Lightlark (Lightlark, #1)(113)
— Esta é a chave para encontrá-lo — ela disse, apontando para os livros. — Eu sei que é.
Oro assentiu, mas seus olhos estavam mais cansados do que ela já vira antes. Olheiras roxas e cantos enrugados. Quando Isla sugeriu que descansassem um pouco antes de se encontrarem, ele recusou apenas uma vez. Ent?o, felizmente, ele cedeu.
Isla caminhou pelos corredores t?o silenciosa quanto um espectro, o castelo se abrindo e os dedos avermelhados do amanhecer espreitando pelas longas janelas descobertas. Ela estava longe dos aposentos de Oro. Longe do seu quarto.
Celeste surgiu assim que Isla entrou no c?modo onde Grim a havia escondido. Ela estava exatamente como em todas as outras noites em que Isla a tinha visitado. Ainda como uma estátua. Flutuando tranquilamente.
Lágrimas arderam nos cantos dos olhos de Isla. Desde o início, Celeste esteve determinada a encontrar o desvinculador, um plano para quebrar as maldi??es sem matar outro governante. Sem precisar de mais ninguém além delas mesmas.
Por tantas semanas, Isla o procurou.
Embora Celeste n?o pudesse ouvi-la, a voz de Isla tremeu quando ela finalmente disse: — Você estava certa, Cel. Sobre a biblioteca secreta.
Ela segurou as m?os da amiga, sabendo o qu?o animada ela ficaria se estivesse acordada. E foi quando que Isla notou que uma delas estava fechada em um punho. Como se Celeste estivesse lutando, logo antes do veneno tê-la parado.
N?o lutando, pensou Isla, enquanto cuidadosamente abria os dedos da amiga.
Enviando uma mensagem. Para Isla.
Havia algo no punho de Celeste, algo que ela havia conseguido segurar, para contar a Isla quem tinha feito isso com ela. Uma pista. Isla finalmente abriu a m?o pálida da Estelar.
E o anel de diamante que ela dera a Azul caiu no ch?o.
CAPíTULO QUARENTA E NOVE
DIAMANTE
Azul havia envenenado Celeste. Ele n?o era o alegre e atormentado governante que encantara Isla com sua música. Era um líder calculista com um plano em a??o.
Isla se lembrou da conversa que ouvira, muitas semanas atrás. Oro estava brigando com Azul sobre uma estratégia para acabar com um dos reinos. O rei garantiu a Isla que ela estava segura. Ela havia presumido na época que Azul tinha a inten??o de destruir o reino Lunar.
Agora ela percebia que ele devia estar falando sobre o reino Estelar. Celeste. Pior, Isla nem mesmo contara à amiga sobre a conversa que tinha ouvido. Depois que sua melhor amiga passou a ser a dupla do Etéreo, Isla deveria pelo menos tê-la advertido, mas estava muito concentrada na trai??o de Oro. Em si mesma, sempre em si mesma.
Como ela n?o havia considerado a possibilidade de que Azul pudesse estar visando a Estelar?
Mas por quê?
Qual era o plano dele?
Tantas perguntas, tantas pe?as que n?o faziam sentido. Toda vez que pensava que tinha certeza de algo, a verdade mudava e se dispersava, mas n?o por muito tempo.
Isla lembrou-se do que o oráculo havia dito.
Você… tem muitas perguntas. Há tantas coisas que eu poderia dizer… embora n?o devesse.
Tudo será revelado em breve.
Isla estava no Palácio de Espelhos, a coluna ereta. Folhas mortas sopravam pregui?osamente a seus pés, o vento entrando por uma rachadura no vidro. Estava de frente para a grande escadaria que levava a c?modos que antes ficavam cheios, e agora estavam vazios. Teias de aranha e espelhos rachados em vez de risadas e música.
Quase podia ouvi-los, suas vozes t?o doces quanto a dela, enquanto levava a m?o ao seu pesco?o, ao diamante negro gigante que pendia contra sua garganta, e o puxava.
Um minuto se passou. Seu poder n?o funcionava no Palácio de Espelhos. Ele teria que aparecer nas margens da floresta na Ilha Selvagem e chegar até ela a pé.
A porta se abriu com tanta for?a que parecia prestes a se quebrar, e Isla se virou para encontrar Grim, correndo, frenético.
Seus olhos estavam arregalados, cheios de medo. Sua respira??o era selvagem. Ele carregava uma espada.
Grim estava na frente dela em um instante.
— Cora??o, você está ferida? — Suas m?os gigantes cobriram ambos os lados de seu rosto, os polegares nos cantos de seus lábios, analisando-a em busca de alguma les?o. Ele olhou para Isla como se ela n?o fosse feita de sangue e osso, mas de gelo e névoa, a um momento de desaparecer… ofegante pela corrida…
— Estou bem.
Notando seu tom, ele baixou as m?os.
N?o havia necessidade de contornar a raz?o pela qual ela o havia chamado aqui.
— Por que você n?o me disse que uma Selvagem criou a ilha com um Solar e um Umbra?
Sua express?o n?o se alterou, n?o do jeito que ela havia imaginado. Por um momento, tudo o que ele fez foi observá-la.
Enfim, Grim disse:
— Algumas coisas é melhor descobrirmos por nós mesmos. — Seu olhar era firme. — Há muitas coisas que outros me disseram que eu teria preferido ter aprendido sozinho. No meu tempo. Quando eu pudesse compreender tudo melhor.
Que coisas?, ela queria perguntar, mas Isla se manteve focada.
— Você nunca ia me contar?
— Em algum momento, claro. Eu te trouxe aqui… respondi as suas perguntas… mas n?o queria jogar tudo de uma vez em cima de você. — Ele balan?ou a cabe?a. — Você tinha acabado de chegar a um lugar novo, sem saber de muita coisa. Foi for?ada a carregar o fardo das maldi??es, a representar todo o seu reino. Sem poderes. Você estava apavorada. Eu n?o podia piorar aquilo tudo. N?o queria.