Lightlark (Lightlark, #1)(112)



Ela se abriu.

Isla o seguiu até uma sala alta como uma torre, grande como os aposentos do rei. Cheio de livros e objetos encantados em cada canto.

Uma biblioteca.

Isla mal respirava, mal se movia, torcendo para que seu cora??o trai?oeiro, batendo alto em seu peito, n?o a entregasse. Tudo o que ela viu eram livros. O desvinculador devia estar bem escondido. N?o que isso importasse agora.

Celeste estava à beira da morte. Isla n?o poderia usá-lo com ela naquele estado. E, mesmo que pudesse, o desvinculador n?o salvaria Terra. Só um poder inimaginável o faria. Apenas o poder prometido à pessoa que quebrasse todas as maldi??es seria capaz disso.

Oro caminhou até uma das prateleiras com seguran?a, como se tivesse feito isso inúmeras vezes antes. Ele pegou um livro e o abriu.

Palavras tinham sido registradas na página com tinta em uma língua antiga que Isla n?o entendia.

— Consegue ler isso? — ela perguntou.

Oro assentiu.

— Leia tudo — disse ela. — Tudo sobre o cora??o. Por favor.

Ele concordou, mas, em vez de olhar para a página, Oro a encarou.

— Antes disso, há algo que você deve saber, Selvagem. — Ele estava sério, sem divers?o ou maldade em sua express?o.

Seu est?mago afundou por instinto. Pronto para se decepcionar.

— Eu teria te contado no início, mas depois do que Grim te disse… Eu estava esperando que ele mesmo revelasse essa informa??o.

Ela engoliu em seco. Revelar o quê? O que poderia ser t?o importante?

— Estou supondo que ele nunca o fez — completou ele.

Isla apenas olhou para ele. Esperando.

— Meu ancestral, Horus Rey, e o de Grim, Cronan Malvere, criaram a ilha.

Ela assentiu. Já sabia disso.

— E um ancestral seu também.

Ela piscou. N?o. Isso n?o podia ser verdade. Isla colocou a m?o na mesa só para sentir firmeza. Selvagens nem eram mais aceitos na ilha… eles n?o ajudaram a criá-la.

— Isso n?o faz nenhum sentido.

— Lark Crown. Ela criou a terra em que pisamos. A ilha foi batizada com o nome dela.

Lark Crown. Isla n?o conhecia esse nome.

— Você está mentindo. Se isso fosse verdade, todos saberiam. N?o seria um segredo.

Os olhos de Oro ficaram sombrios.

— Eu nunca menti para você — disse ele. — E n?o era segredo, n?o por muito tempo. Até que, como grande parte do nosso conhecimento, se perdeu no tempo. Milhares de anos se passaram, Solares governaram por tanto tempo que quem criou a ilha foi esquecido, mas n?o por todos.

Oro estava falando sério. E Isla sabia que ele n?o tinha nada a ganhar com uma mentira assim.

Se isso era verdade, por que Grim n?o contou a ela quando eles conversaram sobre a cria??o da ilha? Ela se lembra da resposta de Oro depois que ela disse que Grim era o governante mais acessível.

N?o t?o acessível quanto você pensa.

Ela apertou os lábios. N?o, n?o era mentira. Agora ela entendia por que Oro queria fazer um acordo com ela. Por que ele ainda a tinha traído de verdade.

— é por isso que você precisava de mim — disse ela, com a voz muito tensa. — Para encontrar o cora??o.

A express?o de Oro n?o mudou quando ele assentiu.

— Só pode ser encontrado e libertado por um de nós três. Solar, Selvagem ou Umbra. Eu presumi… com nós dois juntos…

Somente unidos as maldi??es podem ser desfeitas.

Ele estava simplesmente seguindo a profecia. Uma parte dela murchou por dentro.

Todas as palavras de Oro tinham pontas e cortavam sua mente. Oro havia confirmado, semanas antes, que acreditava que o crime original tinha sido alguém usando o cora??o de Lightlark para lan?ar as maldi??es. Agora, ele alegava que apenas um Solar, Selvagem ou Umbra poderia acessar os poderes do cora??o.

O que significava que um de seus reinos as havia lan?ado.

N?o Cleo. Isso n?o fazia sentido…

A ancestral de Isla teria usado o cora??o para lan?ar as maldi??es? Ou o irm?o de Oro, o rei Egan?

Ou o falecido pai de Grim?

N?o. Tinha que ser Cleo.

Isla encarou atentamente o livro, embora pudesse sentir os olhos de Oro nela, estudando sua rea??o a esta nova informa??o.

— O que o livro diz? — ela perguntou entre os dentes, desejando que sua cabe?a parasse por um momento. Desejando n?o revelar nada.

Finalmente, os olhos de Oro deixaram seu rosto. E ele come?ou a ler.

Duas badaladas depois, Isla e Oro estavam sentados na biblioteca, curvados, incontáveis livros e um silêncio frustrado entre eles.

Os detalhes do livro eram escassos. Falavam de um cora??o com a habilidade pura e n?o filtrada de Solares, Selvagens e Umbras. Energia maior do que a deles, o tipo de poder que só existira havia milhares de anos.

O cora??o fica escondido até desabrochar e se tornar parte de Lightlark quando se faz mais necessário. Essa foi a tradu??o que Oro lhe ofereceu.

Quando Isla se levantou novamente, suas pernas estavam com c?ibras, e ela ficou surpresa ao ver a luz brilhando na barra das cortinas de Oro. Eles tinham passado horas lendo e n?o estavam nem um pouco mais perto do cora??o.

Mas Isla n?o perdeu a esperan?a.

Na verdade, ela estava mais esperan?osa do que nunca.

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