Lightlark (Lightlark, #1)(130)



Poppy agarrou seu punho.

— Vai voltar? Você conseguiu fugir. N?o seja tola.

Isla rosnou, se livrando do aperto de sua tutora.

— Eu posso ser uma tola, mas pelo menos tenho honra. Voltarei com poder para os Selvagens. Vou salvar este reino e Terra, mas depois… n?o quero ver nenhuma de vocês nunca mais.

Ela levantou os bra?os para o teto, suas duas longas espadas unidas acima da cabe?a.

E atravessou o portal.

No momento em que Isla pisou no Palácio de Espelhos, já estava correndo. As videiras controladas por Aurora reagiram em reflexo, tentando atacá-la de todos os lados, com espinhos e todo o resto.

Isla podia n?o ter poderes.

Mas, ao contrário dos outros governantes, estava acostumada a lutar sem eles.

Suas espadas cortaram o ar com um zunido quando ela afastou as laminas e girou em grandes círculos ao seu lado, na sua frente, em suas costas. E, onde quer que cortasse, plantas caíam ao seu redor.

Aurora havia roubado o poder de Isla… e, mesmo moribunda, a floresta encantada procurou proteger a governante Estelar. A natureza decadente criou guardi?es em resposta à amea?a de Isla, criaturas feitas de casca de árvores. Elas buscaram Isla através de aberturas no vidro, empunhando armas feitas de ossos e chifres de animais selvagens. Isla rugiu e atacou, lutando contra elas t?o ferozmente quanto qualquer inimigo, girando, movendo as laminas, protegendo-se dos espinhos e adagas de osso com metal.

O mundo ficou em silêncio. Cada passo era delicado como uma dan?a, cada movimento da lamina era um alvo, seus bra?os pulsando n?o com dor, mas com poder. Isla treinara todos os dias antes do Centenário, desde que era apenas uma crian?a. Ela n?o brincava com bonecas, mas com laminas. Ela n?o tran?ava os próprios cabelos, mas tecia videiras para fazer escudos.

Por um momento, ela sentia-se de volta à floresta Selvagem durante uma rara excurs?o de treinamento ao ar livre, Terra sentada no alto de uma árvore, observando os movimentos de Isla, a espada cortando o ar. As flechas atirando em alvos esculpidos nas árvores. Suas laminas de arremesso atingindo os alvos todas as vezes, de qualquer angulo.

E ela ouviu palmas, em algum lugar. Terra só costumava bater palmas quando Isla havia dominado uma técnica de luta. Uma que lhe renderia uma nova lamina para exibir na parede do quarto.

Mas as palmas n?o vinham de Terra.

As m?os de Aurora se tocaram e uma trepadeira fina perfurou o vidro, t?o fina que passou por entre as laminas de Isla.

E se enrolou em seu pesco?o.

Isla engasgou. Agarrou-se com for?a à vinha quando sua respira??o foi sufocada, espinhos cortando seu pesco?o, bem contra a laringe.

Aurora estava na frente dela, rindo. Batendo palmas mais uma vez. Divertindo-se.

— Você voltou? Você estava livre, passarinha. — Ela estalou a língua, subitamente desapontada. — E veio de volta para a gaiola.

Ela fechou o punho e a videira a apertou ainda mais, fazendo Isla cair de joelhos. Isla cortou sua raiz, se libertando, mas a parte enrolada em seu pesco?o permaneceu intacta.

Oro e Grim a observavam, ambos lutando contra suas amarras, os olhos arregalados de medo. Sangue escorria de suas testas, de seus membros. Aurora já havia cortado seus corpos mil vezes com aqueles espinhos. Parecia que Isla tinha interrompido a lenta tortura dos dois governantes.

Eles nem tiveram a chance de pará-la… n?o tinham tido acesso às suas po?as de poder antes que Aurora os roubasse, por culpa dela. Porque ela havia sugerido que eles se encontrassem no Palácio de Espelhos.

Ainda assim... havia uma vantagem em estar ali. Grim e Oro podiam estar presos, mas Aurora estava limitada apenas ao poder Selvagem. Para além desse lugar, seus novos poderes eram ilimitados. Ela poderia exercer as habilidades de todos os seis reinos. Ninguém na história tinha sido capaz de fazer isso antes.

Pior, ela n?o estava ligada a nenhuma das maldi??es, por ser sua criadora. Deixando o resto dos reinos fracos, fáceis de conquistar.

N?o. Aurora n?o podia deixar o Palácio de Espelhos.

Mesmo que isso significasse que Isla também n?o sairia.

Isla passou a lamina no ar em um piscar de olhos, direto no pesco?o. A videira que a sufocava tinha só dois centímetros de espessura. Um milímetro a mais e ela cortaria a própria garganta.

Mas as espadas de Isla eram parte dela. Sem nenhum poder para controlar, ela se concentrou exclusivamente nas armas durante toda a vida.

A videira caiu de seu pesco?o.

Ela disparou em dire??o a Aurora, as espadas levantadas. A governante Estelar enviou cascos de árvore através do vidro, formou espinhos de casca, lan?ou-os em dire??o a ela.

Isla cortou cada um deles. Ela era fluida como água. Precisa como um raio. Rápida como uma estrela cadente. Suas espadas moviam-se de forma aut?noma em um ritmo como o do sangue que pulsava em suas veias, com um tinir através da cúpula de vidro, ecoando entre cortes e estilha?os enquanto Aurora enviava mais for?as da floresta para detê-la.

Ao se aproximar, Isla sentiu as lágrimas quentes mancharem seu rosto. A maior trai??o n?o era de Grim. Nem de Terra e Poppy.

Era de Celeste. Que fingiu ser sua amiga. Sua irm?.

Isla era solitária. E Celeste havia se aproveitado de sua solid?o.

Ainda assim, mesmo depois de tudo, um canto trai?oeiro de seu cora??o ainda amava a amiga.

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