Lightlark (Lightlark, #1)(77)



N?o havia tempo para pondera??es. Ela procurou por qualquer coisa fora do lugar, qualquer coisa que parecesse especial.

No fim do corredor havia uma lareira, grande o suficiente para engoli-la inteira. As chamas dentro crepitavam, quase como um aceno.

Ela parou na frente dela.

A se??o restrita dos Etéreos ficava no topo da torre, bem alto no céu. A dos Lunares ficava coberta de água.

Talvez a se??o restrita dos Solares estivesse escondida nas chamas.

Antes que ela pudesse pensar melhor, Isla estendeu uma luva para o fogo, sabendo que ela poderia muito bem derreter. Preparou-se para a dor e o cheiro de camadas de carne queimando.

Isso n?o aconteceu. O fogo desapareceu imediatamente e ela entrou na boca da lareira. Pressionou a outra m?o na parede de pedra. E observou o tijolo cair.

Seu peito estava muito apertado. A garganta muito seca.

Era isso. A última biblioteca. O último lugar para procurar.

E entrou.

Os Solares tinham mais relíquias do que qualquer um dos outros reinos juntos. Havia prateleiras delas, guardadas na quase escurid?o.

Isla n?o perdeu tempo.

Foi minuciosa. Pegou todos os encantamentos no c?modo. Segurou por alguns segundos. Separou alguns, certificando-se de que nada estava escondido dentro. Havia dezenas.

Nenhum deles parecia uma agulha gigante.

Nenhum, além de algumas espadas, tinha pelo menos uma ponta.

N?o. De jeito nenhum. Elas vasculharam todas as bibliotecas de Lightlark. O texto dizia…

Dizia que o desvinculador estava em uma biblioteca séculos atrás.

Tempo mais do que suficiente para ter desaparecido.

Ou ter sido destruído.

Ou talvez… nunca tivesse existido.

Seu peito se encheu de fúria, depois preocupa??o e depois tristeza. Celeste e Isla haviam planejado isso por anos. Esta era a maneira de quebrar as maldi??es. Esta era a chave para a liberdade.

Este era o plano que garantiria que ela estaria fora da ilha antes do quinquagésimo dia.

Agora, faltavam apenas três dias para o baile.

E n?o havia um desvinculador.





CAPíTULO TRINTA E DOIS


EM SEGUIDA





Celeste recebeu a notícia surpreendentemente bem.

A Estelar andou de um lado para o outro por alguns minutos antes de dizer: — Deve ser outra biblioteca, ent?o.

Isla amava a amiga, mas, naquele momento, sentiu vontade de sacudi-la pelos ombros.

N?o havia outra biblioteca. N?o havia um desvinculador.

— Precisamos pensar em outro plano — disse Isla. — Este falhou. Procuramos em todas as bibliotecas, em cada ilha. O quinquagésimo dia está chegando.

A Estelar balan?ou a cabe?a.

— Exatamente. O Centenário está só na metade. Temos tempo para encontrar a biblioteca. Nós…

— Eu n?o tenho tempo — Isla gritou, interrompendo-a.

Celeste ficou tensa. Isla nunca tinha levantado a voz para ela, mas as palavras a inundaram. Isla engoliu em seco, e deixou seu tom mais gentil.

— N?o tenho tempo — ela repetiu. — Cleo quer me matar. E, depois do baile, ela vai fazer isso.

Celeste franziu a testa, agarrou suas m?os.

— Eu sei, eu sei — disse ela. — Mas eu n?o te protegi da última vez? Com os nobres?

Isla suspirou.

— é claro, mas você mesma disse isso. N?o pode me proteger de todos. E n?o sei se Cleo é a única que quer me matar.

A amiga insistiu em continuar a busca pelo desvinculador, mas Isla estava decidida.

Elas precisavam de outro plano.

E ela sabia exatamente onde encontrá-lo.

Isla o encontrou na frente de uma janela no castelo do Continente. Estava olhando para a lua, como se olhar para ela com bastante vontade pudesse transformá-la em sol.

A postura do rei ficou tensa quando ela entrou, mas ele permaneceu imóvel. Mesmo quando ela atravessou a sala e parou ao seu lado, os olhos permaneceram fixos na janela.

Era evidente que ela seria a primeira a falar.

— Obrigada — come?ou. — Por permitir meu acesso.

Ele olhou para a frente.

— Você mesma disse. N?o precisava da minha permiss?o.

Ambos sabiam que n?o era verdade. Se o rei n?o a quisesse em sua ilha ou em sua biblioteca, poderia tê-la impedido. O silêncio se estendeu, segundos trope?ando em si mesmos.

— Encontrou o que procurava? — ele finalmente perguntou. Só ent?o a olhou.

— N?o — respondeu bruscamente, e ele se voltou para a janela.

Mais momentos se passaram como cambalhotas.

— E você? — ela sussurrou.

Fazia cinco dias desde que tinham se visto. Tempo mais que suficiente para ter procurado outra criatura antiga para obter ajuda. Se de alguma forma ele tivesse encontrado o cora??o sem ela, Isla n?o teria outro plano. Sua única esperan?a era que Oro a aceitasse de volta. Que honrasse os termos de seu acordo novamente. Ela teria sua prote??o depois do baile, e uma chance de salvar a si mesma e a Celeste.

— N?o — disse ele. O alívio tinha um gosto doce em sua língua.

— Bom. — Ela virou-se para encará-lo. Oro se virou também. — O que faremos agora?



Alex Aster's Books