Lightlark (Lightlark, #1)(123)



Ou, se isso n?o fosse possível, quando sua maldi??o fosse quebrada, Isla tentaria negociar as habilidades Selvagens que ela ganharia em troca de Terra e do resto dos Selvagens que foram levados pelo solo. A floresta na nova terra era conhecida por fazer acordos, e os poderes de um governante Selvagem seriam valiosos demais para serem recusados. Era um sacrifício que Isla estava disposta a fazer para consertar tudo.

Ela queria vencer o Centenário; queria aquele imenso poder prometido, ansiava por isso como um amante. Ela queria o poder Selvagem que lhe fora negado no nascimento.

Mas n?o escolheria isso em troca de Grim. Ou de qualquer outra pessoa com quem se importava.

— Eu sei que você n?o confia nele, mas, por favor… por mim — ela pediu. — Eu te imploro, Celeste. N?o temos muito tempo.

Demorou um instante para Celeste dizer alguma coisa. Isla esperou, imaginando mais raz?es para tudo estar errado, mais resistência, mas a amiga deve ter percebido o desespero dela, deve ter compreendido o qu?o importante isso era. Porque, enfim, Celeste disse:

— Onde está o desvinculador?

Eles tinham um novo plano. Uma última cartada. Celeste faria parte do castelo desmoronar, para atrair Oro para fora de seus aposentos por tempo suficiente para entrarem na biblioteca secreta e encontrarem o desvinculador.

— Precisamos de um lugar para usá-lo — disse Celeste. — Um lugar onde Oro n?o será capaz de interferir se descobrir que estamos com ele.

— O Palácio de Espelhos — disse Isla. Os poderes de Oro seriam anulados lá, mas os encantamentos como o desvinculador ainda funcionariam.

Celeste assentiu.

— Vou pegar o desvinculador. Você traz o que ainda restar do elixir de cura para fechar nossas feridas depois de o sangue ser derramado. E é isso. é tudo o que precisamos trazer para que ninguém suspeite. — Sua amiga engoliu em seco. — Se alguém descobrir…

Um deles acabaria morto. Isla sabia.

Oro parecia t?o frio. T?o ele mesmo, ela percebeu. Tinha come?ado a acreditar que o rei insuportável e desconfiado era uma máscara que Oro usava para proteger a si mesmo e sua ilha.

Agora, Isla se perguntava se a pessoa que ela havia vislumbrado, aquele Oro carinhoso, o parceiro de confian?a com quem ela trabalhou por meses, tinha sido a máscara.

Isla correu para o quarto. Tinha a sensa??o de que n?o voltaria. Depois que elas usassem o desvinculador para quebrar suas maldi??es e Oro descobrisse… ela teria que fugir com Grim. E Celeste. Pelo menos até que os cem dias terminassem e Oro escolhesse outra pessoa para matar e quebrar as maldi??es, ou a ilha desapareceria novamente. Talvez para sempre desta vez.

Isla estava ao pé da cama, tentando assimilar tudo. A parede de folhas. O banheiro de mármore branco.

A cadeira onde Oro se sentou e ofereceu a ela um acordo.

O sofá onde ela descansou a cabe?a no colo de Oro e escutou sua risada pela primeira vez.

A varanda onde ele a ouviu cantar e salvou sua vida.

Ela afastou as lembran?as, fechando a cara. Tudo o que importava para ele era salvar seu povo e quebrar as maldi??es. Ele n?o se importava com ela.

Algo quebrou nas proximidades. Tremores percorreram o palácio. Celeste. Gritos encheram os corredores, ecoando. Ela se apoiou contra o guarda-roupa e soube que n?o demoraria muito para que sua amiga encontrasse o desvinculador e chegasse ao Palácio de Espelhos.

Isla tinha que ser rápida. O cora??o era lindo em sua palma, uma fatia de raio do sol. Parte dela considerou roubá-lo e usar suas habilidades para curar Terra e seu reino, mas tomá-lo condenaria Lightlark oficialmente e os milhares que viviam na ilha. Ela queria poder, mas n?o era t?o egoísta assim.

E por mais que odiasse Oro no momento… Isla n?o iria machucá-lo.

Sua m?o tremia enquanto escrevia a carta para ele. Explicando o que podia.

Quando terminou, seu peito doía, a ferida ainda pulsando em dor. Isso a deixou de joelhos, e lá ela ficou por um tempo, até que a dor diminuiu o suficiente para ela se mexer sem gemer.

Satisfeita por ter dado a Celeste vantagem suficiente, puxou o colar.

Grim apareceu imediatamente. Ela quase desmaiou de alívio, vendo que ele ainda estava vivo. A determina??o nos olhos de Oro tinha sido muito clara.

Eles n?o tinham muito tempo. Mesmo enfraquecido, o poder de Oro era imensurável. E este território era dele. Ele queria que o governante Umbra fosse assassinado e, provavelmente, tinha mil maneiras de fazer isso acontecer.

Ela caminhou até ele. Segurou sua m?o.

— Você confia em mim?

Grim olhou para ela. Piscou.

— Claro, Devoradora de Cora??es.

— Oro vai matar você para acabar com as maldi??es. Celeste e eu nos conhecemos; temos uma relíquia antiga que vai ajudar a nós três. Nós vamos quebrar nossos vínculos esta noite. E depois… vamos ter que fugir.

Ela estudou o rosto de Grim com cuidado. Assistiu a suas fei??es se contorcerem, mas ele n?o pareceu surpreso. Ele tinha previsto que Oro tentaria assassiná-lo?

— Você faria isso por mim? — Grim perguntou, segurando a m?o dela com mais for?a.

Era uma tolice se importar com outros jogadores em um jogo t?o cruel quanto o Centenário, mas Isla n?o podia evitar seus sentimentos.

— Sim. E você vai precisar me ajudar também. Posso precisar de um pouco do seu poder para salvar o meu reino. Eu…

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