Lightlark (Lightlark, #1)(133)



Isla esperava que o Etéreo tivesse finalmente conseguido ver seu marido uma última vez.

Azul nunca tinha sido um perigo, Oro estivera certo sobre isso. Isla sabia agora que ele estava simplesmente tentando impedir Aurora, desconfiado de Celeste.

Depois de duas semanas na escurid?o de seus aposentos, com as cortinas fechadas, ela finalmente se sentiu forte o suficiente para escovar o cabelo, se vestir e sair do quarto. Ela ficou na varanda, olhando para o reflexo do sol no mar, uma gema t?o dourada quanto o cora??o de Lightlark. O encantamento que tanto procuravam e que salvara todos eles. Salvara a ela mais de uma vez.

Ele guardava um poder inigualável.

E ela também.

Isla ainda n?o tinha tentado fazer uso de suas habilidades, a n?o ser ao dar um pouco de energia para o reino Selvagem. Nem sabia por onde come?ar. Estava preocupada com a possibilidade de que, se tentasse puxar apenas um fio de poder, acabaria desfazendo toda a costura e eles escorreriam dela em uma enxurrada destruidora.

Ent?o, Isla os deixou em paz. Mesmo sabendo que chegaria a hora em que precisariam ser libertados.

Grim voltou para Umbra, ferido. Traído.

Isla n?o podia ignorar o desespero quando ele retornou aos seus pensamentos. Ela n?o se permitia olhar muito de perto para as sombras em seu quarto. Colocava toalhas sobre os espelhos por seguran?a, sabendo que Umbras podiam usá-los para se comunicar. às vezes, tomava café tarde da noite em vez de cair em sonhos que agora reconhecia como memórias.

Especialmente desde que, cinco dias antes, ela ouvira uma voz ecoar em sua mente, pouco antes de abrir os olhos.

Lembre-se de nós, Cora??o. Lembre-se de tudo.

Você vai se lembrar.

E, quando o fizer,

Você vai voltar para mim.

A voz de Grim era t?o clara que era como se ele estivesse sentado em seu quarto. Na beirada da cama.

Só que, quando ela finalmente abriu os olhos, puxando as cobertas para a pele suada, o aposento estava vazio.

Com a maldi??o quebrada, Umbras seriam mais fortes do que nos últimos quinhentos anos. Engolindo em seco, ela se lembrou da demonstra??o de poder de Grim na chuva. Lembrou-se das palavras que fizeram calafrios percorrerem sua espinha… O mesmo acontecia agora, novamente, embora por um motivo diferente.

Eu poderia abrir um buraco negro que engoliria a praia inteira. Poderia tornar o mar escuro como tinta e matar tudo que há nele. Poderia demolir o castelo, tijolo por tijolo, de onde estamos. Eu poderia te levar de volta para as terras Umbras comigo agora mesmo.

Antes, ela havia pensado que aquelas palavras eram ele se gabando. Declarando seu amor.

Agora, pareciam amea?as.

Ela se apoiou no corrim?o, for?ada a se afastar de seus pensamentos quando o calor a inundou. Veio por trás dela.

Oro.

Os dois n?o se falavam desde que ele a ajudou a voltar para o castelo. Isla estava confusa e trêmula em seus bra?os, solu?ando, gritando, o olhar moribundo de Celeste gravado em sua mente. Ele havia deixado comida, chá, água, roupas confortáveis em sua porta, mas ela só a abria depois que ele já estava longe.

Seus ombros enrijeceram. Ela olhou para o mar agitando-se abaixo dela, cristas brancas e redemoinhos de safira.

— N?o está pensando em pular de novo, está?

Ela se virou e olhou para ele.

— Eu n?o pulei. Você me derrubou.

Seus olhos estavam sérios, mas seu tom era de falsa preocupa??o.

— Eu?

— Sim. Você e sua bisbilhotice.

Ele ergueu uma sobrancelha para ela.

— Eu te ouvi do meu quarto e saí para investigar. N?o chamaria isso de bisbilhotar.

Isla tentou sustentar seu olhar penetrante, mas enquanto observava seu rosto ela piscou. Nunca tinha visto Oro sob o sol.

Os olhos cor de ambar dele brilhavam tanto quanto o cora??o. Os cabelos eram fios de luz feitos de seda. Os contornos afiados de seu rosto estavam destacados contra o brilho. Sua pele brilhava.

As olheiras sob seus olhos haviam desaparecido. Suas bochechas pareciam muito menos pálidas. O azul-acinzentado havia desaparecido de suas fei??es.

Oro estava radiante.

Isla engoliu em seco.

— Você estava insuportável naquela noite — ela disse, suas palavras saindo sem qualquer malícia.

Oro deu um passo em dire??o a ela.

— Você também. Aparecendo para o jantar encharcada, com o cabelo pingando. E tudo que eu conseguia ouvir era a sua voz, ressoando na minha mente como uma maldi??o. Pensei que era de propósito, que você estava usando suas habilidades para me atrair, mas depois você ficou t?o mal-humorada que era impossível que esse fosse o seu plano. — Oro franziu a testa. — Quando você me contou seu segredo, eu… fui pego de surpresa. — Ele soltou uma risada sarcástica. — Por séculos, evitei qualquer tipo de conex?o. E quando pela primeira vez comecei a sentir algo… foi por uma Selvagem que nem estava tentando me seduzir.

Oro estava t?o perto que Isla teve que inclinar a cabe?a para encontrar seu olhar.

Por um momento, eles se encararam. Ele abriu a boca, depois a fechou. Ela fez o mesmo.

N?o sabia o que dizer.

— Isla — ele falou, seu nome t?o suave nos lábios dele. Ela viu suas próprias emo??es refletidas em seus olhos.

Estava se sentindo desorientada. Sem saber como aquilo aconteceu.

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