Lightlark (Lightlark, #1)(125)



Mas ela n?o se lembrava de onde tinha estado. Vasculhou sua mente, cavando, implorando para as memórias aparecerem.

Nada aconteceu.

Se o que Grim disse era verdade… ela estivera com ele naquela manh?. Ele havia levado suas lembran?as. Ent?o, poucos minutos depois, fingiu n?o conhecê-la. Isla olhou para ele como um estranho familiar.

N?o podia ser verdade. Nada disso fazia sentido. Nada disso.

Há mentiras e mentirosos por toda parte…

Isla n?o sabia o que fazer, o que pensar, em quem confiar, mas certamente n?o confiava em si mesma.

Ou nele.

Ent?o, correu para a floresta que seus ancestrais haviam criado. Grim esperou alguns momentos antes de correr atrás dela. E, fora destes bosques, ele talvez tivesse a alcan?ado.

Mas Isla era rápida como a flecha que havia perfurado seu cora??o. Silenciosa como um beija-flor. Antes, havia cortado a bochecha e os bra?os nessa mesma floresta. Hoje, ela pulava todos os galhos certos. Abaixava-se sob todas as árvores.

Até que viu a si mesma, refletida de volta.

Ela entrou correndo no Palácio de Espelhos, ouvindo passos e estalidos do lado de fora. Através do vidro, observou enquanto as árvores mortas se entrela?avam e formavam uma parede, prendendo-a lá dentro.

A floresta era encantada. Sentia o medo dela? Estava finalmente protegendo a governante Selvagem que n?o conseguia se defender sozinha?

Isla n?o teve tempo de questionar. Grim n?o podia usar seus poderes ali, mas era um guerreiro; levaria apenas alguns golpes bem calculados de sua lamina para passar pelo muro.

Ela quase caiu de alívio quando viu Celeste lá dentro, de olhos arregalados.

— O aconteceu? — ela perguntou, e Isla percebeu que ainda estava ofegante.

Celeste trazia algo nas m?os.

Parecia uma agulha de costura gigante, longa como uma adaga. Pontiaguda em ambas as extremidades. Era parte de ouro e parte de vidro, e brilhava intensamente, como o cora??o.

O desvinculador.

— Nada — ela disse, ent?o balan?ou a cabe?a. — Tudo.

Celeste assentiu, parecendo entender que Grim n?o iria se juntar a elas.

— Eu n?o sei por que você precisava dele, mas vou te ajudar com o que for. Vamos dar um jeito… juntas.

Juntas. Ela havia estragado tudo, mas acreditou em Celeste quando ela disse que encontrariam uma solu??o.

— Precisamos nos apressar, ent?o — disse Isla.

Celeste estendeu a agulha em dire??o a ela.

— é uma coisa rápida. Só precisamos perfurar a pele com isso.

Dizia-se que o custo do desvinculador era de pelo menos um gal?o de sangue de um governante. Isla n?o tinha certeza de como a agulha iria recolher tudo isso, mas talvez n?o precisasse guardá-lo. A agulha provavelmente faria um furo que n?o fecharia até que a quantidade necessária de sangue fosse vertida. Isla tinha trazido o resto de seu elixir de cura para fechar suas feridas quando terminassem.

Um estalo soou na noite. Isla se virou para ver que Grim havia aberto caminho através das cascas das árvores mais rápido do que o esperado.

Eles se encararam através do vidro. Os olhos dele se arregalaram ao ver a agulha.

— Agora — sussurrou Isla, e Celeste enfiou a agulha em sua própria m?o, estremecendo.

— Cora??o, n?o! — Grim gritou antes que ela pudesse fazer o mesmo, alto o suficiente para fazê-la parar. Ele correu o mais rápido que p?de, entrando pela porta.

Mas Isla sentiu uma pontada na palma de sua m?o. Estava feito.

Ela gritou, algo decisivo correndo por ela, queimando como fuma?a em seus pulm?es, sal em sua garganta, faíscas em seu est?mago, mas n?o era sangue. N?o era nada que ela pudesse enxergar.

Isla se virou para encarar Celeste. Os olhos de sua amiga haviam mudado. Estavam mais sombrios, um tom de prateado profundo em vez de cinza-claro.

Ela sorriu de forma maligna.

Isla congelou. N?o reconhecia aquele sorriso. Os cabelos prateados de Celeste come?aram a flutuar ao redor de sua cabe?a. Suas costas arquearam assim que as de Isla se curvaram, subitamente tonta. Sua pele parecia fina demais, e, ainda assim, a pele de Celeste brilhava fortemente. O desvinculador estava tirando algo dela e dando para Celeste. Algo importante.

Grim agarrou a outra m?o de Isla, tentou puxá-la para longe da agulha.

E foi arremessado contra o vidro. Por Celeste, mas os poderes dela n?o deviam funcionar ali…

O Umbra se debatia violentamente contra as correntes que pareciam videiras, os bra?os tensos. Bem naquele momento, a porta se abriu mais uma vez. Oro. Como tinha encontrado ela? Seus olhos cor de ambar foram direto para o desvinculador, e ele empalideceu.

— Isla — chamou suavemente, parecendo mais em panico do que nunca.

Ent?o, se curvou, caindo de joelhos. A ilha estava se deteriorando novamente? Mas daquela vez era diferente. Grim caiu ao mesmo tempo. Ambos enfraqueceram em segundos, como ela, mas como?

De repente, ela foi empurrada para a pedra, longe da agulha, caindo no ch?o no momento em que sua cabe?a estalou contra o mármore.

Isla piscou, a vis?o turva, e Celeste deu um passo em dire??o a ela. O sangue escorria do furo na palma da m?o da governante Estelar.

Seis gotas.

Uma chiou. Uma flutuou. Uma explodiu. Uma ficou escura como tinta. Uma congelou. Uma caiu no ch?o e desabrochou em uma rosa vermelha.

O sangue de Celeste agora continha habilidades de todos os seis reinos.

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