Lightlark (Lightlark, #1)(132)
Esmaeceram.
Até que o crime original fosse cometido novamente. Uma governante matou sua melhor amiga a sangue-frio. Uma linhagem chegou ao fim. E um dos seis venceu.
O mundo explodiu.
Isla foi jogada para trás por uma for?a mais selvagem que o vento, mais forte do que a maré. Lágrimas queimaram e emba?aram sua vis?o, quentes em seu rosto, escorrendo pelas têmporas. Ela piscou uma vez para as estrelas enquanto voava de volta, e elas pareciam mais brilhantes do que nunca.
Antes que Isla caísse no ch?o, o piso desabou.
As maldi??es foram quebradas, e Lightlark também. O ch?o se partiu em mil rachaduras, e Isla escorregou pela fenda, seguindo o corpo de Celeste, que já havia sido tomado pela ilha. A governante Estelar tinha caído centenas de metros para o núcleo ardente de Lightlark. O cora??o caiu da m?o de Isla e despencou atrás de Celeste, retornando para a ilha mais uma vez.
Isla o seguiu.
Ela caiu, caiu, caiu, como naquela noite na sacada. Atrás dela, o solo se revirava, fervia, pronto para receber seus ossos. Isla sentiu o poder fluir através dela, tudo o que ela havia conquistado de volta com o vinculador, mas quando estendeu a m?o para agarrá-lo a energia escorregou por seus dedos. Ela n?o sabia como usá-la… nunca tinha usado as próprias habilidades antes.
Isla fechou os olhos. Reconhecendo seu destino.
Só teve tempo de se despedir de uma pessoa. E escolheu…
Algo a agarrou pela cintura. Suas costas se arquearam dolorosamente.
Isla parou de cair.
Alguém a salvara, mas isso era impossível. Grim e Oro talvez tivessem se libertado de suas amarras após a morte de Aurora, mas ainda n?o podiam usar suas habilidades no Palácio de Espelhos, mesmo sem as maldi??es. Mesmo que Isla devolvesse seus poderes.
A n?o ser que…
Isla abriu os olhos para ver o que a envolvia: uma videira. A planta a segurou e come?ou a puxá-la de volta à superfície.
Poder Selvagem.
Mas n?o tinha sido ela a manipulá-lo.
O amor em Lightlark é uma coisa perigosa.
Alguém que ela amava estava usando suas habilidades para isso.
O tronco grosso da planta a ergueu até a superfície, para fora do po?o que se abrira bem no centro do Palácio de Espelhos.
Quando ela alcan?ou a superfície, Isla se arrastou sobre a borda, para a pedra sólida, ofegante. Seu cabelo bagun?ado cobria o rosto.
Por trás dos fios, ela viu Oro relaxar o punho.
E a videira ao redor de sua cintura se soltou.
Oro estava usando o poder de Isla, e ela podia ver no rosto de Grim que ele sabia o que isso significava.
A agonia se transformando em surpresa e, finalmente, em raiva dizia que ele também havia tentado acessar suas habilidades… e descobriu que n?o conseguia.
Isla abriu a boca. Horas antes, seus sentimentos tinham sido diferentes. Horas antes, ela estava pronta para fugir com Grim, para construírem um futuro juntos. Para sacrificar tudo o que ela queria, por ele.
Mas ele a traiu de formas inimagináveis. Tinha roubado suas memórias em vez de incluí-la em seu plano. Em vez de confiar nela para tomar suas próprias decis?es, ele tinha feito a escolha por ela.
E Oro… Ele tinha sido seu verdadeiro parceiro durante o Centenário. Ele entregou suas verdades em troca das mentiras dela. Isla chorou na frente dele. Riu. Superou seus maiores medos. Enfrentou diversos perigos. Ele a conhecia melhor do que qualquer outra pessoa na ilha, exceto pela amiga que havia perdido.
Antes que Isla pudesse dizer uma palavra, Grim saiu por um buraco no vidro e desapareceu na noite.
O sangue de Celeste ainda estava quente em sua m?o, sob a manga. Ela caiu de joelhos e vomitou. Solu?ou. Gritou.
As maldi??es tinham sido quebradas.
Mas o processo a quebrou também.
CAPíTULO CINQUENTA E CINCO
DEVASTADA
Eles haviam se unido. Um dos seis tinha vencido. A linhagem de um governante chegara ao fim. O crime original tinha sido cometido novamente.
E, no centésimo dia do Centenário, a ilha n?o desapareceu sob a tempestade.
Isla n?o tinha saído do quarto. Ela só voltou para o reino Selvagem uma vez, para injetar poder no solo, salvando o reino e seu povo da completa destrui??o. Ela ainda n?o sabia usar o poder, mas tinha sido simples. Enterrou as m?os no ch?o e liberou parte de si mesma no solo. A mudan?a foi imediata. Chocante.
Ent?o voltou para o castelo do Continente, usando sua varinha estelar. Ela passava os dias sentada na banheira, a água quente substituindo as lágrimas, porque descobriu que n?o tinha mais nenhuma para verter. Estava vazia.
Oca.
Celeste. Sua melhor e única amiga n?o tinha sido uma amiga.
Grim. Um ano de lembran?as esquecidas. E algumas que ela conseguia alcan?ar. Aconchegados na chuva. Seu corpo pressionado contra o mesmo vidro que havia se quebrado e a cortado em mil lugares.
Ela sabia agora que Ella nunca tinha tentado prejudicá-la. A Estelar a mantinha atualizada pela porta do quarto. Foi Ella que contou que Cleo havia derrubado a ponte para a Ilha da Lua, separando seu território do restante do Continente. Isla n?o sabia o que isso significava, o que ela estava planejando… mas n?o podia ser bom.
Azul tinha sido visto na praia, observando a tempestade maldita enfim desaparecer. Aparentemente, a tempestade havia prendido as almas dos mortos pelas maldi??es. Eram esses os boatos que ela ouvira certa vez. Os corpos presos lá dentro haviam caminhado apenas alguns passos como espectros antes de desaparecerem para a paz eterna, antes mesmo de alcan?arem a costa.