Lightlark (Lightlark, #1)(120)
— Devoradora de Cora??es. — A voz dele embargou ao dizer as palavras. Ela o encarou. — Pensei que você tinha morrido.
Eu também, ela pensou, mas n?o foi o que disse. Em vez disso, falou: — Estou viva. Por sua causa. — Ela o abra?ou. Inclinou a cabe?a para que o nariz dele encostasse em seu pesco?o. Isla levou a boca até o ouvido dele. — E eu quero fazer mil coisas com você — disse, estremecendo enquanto o peito queimava, a ferida ainda sensível. — Mas primeiro… tem algo que preciso resolver.
Grim assentiu.
Ela passou por ele, saindo do quarto. Isla correu para os aposentos da amiga o mais rápido que p?de.
Antes que ela pudesse bater, a porta se abriu. Celeste estava lá, seus olhos arregalados.
Ela jogou os bra?os em volta da amiga, embora ainda doesse se mexer. A dor percorreu todos os seus ossos, seus órg?os se contraíram, e ela engasgou com as palavras.
— Eu pensei que você… Celeste, você…
— Eu sei — disse Celeste tranquilamente. — Foi Azul.
Isla se afastou para encontrar os olhos da outra.
— Eu sei. Recebi sua mensagem. — Ela levantou a m?o, revelando o diamante em seu dedo mais uma vez. — Por quê?
— N?o fa?o ideia. Ele deve ter algum plano.
Isla queria sentar e conversar com a amiga, permitir-se sentir alívio por mais do que só alguns segundos.
Mas tinha coisas a fazer.
— Consegui — Isla disse, com a voz embargada. — é uma história longa, terrível, mas… eu encontrei o cora??o. E o usei.
— O quê? — Celeste disse, como se n?o tivesse ouvido direito.
Isla sorriu.
— Vou te contar tudo mais tarde, mas por enquanto… fique escondida e espere por notícias aqui. — Ela deu outro abra?o rápido na amiga. — Tudo isso vai acabar logo.
Ela se virou para sair, ent?o parou. Havia algo que ela precisava dizer.
— Sinto muito, Celeste. Por tudo. Tenho sido uma péssima amiga, uma parceira horrível, mas vou resolver tudo. Eu prometo.
Com um último aperto na m?o de Celeste, Isla correu pelo corredor. A amiga a chamou freneticamente, mas ela n?o parou. Estava anoitecendo. O sol estava se pondo.
Ela correu de volta para o quarto. Grim tinha partido.
Um momento depois, as portas da varanda se abriram.
Oro veio voando e pousou no centro do tapete, sua pele danificada se curando bem na frente dela. Ele tinha voado através da luz que come?ava a enfraquecer, ela percebeu, quando o sol ainda brilhava de leve. O suficiente para queimá-lo, mas n?o matá-lo.
Ela congelou, o encarando.
— Você está viva — ele disse bruscamente, como uma acusa??o, seu peito ainda ofegante. Seus olhos estavam enormes.
Ela assentiu. Houve uma pausa.
— ótimo. — Ele se endireitou. Engoliu em seco. Seus dedos se abriram e o cora??o estava na palma, brilhando como se Oro tivesse estendido a m?o para o sol e pegado um punhado de seu brilho. Parecia menos uma gema agora, e mais uma esfera. Dourada. Faiscante.
— Conseguimos — ela disse, sem f?lego, levando a m?o ao cora??o dolorido. Ela sorriu, embora seu peito parecesse ter sido cortado ao meio.
Oro entregou o cora??o para ela. Ele brilhava em sua palma, piscando.
— Tome um banho, Isla — disse ele. — Vista-se. — Só nesse momento ela notou o sangue seco em seus cabelos, a sujeira em suas roupas. — Ent?o me encontre na biblioteca.
Antes que ela pudesse dizer uma palavra, ele voou de volta pela varanda, desaparecendo noite adentro.
Ela agarrou o cora??o, imaginando como Oro poderia confiá-lo a ela. O rei de Lightlark, desconfiado de todos, tinha entregado o bem mais valioso da ilha para ela. A chave para acabar com as maldi??es. A chave para o futuro dela. A chave da ilha.
Até ela pensou que ele era tolo por fazer isso.
Isla n?o se separou do cora??o, levando-o para o banho enquanto se esfregava rapidamente, sem demorar muito na marca em seu peito, que havia curado ainda mais, mas ainda parecia rosa em sua pele. Uma ferida permanente.
Ela colocou um vestido. Vermelho, como o sangue que havia derramado.
Dez dias.
Eles encontraram o cora??o com dez dias de sobra, mas ainda precisavam correr. A ilha poderia desmoronar a qualquer minuto. Terra poderia morrer naquele mesmo dia. Isla a observara através da po?a de estrelas antes de ir em busca do cora??o com Oro. A única parte de Terra que n?o tinha sucumbido ao ch?o da floresta era a metade direita de seu rosto, um olho ainda bem aberto. O outro estava fechado.
Isla agarrou o cora??o com for?a em sua caminhada até a biblioteca, e ele pulsou em sua m?o. Brilhante. Falando com ela em sua língua estranha, um canto de sereia que prometia poder.
Ele já havia come?ado a dar poder a ela, se sua cura milagrosa era alguma indica??o.
Oro estava sentado na biblioteca, perdido em pensamentos. Encarando um texto sem realmente lê-lo.
Assim que Isla entrou, ele se levantou. Assentiu. Sentou-se de novo e fez sinal para ela fazer o mesmo.
Ele estava estranhamente sério. O rei de Lightlark estava diante dela, n?o seu companheiro de muitas aventuras. N?o a pessoa em quem ela havia passado a confiar a própria vida.
Isla sentou-se e colocou o cora??o entre eles, com cuidado.