Lightlark (Lightlark, #1)(32)



— Vai funcionar. Você faz isso o tempo todo.

Isla lhe lan?ou um olhar incrédulo.

— Eu entro escondida na ilha de outro reino o tempo todo?

— N?o. Mas você se infiltra nas terras novas de outros reinos o tempo todo. Vestindo roupas roubadas. Imitando o povo de outro governante. Com sua varinha estelar.

Isso lá era verdade. Mas dessa vez era diferente.

Ela estava no Centenário.

— Você se move como uma sombra — Celeste continuou. — Cria estratégias como um general. Consegue passar despercebida em qualquer lugar, eu já vi.

Sua amiga estava certa. Isla havia passado anos ganhando, de forma involuntária, as habilidades de que agora precisava para encontrar o desvinculador.

Isla lavou e penteou o cabelo, torcendo para que secasse antes de chegar ao seu destino.

— Certo — disse Isla, olhando para o reflexo, sentindo-se estranha em uma cor que nunca havia tido permiss?o para usar. — Até agora, já fui uma ladra e uma mentirosa. — Ela suspirou. — Hora de me tornar uma impostora.

Isla levou quarenta e cinco minutos para chegar à ponte da Ilha do Céu. No passado, Lightlark era uma só. Ent?o, milhares de anos atrás, foi separada em peda?os, para que cada reino pudesse ter a sua ilha. Todas estavam ligadas ao Continente por cordas e madeiras que n?o pareciam nada estáveis. O vento assobiava através dos grandes v?os entre cada placa de madeira. As cordas que as uniam estavam finas e gastas. A coisa toda balan?ava para a frente e para trás como um pêndulo. Isla olhou para baixo, vendo, a uns sessenta metros sob seus pés, a água se agitando como uma sopa pronta para fervê-la.

— N?o — ela disse apenas, a palavra escapando de seus lábios para a noite vazia.

Ela já tinha lido sobre essas pontes encantadas. Embora tradicionalmente fosse permitido a todos visitarem todas as ilhas, alguns reinos eram famosos por restringirem o acesso durante conflitos políticos. Se Azul ou o governo Etéreo com base em Lightlark decidissem que pessoas de fora do reino n?o tinham autoriza??o para passar, a ponte desabaria, derrubando Isla centenas de metros abaixo.

Era improvável, mas n?o impossível. Se ela caísse, ninguém ouviria seus gritos. Pior, mesmo se alguém escutasse, n?o sobraria nada dela para salvar.

Seu reino inteiro morreria em um instante, só porque ela era tola o suficiente para cair de uma ponte.

Era um risco muito grande.

Isla deu um passo para trás.

Esbarrando direto em alguém.

Ela se acalmou, for?ando-se a n?o gritar, ent?o se virou, as m?os estendidas em um pedido de desculpas.

Um homem Etéreo alto e sardento estava ali, olhos semicerrados, um grande copo de bebida na m?o.

— Atravessando? — ele perguntou alegremente, olhando para ela como se nada estivesse errado.

Ele n?o questionou o cabelo dela.

N?o olhou para suas roupas ou rosto com suspeita.

De repente seu olhar se estreitou, e Isla congelou, se perguntando se ele estava prestes a gritar para toda a Lightlark que Isla Crown, governante dos Selvagens, estava tentando entrar na Ilha do Céu.

Aí ela se lembrou de que ele estava olhando de forma esquisita para ela n?o por estar tentando decifrar sua identidade, mas porque Isla estava encarando-o boquiaberta por vários segundos sem responder.

— Sim, claro — ela conseguiu dizer, for?ando um sorriso.

Ele sorriu de volta. Seus olhos se voltaram para a ponte atrás dela, como se dissesse: E aí, vai atravessar ou n?o?

Agora ela n?o tinha escolha. Isla deu um passo, sentindo pelo menos um vislumbre de conforto já que, caso ela despencasse centenas de metros, alguém saberia seu destino imediatamente.

O pé encontrou uma placa firme.

Alívio tomou conta de suas pernas.

O restante do caminho foi instável e preenchido por pelo menos mais meia dúzia de sensa??es de embrulhar o est?mago, mas ela chegou ao outro lado inteira.

E, quando chegou, foi pega de surpresa pelo mundo em que havia entrado.

A Ilha do Céu era uma cidade flutuante. Peda?os gigantes de rocha pairavam no ar, conectados por pontes como contas em uma pulseira. Cachoeiras derramavam água de cadeias de montanhas levitantes, suas bases triangulares e raízes muito abaixo delas, quase alcan?ando o ch?o. No maior peda?o flutuante ficava um palácio com pináculos que se erguiam t?o alto nas nuvens que deviam arranhar o próprio céu.

A área abaixo da cidade flutuante era muito inferior. Isla sentiu-se como se caminhasse pelo fundo do mar, olhando maravilhada para a superfície. Poppy tinha ensinado a ela que os Etéreos já tinham sido capazes de voar… até que a maldi??o os prendeu para sempre ao ch?o.

A única pessoa que ainda conseguia voar era Oro. Por ser um Original, ele tinha todos os poderes dos reinos Lightlark, mas n?o suas maldi??es. Apenas as dos Solares o afetavam, uma vez que sua família havia reivindicado o reino como deles muito tempo antes.

A segunda cidade, construída abaixo da primeira, cobria cada centímetro de uma montanha. No seu cume erguia-se uma torre alta o suficiente para alcan?ar a base da rocha flutuante mais próxima. Isla perguntou-se se era assim que se entrava na cidade voadora, e quem tinha permiss?o de fazer isso. Na base da montanha ficava um mercado que cheirava a hortel? e cerveja.

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