Lightlark (Lightlark, #1)(81)
— Eu sei.
Dois de seus dedos pressionaram a corrente, o pesco?o de Isa, e o colar ficou invisível.
Ela olhou para ele. N?o sabia o que dizer, queria agradecer… mas as palavras se formaram e se desfizeram em sua garganta.
Grim estendeu a m?o para ela novamente, e todo seu controle foi embora. Ele passou os dedos por sua bochecha, pelo colar, as clavículas. Até o centro do peito de Isla.
— Devoradora de Cora??es — disse gentilmente. — Você n?o quer saber o que estou pensando.
O corpo dela ficou tenso em expectativa, como uma flecha prestes a cortar o ar. Ela queria a m?o dele mais para baixo, mais para o alto, em todos os lugares…
Mas, em vez disso, ele se afastou.
Ele n?o a tocou novamente durante a caminhada silenciosa de volta ao sal?o de baile. Ela queria dizer alguma coisa, fazer alguma coisa, dizer a ele…
Quando ela abriu a boca, ele já estava falando.
— Eu preciso ir — ele disse, olhando por cima do ombro dela. Estava olhando para alguém? Quase parecia nervoso. Cauteloso.
Por quê?
— Vai embora? — ela perguntou, franzindo a testa.
— N?o se preocupe, Devoradora de Cora??es — ele disse. — Estarei de volta antes da meia-noite.
Seu olhar foi até o canto da sala onde os Solares se reuniram, Oro no centro, como um sol ao redor do qual todos giravam.
— Enquanto isso… talvez você devesse dan?ar com o rei — ele disse.
Oro? Isla franziu a testa. Grim tinha acabado de passar as m?os pelo corpo dela. Ele a presenteou com um colar. Por que sugeriria que ela dan?asse com alguém? Especialmente seu inimigo.
N?o fazia sentido, mas, antes que ela pudesse perguntar qualquer coisa, ele partiu.
Isla se virou, de volta à festa, um pouco atordoada. Passou um dedo pela corrente de seu colar, invisível para todos os outros. Era como mais um segredo.
Um que ela realmente gostava de manter.
— Aí está você. — Celeste parou casualmente para o lado dela, fingindo observar a mesa de sobremesas nas proximidades. — Meia hora até a meia-noite. O que vai ser? Lutar ou se esconder?
As regras exigiam que participassem de todos os eventos de Lightlark, mas em nenhum lugar estava especificado que tinham que ficar o tempo todo. Ela e Celeste poderiam sair, se esconder em algum lugar seguro. Sua amiga sugeriu usar o portal até a Ilha da Estrela e ficar lá por algum tempo.
Mas sua alian?a seria comprometida. E, embora o plano tivesse falhado, os segredos ainda eram sagrados durante o Centenário. Deixar que descobrissem sobre a amizade delas poderia colocá-las em perigo.
— Lutar — disse Isla, surpresa com a convic??o em sua voz.
No início do Centenário, ela teria dito “esconder” sem qualquer hesita??o, mas, embora n?o tivesse poderes, Isla se recusava a ser covarde. Ela enfrentaria a raiva de Cleo de frente. Era assim que iria sobreviver. N?o se escondendo.
— Tem…
Antes que Celeste dissesse outra palavra, o ch?o balan?ou. E Isla subitamente voou pelo ar.
Caiu de lado, a testa batendo no mármore.
Estalos estridentes das correntes de metal do lustre com fogo cortaram o ar quando caíram, levando a maior parte do teto com eles. O ch?o se dividiu em rachaduras, relampagos brilharam contra a pedra. Rachaduras na rocha e fogo sibilante preencheram o mundo. Tudo que era sólido parecia delicado, desmanchando-se como um bolo, quebrando t?o facilmente quanto vidro.
Enquanto o castelo desmoronava, nada nem ninguém estavam seguros.
Isla só teve tempo de colocar um bra?o na frente dos olhos enquanto um anel de fogo caía bem em seu rosto, mas, antes que ele quebrasse seu cranio, Celeste apareceu. A Estelar ergueu os bra?os e o parou no ar.
Gritos ecoaram nas paredes de pedra, o cheiro metálico de poder e sangue enchendo a sala. Houve um rugido, um tinido, enquanto o mundo cambaleava, depois se aquietava, apenas para cair novamente.
A mulher à sua esquerda, uma Etérea de vestido azul-centáurea, foi engolida pelo ch?o. Um homem Lunar ficou parado em estado de choque. Ele deu um passo, mas era tarde demais. Um peda?o do teto o esmagou, sem nada feito de água ao redor para protegê-lo.
Isla se virou para onde Celeste estivera, mas a garota n?o estava mais ali. Ela sentiu um aperto no cora??o. Ficou de pé. Nuvens de poeira surgiram, e ela tentou ver através delas, procurando desesperadamente o vislumbre do vestido prateado e temendo o pior.
Mas Celeste estava por perto, levantando destro?os de cima de um grupo de Estelares.
Isla recuou para a parede, a boca se abrindo e fechando, pulm?es congelados, as m?os estendidas, mas sem fazer nada.
Ainda n?o era meia-noite. O que era isso?
Azul estava do outro lado da sala, os bra?os trabalhando em golpes frenéticos, criando um escudo de ar sob o qual dezenas de convidados se escondiam. Cleo estava curando um grupo de nobres lunares que tinham sido gravemente queimados pelas chamas.
Oro.
Ela o encontrou de joelhos no fundo do sal?o. Seu rosto estava torcido de dor, e os dedos haviam atravessado o piso de mármore.
Foi quando ela percebeu o que estava acontecendo.
Lightlark estava caindo, exatamente como o rei havia descrito. Pessoas morrendo, estruturas em colapso. Por centenas de anos, os governantes falharam em quebrar as maldi??es. Aquilo estava finalmente cobrando seu pre?o.