Lightlark (Lightlark, #1)(16)
Celeste a encarou.
— Eu sei o que é, Isla. Minha dúvida é por que você trouxe essa coisa pavorosa para os meus aposentos.
Isla tinha aprendido muito tempo antes que os Estelares n?o tinham grande apre?o por armas, embora seu reino fosse famoso por criá-las com suas técnicas metalúrgicas. E por que teriam? Celeste tinha o poder da energia na ponta dos dedos, podia ferir um inimigo do outro lado da sala. Aos olhos dela, uma espada era um desperdício de ferro.
Isla imaginou que era exatamente por isso que Grim havia escolhido um duelo para sua demonstra??o. Bem, ele n?o disse a palavra duelo, mas com as pistas que deu, era como se tivesse dito.
— Nosso primeiro teste é um duelo — disse ela. — Vamos precisar delas.
Celeste torceu o nariz como se tivesse cheirado algo ruim.
— E quem te disse isso?
— Grimshaw.
Celeste piscou.
— Esteve com ele esse tempo todo?
— N?o, só um pouco. Por quê?
Celeste a encarou.
— Sério, Isla?
Ela n?o precisava dizer mais nada. Grim n?o era coisa boa. Perigoso. Nada confiável.
— Eu sei, eu sei. Mas consegui essa informa??o, n?o foi? Você n?o acha que ele pode ser útil?
Celeste balan?ou a cabe?a com firmeza.
— N?o, Isla. Eu acho que, na verdade, ele vai usar você. Nós.
Era isso que o passeio até a pra?a tinha sido? Apenas uma estratégia do perverso governante Umbra?
Claro que foi. Seria tolice acreditar em qualquer coisa além disso.
Isla come?ou a se perguntar se o aviso de Grim era mesmo verdade. Talvez n?o fosse um duelo, ou qualquer tipo de demonstra??o envolvendo espadas, e ele estava apenas tentando enganá-la.
Ela franziu a testa.
Celeste suspirou de um jeito cansado. Segurou as bochechas de Isla com as m?os delicadas e disse:
— Minha amada, adorável e ingênua amiga…
Isla a teria interrompido, fosse qualquer outra pessoa se n?o Celeste dizendo aquelas palavras. Mas, mesmo as duas tendo praticamente a mesma idade, Isla tinha aprendido li??es inestimáveis com a Estelar. Celeste a acolheu quando n?o tinha ninguém além de Poppy e Terra.
— Você vai ficar longe dele — completou com firmeza, como uma irm? chamando a aten??o do irm?o insensato.
Celeste estava certa. Grim era uma distra??o. Ela n?o seria a tola que cairia em seus truques, especialmente quando a própria m?e tinha morrido por amar um homem.
Especialmente quando sua miss?o pessoal era provar ser mais do que a sedutora que suas tutoras a treinaram para ser.
O primeiro passo no elaborado plano de Terra e Poppy era seduzir o rei. Roubar seu poder fazendo-o se apaixonar por ela. Sem essa etapa, o restante da estratégia era inútil. Isla estava disposta a fazer muitas coisas para salvar seu reino, mas essa n?o era uma delas.
Felizmente, sua amiga havia pensado em outra maneira de Isla conseguir tudo o que queria.
— Bom. Agora, mesmo que as demonstra??es ainda n?o tenham come?ado, quanto antes come?armos a nos preparar para encontrar o desvinculador, melhor — disse Celeste.
O desvinculador. Era esse o plano delas. Em uma sala cheia de manuscritos levados de Lightlark, Celeste havia descoberto um texto sobre uma relíquia encantada. Uma enorme agulha de vidro com duas pontas afiadas, capaz de quebrar qualquer vínculo que aprisionava uma pessoa e sua linhagem, incluindo maldi??es.
Mas tudo em Lightlark tinha um pre?o. E o do desvinculador era sangue.
O suficiente para matar até mesmo um governante. Era por isso que, até onde sabiam, ele nunca havia sido usado antes. No ch?o dos aposentos de Celeste, elas formularam um plano para dividir esse pre?o entre as duas.
E torcer para que aquilo n?o as matasse.
De acordo com o texto, o desvinculador estava escondido nos fundos de uma biblioteca em Lightlark. Elas n?o sabiam qual, e cada ilha tinha a sua própria, ent?o teriam que procurar em todas elas.
Celeste procuraria primeiro na biblioteca da Ilha da Estrela. Com sorte, estaria lá. Caso contrário, a Estelar teria que fazer um grande esfor?o para obter a ferramenta de que Isla precisaria para acessar o restante das bibliotecas.
E, com o cronograma apertado, Isla precisava trabalhar com a possibilidade de ter que fazer isso.
O desvinculador só quebraria as maldi??es dos seus reinos, n?o dos demais. Elas n?o ganhariam o prêmio do poder prometido na profecia. Mas Isla n?o se importava. Ao quebrar a maldi??o de ter nascido sem poderes, ela finalmente receberia o dom Selvagem que lhe foi negado e seu reino se livraria do sofrimento.
Ela poderia voltar para a nova terra Selvagem, finalmente livre, sem precisar ficar escondida no quarto. Isla poderia injetar energia de volta no solo e fazê-lo prosperar mais uma vez, teria a vida de uma governante imortal e séculos para explorar o mundo com Celeste.
Tudo que Isla queria dependia do desvinculador e de seu poder de quebrar todas as maldi??es que afligiam a ela e ao seu reino.
— Vou come?ar hoje à noite.
Para procurar em segredo nas bibliotecas das ilhas do Sol, da Lua e do Céu, Isla precisava se misturar.
O cabelo escuro seria a primeira coisa a entregar sua identidade. Mas ela veio preparada. Antes de partir para o Centenário, havia se esgueirado pelos aposentos de Poppy. Os elixires dos Selvagens variavam de remédios curativos a encantamentos e produtos de beleza. Cremes que tingiam os lábios, bochechas e, mesmo que temporariamente, cabelos.