Lightlark (Lightlark, #1)(12)
A garota sorriu de volta timidamente. Bom.
— é claro. Ella, senhora. — A garota balan?ou a cabe?a. — Quero dizer, Isla.
Isla baixou a cabe?a, do jeito que tinha visto as pessoas fazerem quando estavam prestes a trocar confidências. Ela havia ouvido muitos segredos sussurrados em becos, ou nos arredores de uma aldeia, gra?as a sua varinha estelar. Com o tempo, aprendeu a se disfar?ar e a se misturar na multid?o t?o perfeitamente que ninguém poderia adivinhar que ela n?o era dali.
— Ella, notei que você anda mancando — disse.
A garota pareceu surpresa. Deu um passo trêmulo para longe, e Isla se perguntou se deveria ter esperado mais... ou se tinha sido muito direta. A m?o da Estelar foi instintivamente para a perna.
— Meu... meu osso — Ella disse, enfim. — Quebrei há algum tempo e nunca me curei direito.
Isla franziu a testa.
— N?o há curandeiros Lunares aqui que possam ajudar?
As habilidades deles eram lendárias. Além de controlarem a água, tinham o poder da cura.
— Por um pre?o — disse Ella, sorrindo levemente. — Quando ajudam, nesses últimos tempos. — Isla se perguntou o que ela queria dizer, mas, antes que pudesse falar, a garota acrescentou: — E também... n?o me falta muito antes de completar vinte e cinco anos. N?o... n?o...
Valeria a pena. Isla estremeceu. Mesmo tendo Celeste como melhor amiga, às vezes ela se esquecia da crueldade dessa maldi??o. Nenhum Estelar tinha passado dos vinte e cinco em centenas de anos.
— Bem — disse Isla, enfiando a m?o no bolso do vestido. — Isto deve ajudar. — Ela entregou o tubo de pasta, com um elixir de cura dos Selvagens feito com plantas especialmente cultivadas. A mesma po??o que curou o corte em sua palma na cerim?nia do dia anterior.
Ella apenas olhou para o tubo em sua m?o até que finalmente Isla enrolou os dedos dela ao redor do recipiente e gentilmente afastou-se, sinalizando para que ela ficasse com o remédio.
— Agora — Isla disse animada. — Preciso que fa?a algo por mim.
Com os meios para obter refei??es regulares resolvidos, Isla partiu para o mercado. Em suas m?os, o convite do alfaiate que Ella trouxera. Antes de participar de qualquer uma das seis demonstra??es, ela precisava de roupas novas. Havia apenas uma certa quantidade de roupas que poderia levar na bagagem, de modo que, a cada Centenário, os governantes eram presenteados com um guarda-roupa personalizado.
Hoje era a vez de Isla.
Ela ouviu Poppy em seu ouvido.
Seus vestidos s?o sua armadura, suas joias s?o suas armas. Elas eram as ferramentas de uma sedutora.
Era o papel para o qual Poppy a tinha treinado, o primeiro passo do plano de sua tutora — um plano que Isla n?o tinha inten??o de seguir. Ela n?o tinha poderes, mas isso n?o significava que era impotente.
Ela podia se misturar. Ouvir. Se esconder. Criar estratégias. Todas as habilidades necessárias para o plano dela e de Celeste.
A criada insistiu em escoltar Isla até a pra?a no centro do Continente, onde ficava o alfaiate. A anci? Selvagem havia mencionado isso em suas histórias, como um lugar encantador que floresce à noite, como uma flor voltada para o sol.
Isla preferiu ir sozinha. Isso lhe daria uma boa oportunidade de explorar esta parte da ilha e observar os ilhéus, despercebida pelo maior tempo possível.
Com três palavras, esse plano foi por água abaixo.
— Você acordou cedo — disse Grim.
Isla engoliu em seco e se virou, subitamente muito consciente de como o tecido do seu vestido era apertado.
Apenas para encontrá-lo a centímetros de distancia.
Isla trope?ou para trás. Levou tempo demais para encontrar sua voz.
— Você também.
Grim ergueu os ombros largos, olhando para Isla, que precisou esticar o pesco?o para manter contato visual.
— Gosto de aproveitar qualquer momento em que possa estar ao ar livre.
Certo. Sua maldi??o era o espelho da de Oro — Umbras n?o podiam sentir a energia e a calma da noite. Embora fossem noturnos, escolhendo viver na escurid?o, tudo isso mudou quinhentos anos antes.
— Além disso, tenho coisas para fazer na pra?a.
— Assim como eu — disse Isla.
Grim sorriu.
— Que bom. Odeio caminhar sozinho.
Os guardas que estavam ao longo da entrada ficaram visivelmente tensos quando Grim passou. Isla tentou n?o pensar em todas as coisas terríveis que tinha ouvido sobre os Umbras, sobre ele. Tentou e falhou; embora mantivesse a cabe?a erguida, suas pernas ficaram bambas.
Terra sempre disse que eles eram os mais perigosos dos reinos. Umbras extraíam poder da escurid?o, enquanto todos os outros extraíam da luz. Rumores de suas habilidades se acumulavam: o poder de desaparecer, mover-se através das paredes, tecer pesadelos, manipular a própria escurid?o.
Grimshaw tinha uma reputa??o. Houve uma guerra entre Lightlark e Umbra, poucas décadas antes das maldi??es serem lan?adas. Ele tinha sido o guerreiro mais temível dela. Dizia-se que, ao final de uma batalha, sua capa estava sempre encharcada com o sangue dos inimigos. Isso só deixou Isla mais confusa por ele ter demonstrado tanto desconforto quando ela come?ou a comer o cora??o no jantar.
Apesar da habilidade de Grim, Lightlark venceu a guerra e um tratado foi feito. Por um tempo, houve paz entre os reinos.