Lightlark (Lightlark, #1)(20)
Isla sorriu, girou rápido como um redemoinho para reunir mais for?a, e atacou como uma naja — t?o forte que Grim perdeu o equilíbrio, apenas um pouco.
Era tudo de que precisava. Isla pulou do ch?o com um grito de guerreira e caiu bem na frente dele, prendendo-o na parede.
Sua lamina na garganta dele.
A espada de Grim caiu no ch?o.
Ela estava ofegante, bem na cara dele. Grim a encarava como se nunca tivesse visto Isla antes.
— Todo mundo parece esquecer... — disse ela, sem desviar o olhar, mesmo que isso significasse erguer a cabe?a. Ambos estavam ofegantes, seus peitos subindo a cada respira??o. — ... que os Selvagens s?o, acima de tudo, guerreiros.
Isla podia n?o ter poderes. E podia ter passado a vida inteira aprisionada como um pássaro em uma gaiola por causa disso. Mas era capaz de lutar t?o bem quanto qualquer governante. Terra se certificara disso. Ela abaixou a lamina da garganta de Grim.
E escutou aplausos.
Isla se virou, atordoada pelo som, a única torcida na sala com centenas de pessoas.
O rei. Ele estava batendo palmas para ela.
De novo.
Ela se voltou para o governante Umbra, esperando que ele a odiasse. Mas ele estava sorrindo, seus olhos cheios de algo parecido com prazer.
Grim estava feliz por ela ter vencido.
O que n?o fazia sentido.
Seus olhos se estreitaram para ele, tentando analisá-lo. Nunca as motiva??es de alguém tinham sido t?o misteriosas.
O que Grim queria?
O que estava tramando?
Incitados pelo rei, algumas palmas soaram na multid?o, ent?o se espalharam como fogo de palha até que todos estavam gritando, comemorando sua vitória, a menor entre os dois vil?es que superara o oponente.
Ainda confusa, Isla seguiu até a lateral da arena, mas o que encontrou foi Celeste com uma express?o preocupada. Sua amiga n?o podia dizer nada, n?o na frente dos outros, mas Isla sabia que tinha se destacado demais. Seu trabalho era embromar, passar despercebida a maior parte do tempo, para que pudessem ficar juntas.
Agora, os ilhéus e governantes com certeza estavam prestando aten??o em Isla.
Cleo e Oro, vencedores de suas duplas, duelaram em seguida. A Lunar fez uma exibi??o impressionante, mas, em menos de um minuto, o rei saiu vitorioso. Antes disso, porém, Cleo conseguiu rasgar seu bra?o. A pele se abriu. Sangue manchou a arena, quase fervendo no ch?o. Ele n?o tentou se curar antes do próximo duelo.
Parte de Isla se perguntou como a Lunar ousava ferir o rei. Uma energia nervosa parecia circular pela arena, talvez alguns dos ilhéus estivessem pensando o mesmo que ela.
Oro nem se incomodou em deixar o ringue. Ele se levantou, a espada cravada no ch?o diante dele, as m?os apoiadas no cabo. Ainda sangrando. Encarando Isla. Sua última adversária.
Seus olhos estavam vazios. Sem emo??o.
Ela n?o se esquivou de seu olhar sem vida quando voltou para a arena. Daquela vez n?o houve aplausos para ela. A fidelidade da multid?o havia mudado t?o rápida e previsivelmente quanto a maré.
Um sino, em algum lugar.
Ent?o uma espada, cortando o ar diante dela. Isla conseguiu erguer sua arma a tempo, por pouco, mas a for?a do primeiro golpe do rei ecoou em seus ossos, sentida até mesmo nos dentes.
Um gemido lhe escapou dos lábios enquanto ela intensificava seus movimentos, cavando, absorvendo o impacto, protegendo-se contra as investidas do rei.
Ele continuou avan?ando, e o pé de Isla escorregou, atrapalhando sua postura. Ele estava tentando for?á-la a fazer um movimento, a se deixar vulnerável.
Será que achava que ela era tola?
Isla colocou a outra m?o no cabo da espada, ent?o for?ou o golpe com toda a for?a que tinha.
Ele respondeu como era esperado, pressionando de volta na mesma medida...
E ela girou no último momento, fazendo-o cambalear para a frente.
Isla era mais rápida, sabia disso. Era o que tinha a seu favor.
Mas Oro era mais forte. Mesmo ferido.
A espada do rei encontrou a dela antes que ela pudesse se recuperar por completo, e Isla lutou para acompanhar, principalmente na defesa, bloqueando golpe após golpe, cada ataque mais ensurdecedor que o outro. Ele conhecia sua for?a. A estratégia dele era cansá-la, acabar com sua energia em vez de atacar. Até os bra?os de Isla cederem.
Ela quase sorriu.
Oro n?o sabia que, quando Isla tinha doze anos, Terra a deixou pendurada no galho de uma árvore, quinze metros acima do solo, por cinco horas.
Caia e você quebrará as pernas, ela disse. Elas v?o se curar, mas você n?o terá permiss?o para fazer o passeio nas novas terras se estiver ferida.
Ela havia esperado pela primeira viagem por suas terras por anos.
A primeira hora n?o foi t?o ruim. Ela já vinha treinando por um tempo àquela altura. Seus bra?os eram fortes.
Depois de três horas, estava gritando.
Depois de quatro, perdeu a voz.
Após cinco, um de seus ombros deslocou.
Ela nunca soltou o galho.
Mas n?o recebeu permiss?o para ir na viagem. Puni??o por ter gritado.
Você recebe a dor como um remédio, Terra disse em resposta às suas lágrimas. Você engole com um sorriso.
Ent?o colocou o ombro de Isla de volta no lugar sem medica??o. Outra li??o.
O rei n?o seria capaz de cansá-la.
Ainda assim, era bom que ele pensasse assim. Ela diminuiu a velocidade dos movimentos ligeiramente, dobrou o punho apenas um grau. Inclinou a espada como se estivesse tentando descansar um lado do corpo.