Lightlark (Lightlark, #1)(78)



CAPíTULO TRINTA E TRêS


O BAILE





Na metade do Centenário, no exato quinquagésimo dia, o Baile Betwixt acontecia. Era o evento do século em Lightlark, uma bela desculpa para uma festa que pretendia confundir a ansiedade e a angústia do Centenário com bebidas borbulhantes, vestidos feitos de seda de aranha e um banquete que celebrava cada uma das ilhas.

Também marcava um ponto de virada nos jogos. à meia-noite, matar passava a ser permitido.

Suas tutoras tinham criado um traje específico para o baile. Folhas delicadas espalhadas pelo peito e pela barriga, deixando a pele exposta na regi?o das costelas. As folhas verdes continuavam até os quadris, logo após o início das coxas. Abaixo havia pouca coisa, uma ou outra folha costurada no caimento do tecido. A capa era verde-escura e oferecia pelo menos algum tipo de modéstia.

Também escondia suas armas. Estrelas de arremesso disfar?adas como broches. Laminas escondidas nas dobras do tecido. Cota de malha costurada no tecido, fazendo com que a capa também fosse um escudo.

Ela sabia o qu?o inútil tudo isso seria contra um governante determinado a assassiná-la naquela noite, mas ela se recusava a morrer sem lutar. Mesmo que isso a incomodasse, teria que confiar que Oro honraria sua promessa. Eles estavam prontos para procurar a próxima criatura antiga, uma que o rei havia prometido que definitivamente tentaria matá-la, na noite seguinte.

Uma batida soou a sua porta. Ella.

— Está tudo pronto — disse ela. Isla sabia exatamente o que esperar. No entanto, seus dedos tremiam enquanto caminhava pelos corredores, seguida por servi?ais que carregavam cestas de pétalas de rosas vermelhas, folhas esmagadas e flores silvestres recém-colhidas.

Logo ela chegou diante das portas duplas, e Ella a deixou. Coluna ereta, queixo erguido.

As portas se abriram e Isla perdeu o f?lego.

O sal?o de baile tinha seis grandes escadarias, uma para cada governante. Ela encontrou o olhar de Celeste do outro lado do sal?o. Sua amiga parecia determinada, olhando através da brilhante máscara de baile para dentro do lado sombrio e sangrento daquele baile. Na manh? seguinte, um deles poderia estar morto.

Tinham se passado vinte e cinco dias desde que as duplas de governantes foram escolhidas, com a tarefa de desvendar todos os aspectos da profecia. Quem sabia se alguém havia descoberto o crime que precisava ser cometido novamente, e agora só precisava de um governante para morrer?

Ela pensou nas palavras do rei na floresta. Ele alegou que o motivo de as maldi??es n?o terem sido quebradas n?o era a dificuldade de matar outro governante, mas sim escolher o governante e o reino certos para morrer.

A tentativa de assassinato de Cleo negou tudo o que ele havia dito sobre ela e os jogos. Isla avistou a Lunar, no topo de sua própria escadaria. A raiva se aninhou em seu est?mago. Era a primeira vez que ela via Cleo desde a tentativa de assassinato.

A raiva foi rapidamente substituída por uma satisfa??o sombria. N?o aconteceu da maneira que você planejou, n?o é?, seu sorriso disse enquanto encarava a Lunar do outro lado da sala. A governante encontrou seu olhar, mas n?o havia triunfo nele. Ou qualquer coisa, na verdade. Seu rosto era um mistério, n?o revelava nada.

A neve caía como len?óis das nuvens que enchiam o teto de vidro, sombras dan?avam ao longo das paredes, árvores cresciam do ch?o de mármore, poeira estelar prateada manchava como tinta as escadas e dezenas de anéis de fogo pairavam sobre suas cabe?as.

Isla sabia exatamente o que esperar.

Mas ainda era magnífico.

Os governantes come?aram sua descida coordenada.

Nobres de Lightlark e, no caso dos Etéreos, representantes aguardavam abaixo. Muitos encararam seu vestido. Alguns sussurravam e sorriam uns para os outros atrás de hélices ornamentadas, como se fofocando sobre seu assassinato iminente. Moedas tilintavam enquanto eram trocadas entre as m?os. Eram apostas sobre a morte dos governantes?

Alguns Lunares a olhavam com evidente malícia. Quem sabe os nobres que ela e Celeste mataram eram seus amigos. Ou família.

Isla os encarou e torceu para que a temessem.

Assim que seu calcanhar atingiu o piso de mármore, um único homem corajoso separou-se da multid?o. Um Estelar de terno prateado. Outros nobres ficaram boquiabertos com sua tolice. Ele abaixou a cabe?a e ofereceu a m?o.

— Posso ter a honra? — ele perguntou.

Normalmente, Isla recusaria. Já se sentia no limite e fora dos eixos, a neve e a luz das estrelas que se espalhava, e chamas brilhantes em cada canto de sua vis?o.

Mas era importante que ela n?o parecesse afetada pela perspectiva de a primeira regra expirar à meia-noite. O medo só faria dela um alvo mais fácil.

Isla pegou a m?o do Estelar, e ele a levou imediatamente para o centro do sal?o de baile. Poppy havia ensinado a ela todas as dan?as tradicionais. Ela seguia os passos sem esfor?o, t?o facilmente quanto girava suas facas nas m?os, e o Estelar continuou, girando-a perfeitamente, mantendo a m?o firme na parte inferior de suas costas e os pés longe dos dela.

A música mudou, e ela se viu com outro parceiro de dan?a. Depois outro. Outro. Celeste estava perto, dan?ando com tantas pessoas quanto ela, tendo mais sucesso em fingir que estava se divertindo.

Cleo estava sentada em um dos cantos da sala, cercada por nobres Lunares.

Alex Aster's Books