Lightlark (Lightlark, #1)(96)
— Você é mesmo uma grande tola, sabia? — disse Celeste.
Isla assentiu sem animo.
— Bom, mas sabe o que você n?o é, Isla Crown? Um fracasso. E nem eu. Certo, você foi traída? Nós já esperávamos por isso. A gente sabia que n?o podia confiar em ninguém. Ou você se esqueceu?
Isla trincou os dentes dolorosamente.
— N?o planejamos durante anos para deixar isso nos paralisar — disse ela. — E a esperan?a n?o está toda perdida, ainda n?o. — Ela surpreendeu Isla com um sorriso. — Estive conversando com os Estelares que trabalham no castelo, incluindo Ella. Sobre a biblioteca secreta.
Isla resistiu à vontade de gritar. O desvinculador era uma causa perdida. Ela sabia disso. A insistência da amiga em encontrá-lo estava se tornando enfurecedora. Ela precisava de uma solu??o real, n?o de uma lenda.
De qualquer forma, Celeste podia ter abandonado Isla no momento em que os demais governantes tinham descoberto seu segredo, mas ela n?o o fez. Ent?o Isla perguntou, com toda a gentileza que conseguiu: — Algum deles sabe onde está?
— Ainda n?o, mas est?o procurando. Cada um deles está investigando uma parte específica do castelo e perguntando a todos que…
Isla dirigiu um olhar a amiga.
Celeste ergueu os bra?os.
— Qual é o seu plano, ent?o? Ficar sentada aqui e se esconder até a ilha desmoronar ao nosso redor? Esperar Cleo e o rei encontrarem o cora??o, se é que ele existe mesmo, e te matarem? Esperar até o reino dos Selvagens ser oficialmente extinto?
Isla enrijeceu. Mesmo que aquilo fosse exatamente o que ela estava fazendo.
Ela havia contado para a amiga o que vira em sua po?a de estrelas, mostrado a ela também.
Eu vou te ajudar, a amiga prometeu, mas Isla sabia que apenas o poder prometido na profecia seria capaz de salvar os Selvagens do estado de deteriora??o em que estavam.
Seus problemas pareciam insuperáveis.
Como ela poderia encontrar o cora??o de Lightlark quando agora todos n?o só desejavam matá-la, mas sabiam que conseguiriam tal feito facilmente? No momento em que saísse do Palácio de Espelhos, Isla seria um alvo.
Como ela poderia vencer agora?
Ela encarou as m?os. Suas palavras trêmulas a surpreenderam. Havia um nó em sua garganta, e os cantos de seus olhos ardiam.
— Eu n?o quero desistir — respondeu honestamente.
Toda vez que ela fechava os olhos, via sua tutora. Sofrendo. Aos poucos se tornando parte da floresta. Poppy e Terra contavam com ela… e Isla tinha ignorado todos os planos e prepara??es delas de propósito. Realmente achou que poderia cumprir seu dever e conseguir o que mais queria do seu jeito. Ela fora t?o tola.
— Mas como? N?o temos plano. N?o temos aliados.
Celeste segurou suas m?os. Havia um brilho em seus olhos, uma intensidade como duas estrelas cintilantes.
— Temos exatamente o que tínhamos quando o Centenário come?ou. Uma a outra.
Se ao menos isso bastasse.
Se ao menos ela tivesse poderes, conseguiria enfrentar Cleo e Oro. Quem sabe até tomar o cora??o deles, em vez de esperar para ser abatida.
A governante Estelar cruzou o c?modo com passos rápidos, como se revigorada por suas próprias palavras.
— Este jogo ainda n?o acabou. Estamos na ilha há mais de dois meses. Devemos ter feito algum tipo de progresso, algum contato. Deve ter alguém aqui capaz de nos ajudar.
Contato.
A palavra de Celeste lhe deu uma ideia. Sua respira??o parou. Seus pensamentos se dispersaram. Uma pessoa provou ser útil, várias e várias vezes. Alguém que lidava com segredos.
E se Isla tinha aprendido alguma coisa durante o Centenário, foi que segredos significavam tudo.
— Pergaminho — Isla pediu.
A governante Estelar sorriu.
— Eu volto já.
Uma hora depois, Celeste estava de volta com pergaminho, tinta e Ella. A Estelar agora sabia da amizade entre as duas, mas Isla n?o se perturbou. N?o quando Ella era parte do povo de Celeste e tinha se provado leal. Era de interesse dela e do reino manter os segredos da Selvagem.
Isla redigiu a carta rapidamente, mostrando-a para Celeste antes de dobrá-la ao meio e deixá-la com Ella para entrega.
Pronto. Isla tinha feito alguma coisa… N?o estava desistindo. Pelo menos n?o por enquanto.
Quando Ella partiu com a carta, Isla sentiu uma faísca de esperan?a. Ela poderia ser jovem, impotente e tola, mas se Oro e Cleo tivessem encontrado o cora??o já o teriam usado. Um dos governantes estaria morto, e as maldi??es teriam desaparecido.
Algo tinha dado errado para os dois.
Celeste estava certa. O jogo n?o tinha acabado. Pelo menos n?o por enquanto.
A carta era para Juniper, cujo bar estava fechado desde o baile. Se alguém conheceria a localiza??o de uma suposta biblioteca secreta ou saberia qualquer outra coisa que poderia ajudá-la a vencer, era ele.
A mensagem dizia: Detalhes do meu maior segredo em troca do seu?
Isla n?o conseguia dormir. E, ao que parecia, Grim também n?o. Ele estava virado de costas para ela no longo quarto, olhando através da janela, um limiar que ele n?o podia ultrapassar. Ele respirou fundo e relaxou a cabe?a para trás enquanto exalava, como se observar a escurid?o fosse a única coisa que o revigorasse.