Lightlark (Lightlark, #1)(74)



E uma mulher saiu da parede. Ela usava um vestido simples que flutuava ao seu redor, assim como seu cabelo, ambos suspensos como se ela estivesse embaixo d’água. Seu corpo era prateado e levemente transparente.

Um espectro.

Esta era a criatura antiga? Um fantasma?

— Meu rei… Você voltou para mim — ela disse, sua voz como um sino dos ventos.

A temperatura caiu de repente. Quando Isla expirou pela boca, espantada, uma nuvem soprou de seus lábios.

O espectro virou-se bruscamente para encará-la. Seu sorriso aumentou.

— E você me trouxe um presente.

— N?o é um presente — Oro disse. — Mas, sim, o que você pediu.

Isla deu um passo para trás.

— Pediu? — ela disse, trope?ando em uma videira. Ela mal conseguiu se segurar antes de cair.

Era esse o novo plano dele? Iria trocá-la pelo cora??o?

O espectro se aproximou rapidamente, o cabelo movendo-se como um chicote atrás da cabe?a.

— Ah, sim… exatamente como solicitei. Como você foi capaz de encontrá-la em t?o pouco tempo? Nunca vi um rosto assim. — Ela franziu a testa. — As roupas n?o a fazem jus, mas vejo a sugest?o de uma boa aparência…

Isla puxou sua nova adaga da cintura e a empunhou.

— N?o dê mais um… — ela disse, olhando para baixo e sem ver pés.

A cabe?a do espectro caiu para trás em um angulo horrível enquanto ela ria.

— Esse metal nem me tocaria, garota. — Ela estreitou os olhos leitosos para Isla e disse: — Agora dê um nó nessa camisa. Quero examinar o corpo que vou vestir.

— Vestir? — Isla virou-se para Oro, que parecia contente em assistir.

Ele suspirou.

— é só por alguns segundos.

O espectro fez beicinho.

— Eu esperava que tivesse mudado de ideia sobre isso.

Isla estava prestes a enfiar a lamina em Oro.

— Você tem um segundo para explicar antes que eu saia correndo deste lugar gritando e nunca mais fale com você — ela disse por entre os dentes. Ele, de forma conveniente, n?o tinha mencionado nada disso no caminho.

Sua express?o estava entediada.

— O pre?o do espectro por nos ajudar é possuir um corpo por alguns momentos.

Sua m?o apertou o cabo da faca.

— Por que n?o o seu?

— Eu ofereci, mas ela pediu… algo específico.

O espectro estava subitamente ao seu lado.

— A garota mais bonita da ilha, foi o que eu pedi. — Ela estendeu um dedo prateado, querendo tocar a bochecha de Isla. — E você é perfeita.

— Sem chance — disse Isla, dando um passo para trás. — Como vou saber que ela n?o vai querer ficar? Que você n?o está apaixonado por ela e só quer um corpo para ela habitar por toda a eternidade?

Oro a encarou na mesma hora em que o espectro se virou para olhá-lo de uma maneira que dizia a Isla que era exatamente o que ela estava esperando.

— E ent?o? — Isla perguntou.

— Você confia em mim?

— N?o! Você nem me contou sobre isso até invocá-la!

Mas isso n?o era totalmente verdade. Ela confiava nele, pelo menos um pouco, depois de tudo que já haviam passado.

A raiva queimou em seu peito. Era este o acordo que ele tinha feito com a criatura antiga?

Oro suspirou.

— O que você quer em troca?

Nada! Ela queria gritar na cara dele, mas seu cora??o come?ou a bater mais rápido, fazendo uma pequena dan?a em seu peito. Esta era sua chance.

Este era o momento que ela estava esperando.

Ela estava t?o animada, t?o nervosa, que n?o se incomodou em disfar?ar seu pedido.

— Leve-me à biblioteca da Ilha do Sol — foi tudo o que ela disse. — Deixe que eu veja o que há lá dentro. Sozinha.

Oro franziu a testa.

— Por quê?

Isla se endireitou.

— Eu gosto de livros. Eu quero ver o que sua ilha tem a oferecer — ela disse casualmente. Ent?o, para desviar a aten??o do pedido aleatório, acrescentou: — Solares leem, n?o leem? Ou preferem passar o tempo franzindo a testa, de mau humor e queimando coisas como seu governante?

Isso deu resultado. Ele olhou para ela como se quisesse jogá-la do penhasco mais próximo, mas finalmente concordou: — Tudo bem.

Algo frio mergulhou em seu peito.

Ele a tinha esfaqueado. Esse foi seu primeiro pensamento enquanto sua mente se escurecia e ela se foi para muito, muito longe.

Ela estava suspensa, sem peso, um sussurro na noite. Livre e amarrada, solta e presa. Dan?ando. Caindo.

— Já está bom — disse o rei.

Ela engasgou.

Isla piscou. Oro piscou de volta, a um centímetro de distancia. Seu corpo estava pressionado firmemente junto ao dele, seus dedos entrela?ados em seus cabelos dourados, e os lábios dela quase nos dele. Ele n?o a estava segurando, mas ela estava agarrada a ele.

Ela se assustou e provavelmente teria caído para trás e quebrado a cabe?a na pedra se ele n?o a tivesse segurado.

Um verdadeiro Selvagem n?o ficaria t?o perturbado com a proximidade do rei, mas Isla n?o tinha uma longa lista de conquistas como as orgulhosas sedutoras de seu reino.

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