela terminou. Algo como raiva brilhava nos dele. Ela se afastou, surpresa.

— Mais dois lugares na Ilha da Lua — ele disse categoricamente, com indiferen?a. — Amanh?, vamos até um deles. No dia seguinte, no outro. E ent?o acabou.

— ótimo — disse ela secamente antes de se virar para a varanda e deslizar pelas portas.

O ar da noite era como uma carícia, farfalhando as pétalas que ainda restavam em seu vestido. Ela podia ouvir a celebra??o lá embaixo, o tilintar de copos e sussurros de conversas e músicas alegres.

Uma hora depois, Isla ainda estava na sacada quando uma batida ressoou a sua porta. Ela revirou os olhos, esperando que Oro tivesse voltado para ver como ela estava. Isla abriu com um suspiro.

E se deparou com Ella parada ali, com o rosto vermelho. Foi quando ela percebeu que a festa que podia ouvir de sua varanda havia silenciado. A música tinha parado.

— O que aconteceu? — Isla perguntou, recuperando sua adaga em um piscar de olhos.

Ella, sem estremecer com a arma, disse, ofegante:

— Um dos líderes foi atacado.

— Qual deles? — ela perguntou, rugidos enchendo seus ouvidos, enchendo o mundo.

Os dedos sob a luva prateada de Ella tremeram ao lado de seu corpo.

— A Estelar.





CAPíTULO QUARENTA E CINCO


DESAPARECIDA





Isla atravessou o castelo como uma tempestade. Se ela tivesse poderes, estariam fora de controle. Ela correu como se estivesse fugindo, empunhando a adaga pronta para jogá-la; seus dentes rangiam como se o mármore sob seus pés fosse gelo.

Ella, uma Estelar, estava viva. O que significava que sua governante também devia estar.

Tinha que estar.

Conforme ela se aproximava dos gritos e dos ilhéus desesperados correndo dos jardins, Isla se lembrou de sua máscara.

Ela n?o deveria conhecer Celeste antes dos últimos meses.

Ela n?o deveria se importar tanto.

Isla beliscou a palma da m?o para n?o chorar. Suavizar as rugas de preocupa??o em seu rosto era como tentar torcer uma placa de metal, mas foi o que ela fez.

Ainda assim, ao adentrar os jardins, ela estava correndo.

Ofegante. Parou.

Celeste flutuava no meio de um labirinto em miniatura. Parecia estar dormindo. Névoa prateada e fios finos como teias de aranha teciam um fino véu ao seu redor.

O único outro governante ali era Oro. Ele se virou para ela, o rosto tenso.

— é um antigo encantamento. Faz tempo que n?o o vejo. é um veneno.

Cleo. Ela fora atrás de Celeste. Como Oro havia suspeitado.

— Como revertemos? — Sua voz estava ofegante.

Oro balan?ou a cabe?a.

— N?o podemos. Só o corpo dela pode se curar. A habilidade de cura Lunar fortalece o veneno.

Os lábios de Isla tremeram. Ela olhava Celeste como se observasse um cadáver em um caix?o.

Nos últimos setenta e cinco dias, Isla come?ara a se sentir forte. T?o diferente da insegura e inexperiente garota Selvagem que havia pisado na ilha pela primeira vez.

Agora, ela se sentia completamente impotente outra vez.

N?o. Tinha que haver uma maneira de curá-la. Ela n?o podia simplesmente n?o fazer nada.

— Quem quer que tenha lan?ado o feiti?o foi interrompido — disse Oro, estudando a teia ao redor da líder Estelar. — Deveria tê-la matado imediatamente. Essa é a única boa notícia.

As m?os dela estavam fechadas em punhos.

— Quando ela vai acordar? — Isla perguntou. Sua voz estava muito alta, embargada.

Oro virou-se para ela.

— Se ela acordar… pode levar dias. Semanas.

A ilha talvez n?o durasse tanto tempo.

— Foi ela — Isla rosnou. — Cleo.

Oro n?o encontrou seu olhar.

— Talvez.

— Talvez? — Isla queria gritar, queria chorar, mas n?o fez nenhuma dessas coisas, e esperou pacientemente que Oro fosse embora.

Quando Isla quase foi assassinada, Celeste a salvou. Quando quase foi esmagada pelo teto no baile, Celeste estava lá para ajudá-la. Quando Isla estava se recuperando da suposta trai??o de Oro, Celeste a havia tirado de sua tristeza.

Ela sempre foi uma boa amiga. A melhor.

E Isla falhou com ela. Estava alcoolizada e mal-humorada em sua varanda quando a amiga mais precisava dela. Ela havia deixado Celeste sozinha na festa, sabendo dos riscos.

Isla sentiu o ar mudar quando Grim apareceu, na seguran?a de um dos c?modos mais próximo dos jardins. Finalmente.

Alex Aster's Books