Lightlark (Lightlark, #1)(108)



Ela o observou por outros motivos também.

Oro virou-se para ela, surpreso.

— Tenho certeza que você já viu muitos corpos antes — ele disse, sem rodeios.

Isla se irritou. Ele n?o tinha dito isso de forma maliciosa, mas tranquilamente, e ela n?o podia culpá-lo por sua suposi??o. Um verdadeiro Selvagem, mesmo um sem poderes, já teria visto incontáveis corpos nus. Eles eram famosos por suas conquistas romanticas.

Um fato, nada mais.

Isla engoliu em seco.

— Claro que sim — ela disse, um pouco rápido demais.

Oro ergueu uma sobrancelha, percebendo que a ausência de uma maldi??o n?o era a única coisa que a distinguia de seu povo.

Ele deu um passo à frente, ainda sem camisa. Inclinou sua cabe?a dourada para ela.

— Diga-me, Selvagem… com quantas pessoas você já esteve… intimamente?

O rosto de Isla corou. Ela mal resistiu à vontade de esbofeteá-lo.

— Que tipo de pergunta é essa? — ela quis saber. Em seu reino, o amor era proibido, mas a intimidade n?o era evitada. Era celebrada.

Ele parecia saber disso, e sua express?o ficou ainda mais surpresa.

— Curiosidade. — Ele encolheu os ombros. — Já estive com muitas mulheres. N?o é algo que nego.

Isla zombou dele, bufando.

— Bem, isso deve ter sido há muito tempo, a julgar por qu?o tenso e insuportável você é.

Os lados da boca de Oro se contraíram, divertindo-se.

— Pode ser, mas você n?o respondeu a minha pergunta.

— E nem vou — disse ela, olhando para ele. Oro sorriu. Ele estava rindo dela?

Por alguma raz?o, Isla foi compelida a provar que ele estava errado. Para apagar o sorriso de seu rosto miserável. Sem quebrar o olhar de Oro, desabotoou a capa e a deixou cair no ch?o. Tirou a enorme camisa e a cal?a, até ficar apenas com as roupas que usava por baixo, além das roupas íntimas. Uma regata minúscula que ia até acima do umbigo e shorts justos de cintura alta que terminavam no alto da coxa.

Ela n?o estava em sua roupa íntima, mas vestindo apenas peda?os de tecido, sentiu-se nua na frente dele.

Oro ficou muito quieto.

Ela deu de ombros, se esfor?ando para parecer despreocupada.

— é só pele — ela disse, a voz saindo ligeiramente ofegante.

— Só pele — ele repetiu, sua boca mal se mexendo.

Isla passou por ele, desceu os degraus da escada. Até seus pés espirrarem água. Até a água chegar aos joelhos. Ela o ouviu tirar a cal?a, depois as meias e os sapatos. Ela tremeu, o frio doendo em cada centímetro de pele exposta.

Um momento depois, Oro estava ao lado dela, de cueca. Desta vez, ela desviou o olhar. Um pouco relutante.

— Lírios-d’água crescem aqui — ele disse, também evitando encará-la. — Os que você mostrou na montanha. — Isla se lembrou daquele dia, que parecia a reinos de distancia. — Você disse algo como o cora??o pode estar preso às suas raízes, correto?

Ele olhou para Isla, e ela apenas assentiu.

— Essas águas abrigam criaturas antigas e cruéis — disse ele. — Fique atenta.

A água ondulou quando ele mergulhou. Isla respirou fundo e o seguiu. Oro nadou rapidamente, para fora do sal?o principal, direto para o corredor. Ela ficou perto da escada. O teto tinha quinze metros de altura, e ela estava no alto, mergulhando em dire??o a um c?modo que parecia quase perfeito, exceto por uma pintura que tinha sido rasgada, faixas do que um dia fora uma paisagem ondulando na água.

Seu olhar tra?ou as bordas do ch?o, sob os móveis. Sem sinal de qualquer planta. Isla se virou, para tentar um c?modo diferente, e quase engoliu um bocado de água, assustada.

Um rosto, adorável e cruel como um pesadelo, flutuava diante dela.

Metade do rosto da garota tinha escamas; metade de seu cabelo tinha a mesma sedosidade transparente da cauda de uma carpa. Seus bra?os e pernas eram cobertos por escamas também, criando o efeito de seda submersa em torno de seus membros.

Fascinante.

Isla semicerrou os olhos. Sua mente rapidamente se tornou t?o obscura quanto a água. Ela estava lá por algum motivo… mas ela n?o conseguia se lembrar qual era.

A garota sorriu e estendeu a m?o coberta de escamas com unhas afiadas como facas. Para ajudar, Isla percebeu.

Ela n?o sabia por quê… mas pegou a m?o dela.

E a garota a conduziu para baixo. Passando por um quarto, para um corredor. Ent?o Isla viu os lírios-d’água, afundados, suas raízes como tran?as que desciam por metros e mais metros. Algo sobre elas parecia importante, mas ela n?o sabia dizer o quê.

Felizmente, Isla tinha a garota para guiá-la, mas para levá-la para onde?, ela questionou.

Algo tamborilou em seus ouvidos, um eco ou rugido, enquanto seu peito se contraía. A dor era silenciosa, t?o distante quanto a superfície, mas as batidas continuaram. Batendo como…

O cora??o. Era para isso que estavam ali, Isla se lembrava agora.

Ela parou de seguir aquele caminho e a garota se virou, puxando o bra?o dela.

Isla balan?ou a cabe?a, o movimento deixando-a tonta. Seus olhos tinham come?ado a se fechar. Ela precisava de algo… talvez ar.

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