Lightlark (Lightlark, #1)(7)



Isla franziu a testa.

— Isso é resistente?

Parecia que a varanda poderia quebrar a qualquer momento, ou que o próprio castelo poderia simplesmente deslizar do penhasco durante uma tempestade.

— Tanto quanto o próprio rei, suponho.

Certo. Isla tinha aprendido isso em suas aulas. O rei de Lightlark n?o só controlava seu poder — ele era o poder. Se algo acontecesse com ele, toda aquela terra iria desmoronar, cada um dos reinos de Lightlark. Era por isso que ele agia com tanto cuidado. N?o por medo de ser morto, mas por medo de alguém roubar esse terrível poder.

Outra semelhan?a. Isla também n?o podia se apaixonar.

Bem, ela podia, mas todos viviam com medo de que um Selvagem se apaixonasse por eles. A maldi??o fez do amor uma senten?a de morte.

N?o era bem um terreno fértil para romance, é preciso admitir.

Nunca fora um problema, na vida relativamente curta e t?o contida de Isla. Por outro lado… Qu?o cruel seria um rei que temia se apaixonar havia mais de quinhentos anos?

Ela logo descobriria.

— O jantar é às oito badaladas — disse a garota Estelar antes de come?ar a ati?ar o fogo já alto que queimava na lareira em frente à sua cama.

— Está quente o suficiente — disse Isla. — N?o se incomode.

A garota continuou, movendo os carv?es como se já tivesse feito isso milhares de vezes.

— O rei deu ordens estritas para que as lareiras permane?am constantemente acesas.

Que ordem estranha, pensou Isla. Mas, antes que ela pudesse perguntar o motivo, a garota Estelar já estava do outro lado do c?modo. Ela se curvou uma vez antes de fechar a porta às pressas.

Isla estava terminando de inspecionar seu banheiro, mais espa?oso até do que o de sua casa, com uma banheira que era quase uma piscina, quando uma batida soou em sua porta.

Ela abriu com cuidado.

E encontrou Celeste ali parada.

Isla imediatamente jogou os bra?os ao redor da governante Estelar. Elas pularam em círculos apertados, se abra?ando e rindo. Isla chutou a porta para fechá-la e evitar que o som ecoasse pelo corredor.

A garota ergueu uma sobrancelha.

— Celeste, n?o é? — ela disse, fazendo uma imita??o surpreendentemente boa e pouco lisonjeira de Isla, depois inclinou a cabe?a prateada para trás e riu.

O sorriso de Isla ficou tenso, imaginando se n?o tinha sido convincente o suficiente.

— Você acha que eles...

— Eles n?o suspeitam de nada — Celeste interrompeu. Ela estalou a língua e estendeu a m?o para puxar uma mecha do cabelo de Isla. — Achei que você fosse cortar.

Isla suspirou.

— Eu tentei. Mas foi só olhar para a tesoura, e Poppy quase me esfaqueou com ela. Confiscou todos os conjuntos de tesouras dos meus aposentos.

— Confiscou? — Celeste ergueu uma sobrancelha. — Preciso lembrar que você é a governante do seu reino?

Isla riu sem humor. Ela se virou para ir até os fundos de seus aposentos, e a m?o de Celeste foi direto em suas costas.

— Você trouxe?

Ela viu seu reflexo no espelho. Algo ao longo de suas costas brilhava levemente — deve ter sido a presen?a de Celeste. Ela xingou, esperando que ninguém mais tivesse notado, e puxou a varinha estelar para fora da roupa.

— Eu n?o poderia deixá-la para trás.

Celeste franziu a testa.

— é arriscado. Esconda bem.

Ela estava certa. Se alguém descobrisse que Isla tinha aquele encantamento, a alian?a secreta entre as duas estaria amea?ada.

Isla havia encontrado a varinha estelar nas coisas de sua m?e, cinco anos antes. Mais desesperada por liberdade do que com medo de ser transportada para algum lugar perigoso, Isla viajou pelas terras novas dos reinos por meses antes de finalmente conhecer Celeste. Aquela foi a primeira vez em que se encontraram.

Celeste imediatamente reconheceu a varinha como uma antiga relíquia Estelar. Isla n?o fazia ideia de como sua m?e colocara as m?os nela antes de morrer. E, como a família de Celeste havia morrido muito tempo antes, gra?as à maldi??o que condenava todos em seu reino a morrer aos vinte e cinco anos, ela também n?o sabia.

Embora pertencesse ao reino Estelar, Celeste nunca havia pedido o artefato de volta. Isso marcou o início da amizade das duas governantes, suas terras separadas por centenas de quil?metros, e uma coisa em comum: ambas precisavam desesperadamente quebrar as maldi??es neste Centenário.

Para Celeste, quebrar sua maldi??o era a diferen?a entre a vida ou a morte. N?o só para ela, mas para todo o seu povo.

Para Isla... as coisas eram ainda mais complicadas. Ninguém tinha percebido o quanto seu reino havia encolhido. Muito mais Selvagens tinham morrido do que nascido, e seus poderes ficavam mais fracos a cada gera??o. As florestas encolheram, animais e plantas haviam sido extintos. No ritmo em que suas terras e seu povo estavam se deteriorando, n?o haveria nenhum Selvagem vivo no próximo Centenário.

Isla nunca concordou com o plano de Poppy e Terra. Era muito complexo. Muito degradante.

Ent?o, ela havia criado uma nova estratégia com Celeste.

— Tenho que ir — disse a amiga depois de avaliar completamente o quarto de Isla. — Só para constar, seus aposentos s?o melhores que os meus. Embora meu quarto n?o esteja em um canto t?o antigo do castelo.

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