Lightlark (Lightlark, #1)(85)



Isla lutou para se levantar, seus ossos gritando em protesto. Oro estava a poucos metros de distancia, esparramado no ch?o. Sangue se acumulava ao lado de seu pesco?o. O corte n?o parecia profundo, mas ele devia ter perdido muito sangue para ter ficado t?o fraco.

água. Ele precisava de água. Dessa forma conseguiria se curar com as habilidades Lunares. Ela se for?ou a ficar quieta. A ouvir.

Sua respira??o estava ofegante, ent?o ela segurou o f?lego. Seus pulm?es pulsavam de dor, a cabe?a girava, mas, finalmente, ela ouviu. O barulho de um riacho.

N?o ali perto. Ela agarrou a m?o de Oro.

— Levanta.

Ele n?o se mexeu, mas o sangue ainda corria em suas veias. Isso era bom.

— Levanta.

Nada.

Ela deu um tapa no rosto dele o mais forte que p?de.

Seus olhos se abriram com isso, mas logo come?aram a se fechar.

— N?o consigo te carregar — ela disse. — Você precisa me ajudar.

Devagar, com a ajuda de Isla, ele se levantou.

— Você pode chamar a água até você? — ela perguntou, mas era como se ele n?o conseguisse ouvi-la. Ent?o, ela meio que o arrastou em dire??o ao som, seu peso sobre ela como uma pedra.

Ele era muito pesado. Ela queria parar. Queria desmoronar no ch?o.

Mas se Oro morresse…

Toda Lightlark morreria.

Ela precisava do cora??o agora, tanto quanto ele.

Ele precisava viver.

Ela caminhou até suas pernas queimarem, até sua respira??o ficar quente contra os lábios. Até que a pele de Oro come?ou a esfriar, o inconfundível calor Solar morrendo.

Assim que seus joelhos amea?aram ceder, a terra amoleceu sob suas botas. E o rugido do riacho surgiu à sua frente.

Suas pernas quase desmoronaram de alívio. Ela o empurrou para a água com toda a for?a que restava. Ele se mexeu por um segundo antes de ficar imóvel.

Ela se preocupou que fosse tarde demais, mas a água parecia conhecê-lo. Ela brilhou fracamente e come?ou a trabalhar. Ele come?ou a afundar, mas Isla manteve sua cabe?a fora da água. Segurou firme pelos ombros, a cabe?a em seu colo, o resto dele na água.

As mangas de sua camisa estavam dobradas. O azul-acinzentado que ele havia mostrado antes tinha se espalhado ainda mais, muito mais. Agora cobria todo o bra?o esquerdo, até a m?o. Tinha sido por isso que o corte o havia enfraquecido t?o rapidamente? Que o sal?o havia se partido ao meio durante o baile?

Isla continuou segurando-o, as pernas na corrente fria, por um longo tempo. Esperando. Esperando a ilha come?ar a desmoronar em volta dela, como no baile. As árvores caírem. Oro parar de respirar.

A água trabalhou intensamente, durante toda a noite. Devagar, bem devagar, o corte em seu pesco?o foi costurado, pele nova substituindo o corte. O sangue nela secou. Ela podia sentir em sua bochecha, cheirá-lo em seu cabelo, mas n?o se atreveu a limpá-lo. Apenas continuou segurando Oro.

E esperando.

Ela deve ter adormecido, porque sua cabe?a bateu no ombro. Sua coluna se endireitou, e o medo apertou seu peito. Ela havia largado Oro?

N?o. Ele estava lá. Ela n?o o largou. A ferida estava quase curada.

Ainda assim, seus olhos permaneciam fechados.

Um raio de luz come?ou a espreitar por entre as árvores. Os primeiros tra?os do dia, orvalhados, melosos. O primeiro pensamento de Isla foi que isso era bom. Talvez o calor fosse bom para ele, talvez ele pudesse pegar um pouco de for?a.

Mas o pavor apunhalou seu est?mago.

A maldi??o.

Isla tinha que o levar para dentro. Se a espada n?o o tivesse matado, o sol o faria. E a água n?o seria capaz de curá-lo.

— Oro — ela disse, sacudindo-o.

Ele n?o se moveu.

— Oro — ela gritou em seu ouvido. — O sol está nascendo. Temos que ir.

Seus olhos n?o se abriram.

A luz estava prestes a encontrá-los. Fazia linhas pregui?osas pela floresta, aparecendo por entre as árvores. O dia tinha quase nascido completamente.

Ele ia morrer. Ela ia vê-lo explodir em chamas, da mesma forma que tinha visto uma crian?a queimar até as cinzas no reino Solar anos atrás, indefesa, em uma de suas viagens com a varinha estrelar.

N?o.

N?o indefesa.

Ela viu uma abertura em uma montanha a seis metros de distancia. Uma caverna.

Isla n?o sabia se conseguiriam chegar lá antes que o rei virasse fogo. Ela n?o tinha ideia de como iria levá-lo.

Mas agarrou os ombros dele e o arrastou.





CAPíTULO TRINTA E CINCO


A CAVERNA





Era meio-dia quando o rei finalmente abriu os olhos. Isla estava curvada contra um canto da caverna, observando-o. Ainda coberta com seu sangue.

— Você me salvou — ele disse, franzindo a testa.

Ouvi-lo dizer as palavras a fez perceber o qu?o absurdo isso era. Oro era a pessoa mais poderosa em todos os reinos… e ela, uma governante sem poderes, o salvara.

Talvez ela realmente n?o fosse t?o impotente quanto pensava.

Ela deu-lhe um olhar.

— N?o sou t?o fraca quanto você pensa.

Ele n?o devolveu o olhar.

— Nunca achei que você fosse fraca.

Ela piscou. Ele n?o podia estar falando sério.

— Bem, acho que agora estamos quites.

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