Lightlark (Lightlark, #1)(109)



A garota era insistente. Ela puxou seu bra?o, levando Isla consigo.

Algo n?o estava certo. Isla escapou das m?os da garota.

A criatura n?o gostou disso. Ela girou e cortou Isla com suas unhas afiadas como navalhas.

Nuvens vermelhas coloriram a água como manchas de tinta.

Isla come?ou a nadar para fora do c?modo novamente, sem saber muito, mas com a no??o de que precisava fugir. Ela passou pela porta, de volta pelo quarto, até que conseguiu visualizar as escadas, mas estava longe demais e suas pernas ficaram rígidas.

Mas Isla n?o estava ali sozinha, percebeu, a névoa em sua mente dissipando. Ela poderia chamá-lo…

Algo puxou seu pé com tanta for?a que ela engasgou, engolindo água, e afundou novamente.

Era como fogo na garganta, queimando seus pulm?es, a água salgada diretamente do mar. Isla estremeceu, seus órg?os implorando por ar, por alívio, quando ela se virou para olhar para seus pés, para a garota que a reivindicava mais uma vez.

Ela agarrou a adaga que havia escondido no peito, enfiada no arame do suti?, e a deixou cair. Seu pé livre alcan?ou a lamina com os dedos.

E ela apunhalou a figura tenebrosa bem no olho.

A criatura sibilou, desaparecendo para o fundo em um instante.

Ela estava no topo da escada de pedra no segundo seguinte, tossindo a água de seus pulm?es.

No ar, sua cabe?a clareou completamente.

O que aconteceu?, ela pensou. Por que ela havia seguido a garota como uma idiota?

— Aquilo era uma criatura da noite — Oro disse em algum lugar próximo. Sua voz estava tensa. — Eles podem invadir sua mente. Desligá-la completamente.

Ele se ajoelhou ao lado dela, e Isla se perguntou o motivo, até que gritou. A dor tomando conta dela com for?a total. Havia uma ferida longa e profunda num lado do seu corpo onde a garota tinha a cortado.

Oro fez um som suave e calmante que parecia totalmente em desacordo com sua presen?a imponente. Mesmo de joelhos, ele era maior que ela.

Isla estremeceu no ch?o frio de pedra, e ele colocou a m?o na sua barriga nua. O calor inundou seu amago de uma só vez, seguido por uma ferroada; ele a estava curando. Oro fez o som calmante mais uma vez quando ela se retraiu, e Isla olhou para ele, realmente olhou para ele, fazendo uma careta enquanto sua pele se costurava novamente. Ele a encarou de volta.

Algo sobre sua proximidade, talvez, ou suas m?os sobre ela, ou, mais provavelmente, o sangue que ela havia perdido, deixou Isla um pouco tonta.

Ela gemeu novamente, a cura como eletricidade em sua pele. Oro estremeceu quando a m?o dela cobriu a dele, ambas pressionadas contra a ferida. Era quente como carv?o sob seus dedos, e enorme, quase cobrindo completamente sua barriga. Em pouco tempo, ele moveu a m?o.

Isla observou os nós de seus dedos descerem por suas costelas, curando as bordas da ferida.

— Pronto — ele disse, no momento em que Isla se preparava para outra ferroada.

Isla piscou para ele. Tinha estado ofegante, o sal em sua ferida como chamas contra a pele. Agora, sua respira??o tinha se acalmado.

Oro removeu lentamente as m?os de sua pele nua. Assim que ele o fez, ela estremeceu, o frio voltando.

Com isso, ele a tocou novamente, desta vez contra o joelho.

Ela se endireitou, desejando que seus pensamentos estranhos fossem embora, lembrando-se do motivo para estarem naquele palácio miserável.

— Você encontrou? — ela perguntou, os olhos arregalados. Desesperada.

O olhar de Oro se tornou sombrio.

— N?o — disse ele. — N?o estava lá.

Isla fechou os olhos, a decep??o doendo quase tanto quanto a ferida. Ela era a única esperan?a de Celeste e de seu povo. Ela n?o podia falhar, n?o de novo. Quando abriu os olhos, se for?ou a parecer mais confiante do que se sentia.

— Só pode estar em um lugar, ent?o. Certo?

— Sim, mas é um lugar que eu esperava evitar.

— Por quê?

— Fica bem no centro do território Vinderen — disse ele.

Seu rosto se contorceu, sem entender o que aquilo significava.

— O grupo que tentou te matar.

Ah.

— Quem eram eles? — ela perguntou. Ela n?o os tinha visto, mas suas vozes… o que eles queriam fazer com ela…

Oro piscou.

— Achei que você sabia.

Sabia o quê?

— Eles s?o Selvagens.

O quê? Seu rosto se contorceu.

— N?o sobrou nenhum Selvagem na ilha, e eles eram homens.

— N?o sobrou nenhum mesmo. Eles eram selvagens. O grupo deles deixou o seu reino muito antes das maldi??es. Eles já haviam renunciado ao poder, ent?o n?o foram afetados por elas.

Ent?o, eles comiam cora??es e carne por desejo… n?o por causa da maldi??o. Ela estremeceu. Havia tanto sobre os Selvagens que ela n?o sabia.

Por que o grupo deixou o reino, pra come?ar?

— Eu posso ir sozinho — disse Oro. Ao contrário de todas as vezes que ele disse palavras semelhantes, n?o havia maldade alguma em sua voz. — Se você preferir n?o correr o risco.

Mas Isla tinha chegado t?o longe. Se quisesse ganhar, se quisesse salvar as pessoas que mais amava, ela precisava estar lá quando encontrassem o cora??o.

— Eu vou — ela disse.

Naquela mesma noite, Oro a levou para um lugar que ela nunca imaginaria ser convidada: o antigo depósito de armas do castelo. Pegou coisas demais: flechas, arcos, facas, estrelas de arremesso, espadas. Celeste e Terra estavam em sua mente, as pessoas mais fortes que ela conhecia.

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