Lightlark (Lightlark, #1)(134)



Apenas que aconteceu.

O amor era uma coisa estranha. Ela o desejava de tantas maneiras. O teve por um tempo, embora tivesse feito de tudo para negar. Principalmente, Isla confiava nele.

Era essa a base do amor?

Ela ainda n?o tinha certeza.

Sobre nada.

Isla levou a m?o ao peito dele. Em algum lugar, podia sentir seu poder pulsando. Um fluxo incessante, dourado e brilhante. Solar, Etéreo, Lunar e Estelar. Quando Isla usou o vinculador, devolveu o poder de cada governante através da mesma ponte que havia permitido a ela tomar suas habilidades, embora ainda pudesse acessá-las.

N?o havia defesas entre ela e a po?a infinita de Oro, já que o fluxo funcionava para os dois lados. Ela poderia enfiar a m?o e pegar o que quisesse. E ele poderia fazer o mesmo com ela.

Oro fechou os olhos por um instante, como se sentisse os dedos de Isla correndo ao longo dos rios de energia dentro dele.

Ele imitou o movimento dela. E Isla se perguntou o que ele sentia… porque, quando Isla matou Aurora com o vinculador, ela sabia exatamente o que estava fazendo. N?o apenas obtendo seu próprio poder — e o de Oro e de Grim —, mas também tirando algo dela. Todas as habilidades da governante Estelar. Uma brecha, para matar um governante e sua linhagem, cumprir a profecia e acabar com as maldi??es, e ao mesmo tempo poupar o reino Estelar.

Agora, Isla tinha o poder de um governante Estelar, e n?o queria pensar no que isso significava.

Oro pressionou dois dedos contra seu cora??o. E desceu, até o centro do peito dela.

Uma videira serpenteou pela varanda e desabrochou uma rosa vermelha.

Oro a arrancou da planta. Ofereceu a Isla.

Ela olhou para a flor. Uma rosa com espinhos, como ela. Era linda. Perigosa.

Isla a pegou e jogou-a por cima do ombro. E ficou na ponta dos pés para que sua testa tocasse a dele.

Oro hesitou. Seus olhos eram cor de ambar e ardentes, nada como o vazio que ela havia vislumbrado no primeiro dia do Centenário. Ele a encarou como se ela fosse o motivo pelo qual destruíram a ilha, o cora??o que ele estava desesperadamente tentando encontrar por tantos anos. A agulha que havia costurado de volta cada um dos seus peda?os.

Isla respirou fundo.

Ent?o se virou para o mar.

Grim. Ele a havia destruído e Isla fora imprudente. Apressada, agido sem pensar, sem hesitar.

Ela n?o cometeria esse erro novamente. Mesmo que confiasse em Oro — ninguém mais além dele.

Isla subiu na mureta, da mesma forma que fizera no primeiro dia do Centenário, quando entoou a can??o que atraiu Oro até sua varanda. Ele estava atrás dela, uma fonte infinita de calor, t?o perto que, quando ela inclinou a cabe?a para trás, descansou no peito dele.

Seus pés chutavam o ar, bem acima do mar revolto. Isla virou-se para ele.

— N?o me deixe cair.

Seus olhos encontraram os dela.

— Nunca.

Isla sustentou o olhar de Oro.

— Nunca mais — ele emendou.





CAPíTULO CINQUENTA E SEIS


CHAVE





OPalácio de Espelhos havia perdido seus vidros. Era o esqueleto de uma estrutura agora, o piso coberto de cacos afiados como facas. Estalavam sob os sapatos de Isla quando entrou.

Oro havia trabalhado para fechar a rachadura no solo, usando um poder emprestado, mas um corte ainda percorria toda a extens?o do sal?o, como uma cicatriz. Um lembrete do que havia acontecido ali.

Um lembrete da governante que fora enterrada lá embaixo.

Ele estava ao seu lado, observando cada um de seus movimentos. Sem ele, Isla n?o sabia se teria tido a coragem de voltar.

N?o… ela teria. Porque estava mais forte agora, e isso n?o tinha nenhuma rela??o com seu novo poder.

Isla continuou em frente, tranquila, a cabe?a erguida. Oro havia devolvido sua coroa. Ele contou a ela sobre como a pegou depois de terem encontrado o cora??o, durante as horas agonizantes na caverna enquanto o sol ainda brilhava e ele n?o podia ir encontrá-la… quando nem mesmo sabia se ela estava viva.

Foi nesse momento que eu soube que te amava, ele dissera. Quando aquela flecha atravessou seu cora??o, era como se tivesse atravessado o meu também.

Isla sentiu a ausência de sua coroa nos dias seguintes ao rompimento das maldi??es. Ela havia desenhado seus padr?es em papel, imaginando-a em sua cabe?a, pensando em como o adorno ficaria em sua m?e e nas gera??es de governantes Selvagens antes dela… incluindo Violet.

Foi quando ela percebeu o que era. A única coisa que a ligava a seus ancestrais. O único objeto importante que tinha sobrevivido aos séculos.

Ela estava diante do cofre, na parte de trás do Palácio de Espelhos. Oro estava ao seu lado, os olhos fixos na fechadura de formato peculiar.

Isla respirou fundo antes de colocar a coroa no buraco. Cada ponta se encaixou no lugar devido. Ela virou, do jeito que faria com uma chave.

E abriu a porta.





AGRADECIMENTOS





Certa vez, aos doze anos, eu estava escrevendo livros no meu quarto e lendo agradecimentos como estes, na esperan?a de descobrir como ser publicada. Era meu único sonho. Um que persegui incansavelmente. Depois de centenas de rejei??es, finalmente escrevi Lightlark para mim. Era o lugar que eu queria visitar, a história que queria ler.

Teria permanecido só meu se n?o fosse por aqueles que viram seu potencial e mudaram a minha vida.

Alex Aster's Books