Lightlark (Lightlark, #1)(86)
Aquele dia na sacada parecia muito distante.
— Acho que sim.
Oro observou a caverna. Eles estavam na entrada, a luz amanteigada do sol derramando lá dentro, a apenas alguns metros de distancia. Essas listras de ouro quase o queimaram. Ela o havia arrastado para a sombra no último segundo.
Oro voltou a sua aten??o para o outro lado da caverna, os túneis que seguiam através do subsolo. Luzes azuis fortes iluminavam o teto como uma constela??o.
— Estamos debaixo de um cemitério Etéreo — disse ele rispidamente, e balan?ou a cabe?a na dire??o do brilho azul. — Larva luminosa. Elas comem os ossos.
Isla fez uma careta, o misticismo arrancado do lugar, mas ela se lembrou das palavras do homem alado.
— é um lugar onde a escurid?o encontra a luz?
Ele assentiu e estremeceu.
— Um dos poucos na Ilha do Céu. Quando o sol se puser, vou procurá-lo. — Ele pareceu perceber a confus?o de Isla sobre as informa??es do homem alado, porque falou: — Os Umbras de fato construíram a ilha, junto com Solares. Quando eles foram banidos de Lightlark, construímos em cima de suas terras, mas algumas partes, e algumas criaturas, ainda vivem no meio.
— Ent?o, este é o nosso plano — disse ela, precisando de confirma??o. — Vamos verificar todos os lugares da ilha onde Umbra e Lightlark se encontram? é lá que está o cora??o?
Ele inclinou a cabe?a dourada. A coroa estava coberta de lama. Os dois estavam imundos de terra e sangue.
— N?o s?o muitos. Especialmente com a Ilha da Estrela fora da lista, gra?as às informa??es do espectro. — Ele espregui?ou. — Além do cemitério, há apenas mais um lugar na Ilha do Céu que qualifica.
— E a Ilha do Sol?
— Eu mesmo vou procurar nesses locais.
Isla o encarou.
— Você mesmo?
Oro suspirou.
— Você realmente ainda n?o confia em mim?
Ela franziu a testa.
— Você confia em mim?
Oro n?o respondeu à pergunta. Em vez disso, ele disse: — Nunca quebro promessas. N?o quebro acordos por capricho. — Ele olhou para ela incisivamente.
Isla revirou os olhos.
— E a Ilha da Lua?
— Existem alguns, mas será o último lugar que verificaremos.
— Por quê?
— Porque Cleo mantém sua ilha fortemente monitorada, e se ela achar que estamos procurando algo por lá, vai tentar encontrá-lo sozinha.
Oro estava comunicativo de uma forma fora do comum. Ela precisava obter todos os detalhes que conseguisse.
— Ent?o quantos lugares ainda restam, onde a escurid?o encontra a luz?
— Oito.
Oito. N?o era muita coisa. Esperan?a floresceu no peito de Isla.
— N?o fique muito animada — disse ele, franzindo a testa. — Há riscos.
Isla n?o se importava. Eles tinham uma boa estratégia e um número razoável de lugares onde procurar. Ainda assim, algo a deixou desconfortável.
— O plano é todo baseado no que os outros disseram. O espectro. O homem alado. — Ela engoliu em seco. — Já lhe ocorreu que eles possam estar mentindo?
— Eles n?o podem mentir para mim — disse Oro simplesmente.
Isla n?o sabia o que isso significava. Porque era rei de Lightlark e seus súditos n?o podiam mentir para ele? Ela com certeza podia. E tinha mentido.
Ela fez outra pergunta, já que parecia que ele estava disposto responder.
— A profecia do oráculo diz que o crime original deve ser cometido novamente para quebrar as maldi??es. Você acredita que o crime original foi usar o cora??o de Lightlark, n?o é? Usar o poder dele?
Oro a olhou e assentiu.
Ent?o era por isso que ele precisava do cora??o. Para cumprir parte da profecia.
— Você disse que, quando o Solar e o Umbra criaram Lightlark, eles prenderam um pouco de seu poder no cora??o. — Os olhos dela se arregalaram, se dando conta. — Foi por isso que você convidou Grim para o Centenário pela primeira vez — completou, as palavras saindo da boca em borbot?es. — Você n?o acha que tenha sido ele ou outra pessoa de Umbra que lan?ou as maldi??es. Acha que alguém usou o poder Umbra preso no cora??o para lan?á-las.
Oro assentiu novamente. Algo em seus olhos, um brilho, parecia quase impressionado.
Ela ergueu o queixo.
— Isso significa que você n?o sabia que o cora??o existia até depois do último Centenário. Ou ent?o você teria convidado ele para os anteriores.
O silêncio de Oro confirmou isso, mas sua express?o ficou cautelosa.
— Você deve ir — ele disse, sem encontrar seus olhos. Ele estava preso lá até o anoitecer… mas ela poderia sair em qualquer momento.
Isla apertou os lábios secos. Parte dela queria correr para a superfície. Tomar um banho e lavar o cabelo grudado com sangue no rosto, a lama que cobria suas roupas, a camada de terra na pele.
Outra parte queria mais informa??es. O rei nunca tinha sido t?o aberto assim antes, e Isla tinha mais uma pergunta que precisava de resposta.
— Vou esperar com você — ela disse.
Oro piscou, surpreso. Ent?o franziu a testa com irrita??o. Ela cerrou os dentes… miserável. O rei ficou tenso enquanto passava um dedo pelo pesco?o, fazendo uma linha pelo sangue seco.