Lightlark (Lightlark, #1)(101)



— Atire nesse pássaro. Está fazendo meus ouvidos sangrarem.

Ela ouviu o som de uma flecha sibilando na noite. Por um momento, houve silêncio.

Em seguida, mais gritos estridentes.

— Se n?o consegue acertar um maldito pássaro, por que deveria ficar com o cora??o dela?

— Fui eu que a encontrei!

— Talvez eu atire em você e fique com ela para mim.

O pássaro gritou e gritou, quase em alegria.

A floresta ficou em silêncio.

Ela sentiu uma corrente de ar, um gosto metálico na boca.

Uma de suas captoras berrou, e o calor das chamas passou rugindo por seu rosto. O cheiro de explos?es quebrando algo próximo a ela, respingos de sangue contra a pele. Quem a segurava a largou.

Mas, antes que ela caísse no ch?o, os bra?os de outra pessoa a envolveram.

E Isla estava no ar.

Ela era metal sendo moldado em uma lamina, saturada de tanto calor que gritava e se perguntava como ainda tinha for?as para emitir som.

— Só mais um pouco — alguém disse.

Ao som daquela voz, Isla parou e golpeou o ar com todas as suas for?as, movendo quaisquer membros que tivessem sido descongelados.

Alguém cobriu seus olhos com a m?o, aquecendo-os, e, finalmente, ela p?de abri-los.

Oro estava parado acima dela, franzindo a testa.

— Você — ela disse por entre os dentes, a voz venenosa. Suas m?os imploraram para sufocá-lo. Para estripá-lo, passar uma lamina bem no meio do peito dele, arrancar seu cora??o com as próprias m?os.

Ele estava ali para matá-la? Tinha finalmente encontrado o cora??o de Lightlark?

— Antes de fazer qualquer coisa horrível que tenho certeza de que está imaginando — ele disse —, deixe-me explicar.

Ela teria se lan?ado sobre ele sem ouvir mais uma palavra se seu corpo ainda n?o estivesse t?o dormente.

Oro suspirou.

— Eu n?o traí você, Selvagem. — Isla abriu a boca, mas ele continuou: — Embora o fato de você ter acreditado nisso tenha me ajudado tremendamente…

— Ajudado com o quê? — ela rosnou. Oro estava mentindo. Isla n?o acreditava em uma palavra que saía de sua boca perversa.

— Um dos lugares onde a escurid?o encontra a luz na Ilha da Lua era impossível de acessar sem a ajuda de Cleo. Foi envolto em um labirinto séculos atrás para impedir intrusos. Eu precisava dela… ent?o alterei as duplas.

As unhas de Isla cravaram-se na palma das m?os. Ela conseguia mover os dedos. Talvez, se fosse rápida o suficiente, conseguiria estrangulá-lo. Tentou levantar a m?o, mas mal chegou a um centímetro da cama.

Cama.

Ela olhou ao redor, perturbada.

N?o estava em seu quarto. Estava no dele.

As paredes eram simples, mas o teto era de ouro maci?o. Os pisos eram de pedra. Todas as janelas estavam cobertas por tecidos pesados.

Oro deu um passo para trás, notando seu olhar e, provavelmente, seu panico.

— Te trouxe para cá assim que te encontrei. Achei que n?o iria querer que os outros soubessem o que aconteceu.

Nada disso fazia sentido.

Por que Oro tinha salvado ela?

Ele alegava que n?o a havia traído… que o plano deles ainda estava em andamento. Que todas as suas a??es estavam a servi?o de sua busca pelo cora??o.

Mentiras incontáveis.

Há mentiras e mentirosos por toda parte…

Oro continuou:

— Ela finalmente me levou até lá esta noite. Foi assim que encontrei você. Estava na Ilha da Lua, no labirinto. O cora??o n?o estava lá, o que é bom, porque acredito que Cleo teria tentado pegá-lo… mas agora nós só precisamos procurar em mais dois lugares.

Nós. N?o havia mais nós.

Isla balan?ou a cabe?a. Lágrimas escorreram pelo seu rosto, a trai??o ainda uma ferida aberta.

— N?o se trata apenas de alterar duplas. — Sua voz falhou. Ela odiava quando isso acontecia. — Eu confiei em você. Eu… você. Você contou a eles. Você…

Oro fechou os olhos por um momento.

— Eu sei. Eu sinto muito. De verdade. Cleo estava desconfiada. Ela sabia que havíamos visitado a Ilha da Lua um dia antes. — Isla pensou no pássaro. O espi?o. Ele tinha visto os dois. — A única maneira de convencê-la a me ajudar era descartar você. Publicamente. Sua rea??o e comportamento nas últimas semanas tinham que ser genuínos.

Essa n?o era uma raz?o boa o suficiente. Ela abriu a boca para dizer isso a ele, mas Oro continuou.

— E — ele disse — minhas fontes me disseram que Cleo tem ficado cada vez mais convencida de que é a Estelar que deve morrer.

O quê? Isla mal resistiu ao impulso de ficar de pé, alarmada.

— Isso n?o faz o menor sentido. Ela me quer morta.

Oro franziu a testa.

— Cleo teria te matado esta noite se quisesse.

— Foi praticamente isso que ela fez — retrucou Isla, exasperada. Se Oro n?o a tivesse salvado, ela teria virado a refei??o de alguém. — Por que Cleo escolheria a Estelar?

— Ela acredita que é a mais fraca entre nós. é o menor reino. O que menos se desenvolveu nos últimos quinhentos anos, devido à maldi??o.

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