Lightlark (Lightlark, #1)(97)



Ela deu um passo, e ele se virou.

Ele pareceu surpreso. Aliviado.

— Cora??o — disse rapidamente, mais uma vez encurtando seu apelido anterior. Isla n?o era mais a “Devoradora de Cora??es” agora que ele n?o precisava fingir desconhecer o segredo dela? Grim avan?ou em passos largos em sua dire??o, sem nunca desviar o olhar, e, antes que ela pudesse dizer uma palavra, a envolveu nos bra?os.

Ela soltou um som que nunca tinha feito antes, e ele a tocou possessivamente, como se conhecesse cada centímetro de seu corpo e quisesse mais, quisesse tudo. Logo, a armadura dele estava no ch?o, ao lado do vestido dela e…

Isla engasgou enquanto se sentava, piscando, tra?os de seu sonho sumindo como os peda?os do vestido que Grim tinha…

Ela engoliu em seco.

Apenas um sonho.

Apenas outro…

Sonho.

No dia seguinte, Isla mal conseguia olhar nos olhos de Grim quando ele a visitou no Palácio de Espelhos. Ele vinha sempre que podia, adentrando o castelo como qualquer outro, incapaz de usar seu dom para isso. Juniper ainda n?o havia respondido, mas ela n?o tinha perdido a esperan?a. O dono do bar n?o seria capaz de resistir aos seus segredos. N?o se ele tivesse ouvido falar sobre a sua falta de poderes.

Grim tinha trazido chocolate do mercado para ela. Isla pensou que todas as lojas da pra?a tinham fechado depois do baile, quando a ilha come?ou a desmoronar, mas ela sabia que Grim podia ser muito convincente quando queria alguma coisa.

Isla quase foi capaz de sentir as m?os dele sobre ela durante o sonho.

Tinha sido t?o vívido, o jeito que ele tinha…

— Devoradora de Cora??es?

Ela piscou.

Ele sorriu. T?o perversamente que Isla bufou, seus olhos o encarando.

— Você… você me enviou aquele sonho? — ela perguntou com voz muito firme. Umbras tinham essa habilidade. Ela mesma o vira criar ilus?es durante as demonstra??es. — Você tem enviado todos eles?

Isla pensava em Grim mais do que deveria, mas o número de vezes que sonhara com ele era absurdo. Ele enchia sua cabe?a quase todas as noites.

Ela deveria saber. Todos aqueles sonhos que ela estava tendo ultimamente…

— Que sonho? — foi tudo o que o Umbra disse, mas seu olhar parecia dissimulado.

Ela se levantou da cama improvisada e foi até ele. Algo sobre plantar o sonho em sua mente parecia invasivo, n?o importava o quanto ela gostara da ilus?o, e suas m?os se fecharam em punhos raivosos nas laterais de seu corpo.

— Você sabe muito bem que sonho.

Grim teve a coragem de ainda fingir confus?o, embora os cantos de seus lábios tenham se contraído, se esfor?ando para n?o se esticar em um sorriso.

— N?o tenho certeza do que você quer dizer — ele disse. — Mas… pelo que estou ouvindo… e sentindo… gostaria de saber mais.

Ela lutou contra a vontade de pisar no pé dele antes de mandá-lo embora dali.

Isla saiu do Palácio de Espelhos na manh? seguinte com certa hesita??o.

Ela esperava encontrar a legi?o de Cleo aguardando por ela, ou os próprios Cleo e Oro, aproveitando a chance para matá-la.

Mas ninguém estava lá.

Ninguém esperava.

Isla n?o queria ir embora. Era muito cedo e parecia imprudente, mas Juniper enviara uma resposta — e tinha insinuado algo que valia a pena.

Eu sei quem lan?ou as maldi??es, ele havia escrito.

N?o era a informa??o que ela esperava, mas parecia crucial. Todo esse tempo, ela estivera concentrada em como quebrar as maldi??es em vez de quem as tinha lan?ado.

Isla n?o sabia como isso a ajudaria a vencer o Centenário, mas era um come?o. Era a única pista que tinha.

Quando ela e Celeste entraram na pra?a, seu pulso acelerou. Mais uma vez, ela antecipou um ataque. Assim como o do porto. Pessoas pulando para fora das sombras.

Mas a pra?a estava abandonada. Nenhum ilhéu por perto. O único som era do ranger dos letreiros de lojas, cobertos de poeira, balan?ando-se ao vento.

Celeste torceu o nariz quando entraram no pub. Isla apertou os olhos. Embora n?o tivesse recebido clientes em semanas, o cheiro de álcool no pub se intensificou, t?o forte que queimou seus olhos. E havia algo mais — outro cheiro.

Isla correu para o bar e olhou por cima da bancada, e o que viu a fez soltar um arquejo. Um grito arranhou o fundo de sua garganta.

Havia uma mensagem.

Rabiscada com sangue.

N?o, n?o apenas uma mensagem. Uma resposta. Ela se lembrou das palavras que ela e Celeste escreveram após o atentado no porto: Vai precisar se esfor?ar mais.

Escritas nos armários de madeira que abrigavam prateleiras de bebida estavam as palavras Me esforcei o bastante?.

E, no ch?o, Juniper estava morto.





CAPíTULO QUARENTA E DOIS


CLEO





Ailha foi construída com cora??es, ossos e sangue. A morte era parte de sua essência, desde o duelo que matou Cronan Malvere às vidas perdidas até ent?o. Por três dias após Juniper ter sido encontrado morto, Isla permaneceu no Palácio de Espelhos, sabendo que seria a próxima.

Cleo ainda n?o a havia matado, mas sua influência estava em toda parte. Ela tinha interceptado o bilhete de Isla ou descoberto sobre a carta de alguma forma. Nenhuma forma de comunica??o era segura. E sua mensagem sangrenta foi clara.

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