Lightlark (Lightlark, #1)(129)
— A adaga que você escolheu na loja Estelar. A que eu coloquei lá. Uma que eu encantei para nunca me ferir, caso você descobrisse minha trama. Claro que você escolheu aquela com uma serpente… Você é t?o previsível, passarinha. T?o fraca… t?o tola.
Aurora ergueu os bra?os e as videiras quebraram o vidro do Palácio de Espelhos, jogando estilha?os para todos os lados. Eles encheram a sala, contorcendo-se como serpentes, alcan?ando todos eles.
Oro e Grim foram sufocados na mesma hora. Esmagados contra o que sobrava da parede de vidro. Aurora acabaria com eles, mesmo com seus poderes drenados, apenas para destruir qualquer outra possível reivindica??o de autoridade. Isla sabia disso.
— Morta por suas próprias habilidades… — Aurora comentou, as m?os levantadas, pronta para derrubar Isla com tudo que a floresta tinha a oferecer. Ela fez uma pausa, por apenas um instante. — Eu gostava de você, Selvagem, mas todos os governantes devem morrer hoje. Outra vez.
Antes que Aurora pudesse enviar as videiras e raízes para acabar com ela, Isla estendeu a m?o para o topo de sua coluna, seu esconderijo favorito. Seus dedos envolveram algo que zumbia fracamente. Brilhava.
Os olhos de Aurora se arregalaram.
— Eu disse para você n?o trazer nada, idiota.
Isla sorriu maliciosamente.
— N?o sou boa em seguir regras, lembra?
Ent?o mergulhou em sua po?a de estrelas.
CAPíTULO CINQUENTA E QUATRO
AMALDI?OADA
Seu quarto estava exatamente como ela o havia deixado, embora o lado de fora estivesse estéril. Nenhuma árvore perto das janelas. Nem o verde da grama.
Ela caiu bruscamente, desabando sobre o piso de pedra, os joelhos latejando de dor.
Com a como??o, a porta se abriu. Assim como tinha acontecido três meses antes.
Poppy estava de roupas de dormir. Ao vê-la, a mulher gritou de alegria. Sua tutora correu para abra?á-la, os bra?os em volta de seu pesco?o. Ela cheirava a canela e sangue. Devia ter sido dia de se alimentar.
— Você conseguiu, passarinha! — exclamou Poppy. Devia ter presumido que a chegada antecipada de Isla significava que ela havia sido bem-sucedida com o plano delas. Cujo primeiro passo era seduzir o rei e roubar seus poderes para si.
E embora seu verdadeiro plano tivesse sido outro desde o início… Isla sup?s que tinha feito o que elas queriam também.
Isla n?o a abra?ou de volta. Finalmente, Poppy se afastou, e Isla disse:
— Você sabia. Vocês duas.
Poppy teve a coragem de parecer confusa. Isla trincou os dentes.
— Vocês sabiam que eu tinha poderes… n?o sabiam?
Celeste — Aurora — a chamou de um nome que apenas suas tutoras usavam. Passarinha. E foi nesse momento que Isla percebeu que a trama da Estelar exigiria ajuda. Gente de dentro.
— E foram vocês que mataram eles, né? — perguntou Isla.
Apenas Poppy e Terra tinham acesso a esses c?modos. Isla tinha conseguido todas as suas informa??es sobre Lightlark, seus pais e sua maldi??o através delas.
Mentiras.
E mentirosos.
A m?o de Poppy foi em dire??o à única lamina que ela carregava.
Isla empunhou a dela primeiro, uma que ela guardava embaixo de sua penteadeira.
— Por quê? — ela resmungou.
Poppy estava pálida.
— Fizemos isso por você. A governante Estelar nos deu uma escolha: matar sua m?e e o amante dela para que o poder deles fosse transferido para você a tempo do próximo Centenário, e criá-la para ser capaz de seduzir o rei um dia… ou mataria toda a linhagem Selvagem e destruiria o reino. Ela exigiu que te convencêssemos de que você tinha nascido sem habilidades… para que nunca tentasse usá-las. Disse que era perigoso, que a mistura de poderes poderia te matar.
Isla deu um passo à frente, apontando sua adaga para Poppy.
— Vocês mataram os meus pais — ela disse, o som das palavras mal deixando seus lábios. N?o as maldi??es. N?o o fato de sua m?e ter quebrado as regras. Elas. As pessoas em quem sua m?e mais confiava. A cabe?a de Isla estava pesada. Seus membros estavam fracos. Seu peito ainda latejava. — Eu deveria te matar — acrescentou antes de abrir a outra m?o, revelando o frasco de elixir de cura Selvagem. — Eu deveria deixar Terra apodrecer.
Ela bebeu a garrafa, esperando que continuasse funcionando nos próximos minutos, em ferimentos que ainda n?o havia sofrido.
Isla deixou cair a lamina.
— Mas tenho algo mais importante para fazer agora.
Isla passou por Poppy e foi até a parede de espadas. Correu para vestir sua armadura completa: ombreiras, botas de cano alto, peitoral, longas luvas de metal e, por fim, o capacete. Escolheu duas espadas.
Ent?o, abriu a po?a de estrelas mais uma vez.
Ela havia escapado de Lightlark. Estava segura, por enquanto. Podia fugir. Podia correr.
Ainda assim…
N?o podia deixá-los para trás.
Grim a traíra de todas as formas. Ele merecia a fúria de Aurora, uma morte lenta em suas m?os…
Mas Oro n?o. Ela se lembrou de suas palavras, ditas com sinceridade: Eu nunca menti para você, Isla. Nem uma vez. Ele era a única pessoa em quem ela podia confiar. O único que n?o a havia traído de verdade. Ela n?o o abandonaria.