Lightlark (Lightlark, #1)(15)
As respostas que saíram de sua boca poderiam muito bem ter saído da de Poppy, a centenas de quil?metros de distancia, no reino dos Selvagens. Isla tinha sido instruída para saber exatamente o que dizer.
— Verde. Vermelho. Roxos e rosas, de vez em quando.
— Ajuste preferido?
— Justo.
— Comprimento?
— Longo.
Ele a examinou.
— Qu?o apegada você é a este vestido?
Ela olhou para baixo e deu de ombros.
— N?o muito.
— Que bom — disse ele, e estalou os dedos.
De repente, tudo na loja come?ou a flutuar. Gra?as a Celeste, Isla conhecia bem os poderes deste reino. Estelares canalizam a energia das estrelas, permitindo-lhes mover objetos. O alfaiate apontou um dedo, e um rolo de tecido vermelho-sangue intenso voou pela sala. Em um piscar de olhos, Isla estava embrulhada nele, t?o rápido que o traje antigo foi substituído e ela só percebeu quando viu o vestido velho em tiras no ch?o. O vermelho a apertou com tal for?a na cintura que tirou seu f?lego; tesouras flutuantes faziam cortes rápidos; linhas voadoras e agulhas costuravam a uma velocidade impossível. O alfaiate dirigia tudo como se estivesse conduzindo uma orquestra, m?os movendo-se graciosamente à frente. Outro corte de tecido formava uma capa sedosa e transparente. Um corpete foi habilmente trabalhado ao seu redor e amarrado firmemente ao espartilho, cortando sua respira??o.
Em segundos, ela estava usando um lindo vestido novo.
Ela se virou para o alfaiate e encontrou outra pessoa sentada na loja, com os cotovelos apoiados nos joelhos.
— Como chegou aqui? — ela perguntou, incrédula.
Grim parecia entediado. Ele ergueu uma sobrancelha, como se dissesse: Preciso mesmo responder?
O alfaiate olhou para ele, permanecendo surpreendentemente calmo em compara??o com os outros ilhéus que haviam encontrado, e voltou sua aten??o para Isla.
— O que achou?
Ela se olhou nos muitos espelhos.
— Parece água. O tecido... é macio como uma pétala de rosa.
— Seda de aranha gigante, Governante. Vou trabalhar no restante do guarda-roupa.
Mantendo a voz o mais baixa possível e lan?ando outro olhar na dire??o de Grim, ela disse: — Se n?o for nenhum problema, além dos vestidos, preciso de algo mais adequado para lutar. Cal?a. Armaduras.
Essas instru??es vieram de Terra. Enquanto o alfaiate anotava algumas coisas, ela espiou atrás dele, dando uma boa olhada na sala dos fundos... e na fechadura da porta.
O alfaiate juntou as m?os, como se estivesse rezando. Ele realmente parecia adorar moda mais do que a maioria das pessoas adorava seus governantes.
— Com todo o prazer. Mandarei tudo para o castelo em breve.
Isla agradeceu e lan?ou um olhar fulminante para Grim ao sair da loja, sabendo que ele iria gostar disso. Compartilhar chocolates parecia ter colocado alguns dos seus medos sobre Umbras e seus poderes de lado. Parte dela estava surpresa por ter se sentido t?o confortável perto de um homem que conhecia havia poucos dias. Talvez isso fosse exatamente o que ele queria, que ela baixasse a guarda.
— Dá para ser menos esquisito? — ela disse.
A express?o de Grim ficou séria.
— Se quiser que eu vá embora, eu irei. é só pedir que eu desapare?o.
Isla ficou em silêncio. Ela se perguntou qual era o jogo dele. Se poderia usá-lo a seu favor.
Ele come?ou a andar, e ela continuou ao seu lado. Os ilhéus se viraram para olhar enquanto passavam, e a encaravam por tanto tempo quanto olhavam para Grim. Ela sup?s que estava chamando a aten??o por conta do vestido vermelho, t?o brilhante contra o azul-claro, branco e prata que os ilhéus usavam. Como sangue manchando o mercado.
— Você está curiosa de novo, Isla.
Ela n?o encontrou o olhar dele.
— N?o me leia. é rude.
Ele riu.
— Como se eu pudesse evitar...
Isla o encarou.
— O famoso todo-poderoso governante Umbra n?o consegue controlar as próprias habilidades?
Os cantos de seus lábios se curvaram de maneira errática.
— Famoso? Bem, pelo menos sei ent?o que rumores da minha grandeza chegaram até os Selvagens. — Ele a olhou, e o sorriso desapareceu. — Fico feliz por estar fazendo uma armadura — ele disse, puxando algo do bolso.
Era um cart?o em papel dourado, o mesmo do convite para o Centenário.
— Minha demonstra??o é a primeira — disse ele, colocando o cart?o de volta na capa antes que ela pudesse ler o que dizia. Ele se inclinou, os lábios ficando perigosamente perto de sua orelha. — Você também vai precisar de uma espada.
No momento em que Isla compreendeu as palavras de Grim, o frio de sua proximidade desapareceu — e ele também.
E Isla ficou sozinha no mercado, perguntando-se por que o governante Umbra estava a ajudando.
CAPíTULO SEIS
DESVINCULADOR
Isla jogou a arma para Celeste, que a pegou no ar, com a astúcia de seu poder invisível.
— O que é isto?
— Uma espada — Isla disse, retirando a dela das costas, onde havia escondido ambas para contrabandeá-las para dentro do castelo. — E uma bem cara.