Lightlark (Lightlark, #1)(73)



O que ela estava fazendo?

O que ele estava fazendo?

Ele deve ter sentido todas as suas emo??es, o medo combinado com a confus?o e desejo e vergonha. Porque ele disse: — Vamos voltar para o castelo.

E toda a escurid?o e sombras caíram aos seus pés antes de serem lavados pela chuva.





CAPíTULO TRINTA


ESPECTRO





Na quadragésima terceira noite do Centenário, o rei enfim bateu a sua porta novamente.

Ela abriu e o olhou de cima a baixo.

— Faz oito dias — disse ela.

Ele estava inexpressivo.

— Demorou cinco para encontrá-la. Dois para persuadi-la para fora do esconderijo. Um para fazer um acordo.

Isla o encarou, pensando se podia confiar nele. Pensando se ao menos tinha escolha. Ela havia passado os últimos dias tentando encontrar outra maneira de entrar na biblioteca da Ilha do Sol, sem sucesso.

Parte dela considerou simplesmente entrar, sem um convite, sem disfarce, deixando que o rei tirasse suas próprias conclus?es. Ela havia proposto esse plano para Celeste, que havia respondido um dia depois, com más notícias.

A biblioteca da Ilha do Sol é fortemente vigiada e monitorada, ela disse depois de perguntar por aí. Também está sempre cheia. Seria impossível procurar pelo desvinculador sem ser notada.

Ela precisava que o rei concedesse um convite n?o monitorado. O que significava ganhar sua confian?a.

Ent?o ela aceitou a explica??o e o seguiu até o próximo local de busca.

A Ilha da Estrela era prateada. O ch?o brilhava com poeira cósmica. As árvores eram magras e tortas, transformando-se em espirais, minúsculas folhas brilhantes crescendo até mesmo dos troncos. O castelo era uma monstruosidade com arcos intermináveis, joias brilhantes enfiadas na própria pedra, como se estrelas tivessem sido roubadas e usadas para fortificar o palácio, presas na pedra até que pudessem voar para casa. Celeste uma vez disse que, para os Estelares, as estrelas pareciam mais brilhantes do que para todos os outros, como milh?es de luas, ou frutos brilhantes prontos para a colheita. Só eles podiam ver qu?o forte elas realmente brilhavam.

Os Estelares manipulavam a energia das estrelas, concentravam um poder t?o luminoso e brilhante que outrora eram capazes de fazer edifícios tombarem, empurrar corpos sem tocá-los e estilha?ar todas as janelas de um palácio. Agora, com a maldi??o, os mestres Estelares já nem existiam.

A ilha estava brilhando, linda, mas em ruínas. Ao contrário da Ilha do Céu, administrada por seu povo e seus representantes, ou a Ilha da Lua, administrada pela rígida Cleo e seus nobres severos, essas terras estavam descuidadas. Cobertas de vegeta??o. Era uma surpresa o castelo ainda estar de pé. Todas as outras estruturas pareciam instáveis ou já estavam parcialmente destruídas.

Ela sup?s que era isso o que acontecia quando um reino inteiro morria antes dos vinte e cinco anos. Seu governo era quase inexistente, dirigido por nobres que eram praticamente crian?as quando morriam.

Uma pena, pensou Isla, enquanto caminhava pela Ilha da Estrela. Algo sobre o reino a deslumbrava, cada coisa viva revestida por uma luz brilhante, como se alguém tivesse mergulhado a m?o dentro de uma estrela e manchado toda a terra com seu brilho prateado.

Um pássaro que parecia feito de metal brilhante estava sentado em uma árvore próxima, sob um cacho de nozes prateadas. Uma cobra metálica rastejou ao longo de um galho, suas escamas como cota de malha. Eles caminharam por minutos pela floresta estranhamente colorida antes de encontrar um riacho, a água prateada sob o luar.

A pele de Isla ficou arrepiada, n?o apenas por causa do frio, mas pelo nervosismo. Eles estavam prestes a conhecer uma das criaturas antigas. Aquelas sobre as quais Oro a tinha lhe alertado.

— Fa?a o que eu digo — ele havia falado. — Eles s?o trapaceiros. Alguns mais violentos do que outros. Alguns v?o comê-la no jantar e palitar os dentes com seus ossos. Outros s?o mais intrigantes do que assassinos. Eles s?o t?o antigos quanto a própria ilha.

O rei havia prometido que aquela noite n?o tentaria matá-la. Ele tinha se certificado disso durante seu último encontro com ela, na noite anterior, mas Isla ainda estava apreensiva. Tinha que haver uma raz?o para esse n?o ter sido o primeiro plano de Oro.

As árvores acabaram de repente, revelando uma constru??o antiga, cheia de arcos e colunas. As janelas haviam sido arrancadas fazia muito tempo; partes das escadas tinham caído. Raízes e vinhas prateadas adentravam a constru??o, enrolando-se ao redor dos pilares, dentro e fora da entrada, em torno da base, depois de volta para a floresta, como se estivessem tentando desesperadamente impedir que tudo fosse embora.

Oro subiu as escadas de dois em dois degraus, tomando cuidado para evitar os que havia muito tinham virado pó. Isla o seguiu e, uma vez lá dentro, viu o quanto a floresta tinha tomado conta. O teto era alto e abobadado, quebrado em cacos e coberto de folhas. árvores cresceram nas laterais das colunas interiores e espinheiros cobriam as paredes. Plantas menores brotavam entre as pedras do ch?o, algumas ostentando flores, outras brotando frutos prateados que pareciam sinos, espinhos grossos entre eles. Eram muito menores do que os que a perfuraram, mas até mesmo olhar para eles fez seu est?mago revirar.

Oro pegou um daqueles espinhos e espetou a palma da m?o com ele. A gota de sangue que se formou pingou no ch?o.

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