Lightlark (Lightlark, #1)(13)
Ent?o as maldi??es foram lan?adas, e a maioria estava convencida de que Umbras haviam feito isso por vingan?a.
Isla n?o sabia o que pensar. Umbra tinha sofrido uma grande perda gra?as à maldi??o. O líder de seu reino, o pai de Grimshaw, tinha morrido pela profecia, e seu filho subira ao poder imediatamente, na época em que ter um herdeiro era a norma. Agora que n?o era mais permitido, os governantes compareciam ao Centenário colocando em risco seu próprio reino.
Isla sabia por que ela estava na ilha. As raz?es de Grim eram mais misteriosas. Se os governantes queriam alguém morto mais do que Isla, era Grim. Ele n?o encontraria aliados durante o Centenário, e ganhar o prêmio do poder prometido era quase impossível sem parcerias de verdade. Ent?o, por que participar, por que correr o risco?
O que ele queria?
Um sorriso sagaz tomou conta do rosto marcado de Grim enquanto ele também a analisava. Seu cabelo preto liso cobria a testa pálida, tinta no papel.
— Decidindo se sou um vil?o?
Isla estreitou os olhos para ele.
— Você consegue...
— Ler mentes? — Sua cabe?a balan?ava de leve de um lado para o outro. — N?o exatamente. Posso ler vislumbres de emo??es. Medo. Raiva. — Seus lábios se ergueram em um meio sorriso. — Curiosidade.
A respira??o de Isla ficou t?o instável que parecia que pedras tinham sido empilhadas sobre seus pulm?es. Ela era uma impostora, uma governante sem poderes em meio a uma matilha de lobos. Era hábil em desempenhar o papel de uma governante Selvagem, manter a fachada, mas suas emo??es eram muito mais difíceis de controlar. O poder de Grim poderia desmascará-la se Isla n?o aprendesse a administrar seus sentimentos.
Habilidades mentais eram comuns nos Umbras. Era parte do que os tornava t?o perigosos. Os governantes muitas vezes também tinham uma habilidade a mais, poderes raros passados pela linhagem, aparecendo gera??es mais tarde. Isso n?o tinha nada a ver com as estrelas, lua, sol, natureza, escurid?o, ou céu.
Isla se perguntou se Grim tinha algum outro segredo.
— Você está nervosa agora. — Ele parou e olhou para ela. — Por que está nervosa?
Nervosa n?o era como uma poderosa governante Selvagem deveria se sentir, mesmo ao lado do governante Umbra. Ela o encarou, fundo nos olhos t?o escuros que pareciam infinitos, dois buracos negros galácticos, e se controlou o suficiente para fazer uma pergunta ousada: — Você tem um dom?
A cabe?a de Grim se inclinou para trás em compreens?o.
— Está preocupada que eu tenha uma habilidade que você desconhece. Uma que esteja usando contra você neste exato momento.
N?o adiantava esconder. Em seus cem dias na ilha, ela teria que mentir, roubar e possivelmente matar.
Grim n?o fazia parte do plano. Ainda n?o.
Isla assentiu.
Ele deu de ombros e come?ou a descer a passarela mais uma vez.
— Tenho. Mas é algo que vou guardar para mim, por enquanto. — Grim olhou para ela. — N?o é leitura da mente, de qualquer forma. Ou outra coisa que eu pudesse usar em você em segredo.
A subida terminou, a grama acabou, e abaixo, no vale entre duas montanhas, havia um mercado.
Grim suspirou.
— Faz quinhentos anos que n?o volto e quase nada mudou. — Ele se virou para ela, um brilho nos olhos. — Devoradora de Cora??es, você pode comer chocolate?
Isla tentou manter a fome longe do rosto.
— Posso comer todo o meu peso em chocolate.
Os ilhéus inundavam o mercado, os bolsos tilintando com moedas. O burburinho era irritante. O Centenário era um jogo mortal; eles n?o entendiam que, se os governantes fossem bem-sucedidos, um de seus reinos pereceria? N?o estavam com medo?
Parecia que os cem dias de sol, sem tempestade, superavam qualquer terror.
A pra?a era composta por casinhas, todas apertadas, cada uma diferente como os reinos. Uma loja se assemelhava a uma xícara de chá virada, as paredes feitas de vidro fosco. Outra era alta como uma sequoia, fuma?a saindo de uma chaminé como uma série de nuvens de tempestade. A outra era sustentada por estacas. Ainda outra parecia uma estrela amarrada dos céus, prateada e reluzente.
A que eles entraram tinha a forma de um enfeite de inverno, pintada de azul-claro.
— Os Etéreos fazem os melhores doces, tenho que admitir — disse Grim por cima do ombro antes de abrir a porta com tanta for?a que as dobradi?as rugiram. No momento em que Isla entrou, um suspiro veio de algum lugar em seu peito.
Chocolate. Cacau aveludado, crocante, a?ucarado e sedoso.
Ela só tinha provado chocolate em suas incurs?es às aldeias Etéreas nas novas terras, durante suas celebra??es trimestrais. Etéreos tinham sempre uma desculpa para dar festas: antes de tempestades, depois de tempestades, mesmo durante tempestades. Mas nada era parecido com isto. Nada como as grossas barras de chocolate que ela observou um Etéreo cortar em rodelas com uma faca comprida.
Grim olhou para ela, achando gra?a.
O homem atrás do balc?o empalideceu ao vê-lo. Ele lan?ou um olhar para seu sócio, que sumiu para a sala dos fundos de forma conveniente. Ele nem notou a presen?a de Isla.
Interessante. Estar perto de Grim era como ser um para-raios menor em uma tempestade: toda a ira se dirigia a ele.
Embora ele fosse um dos governantes mais poderosos e ela n?o tivesse nenhum poder, aos olhos dos ilhéus, ambos eram vil?es. Isla sabia como isso era importante. Embora os governantes pudessem, se bem-sucedidos, decidir qual deles morreria para cumprir parte da profecia, as opini?es e a??es dos ilhéus podiam mudar o curso do Centenário. Sua ajuda, ou a falta dela, poderia significar a diferen?a entre a vida e a morte, especialmente para Isla, que n?o tinha ninguém do seu próprio povo na ilha. As pessoas comuns também costumavam ser convidadas para assistir a todas as seis demonstra??es.