Lightlark (Lightlark, #1)(29)
Oro se endireitou, o feiti?o foi quebrado. A m?o do rei foi libertada.
Ele havia vencido.
Em apenas três minutos.
Isla engoliu em seco. O rei esteve vivo por mais de quinhentos anos.
E se ela mantivesse a multid?o esperando ali por horas? O que isso diria sobre ela e suas habilidades? Sobre o quanto merecia sobreviver ao Centenário?
E se ela nunca vencesse seu medo, e o espelho a mantivesse presa ali?
Isla sabia o quanto o uso daquela relíquia era importante para o plano delas. Mas, de repente, desejou que sua amiga tivesse escolhido uma prova diferente.
Azul era o próximo. Ele levou cinco minutos. Mais do que o rei, mas por pouco.
Quando ele se afastou do espelho, Isla notou que seu sorriso estava um pouco mais desanimado do que o normal. Algo em sua express?o parecia assombrado.
O que ele tinha visto?
Qual medo tinha sido for?ado a enfrentar?
As palmas das m?os de Isla come?aram a suar. Ela as enxugou na capa e respirou fundo. Recomponha-se.
No momento em que Cleo colocou a m?o pálida no espelho, Isla soube que as coisas seriam diferentes. O vidro n?o ondulou tanto. Seus olhos se fecharam e ela congelou completamente, transformada em gelo.
N?o levou dois minutos para seus olhos reabrirem.
Arquejos ressoaram entre a multid?o. Cleo havia derrotado rei, e por por uma diferen?a de mais de um minuto.
Isla sentiu os dentes trincarem. A Lunar devia ser cruel ou completamente destemida. Ambas qualidades perigosas em um inimigo.
Grim terminou seu teste em pouco menos de três minutos.
Celeste completou o dela em cinco.
Depois foi a vez de Isla.
O sal?o ficou em silêncio enquanto ela se dirigia para o imponente objeto. O barulho de seus saltos ecoou pelo piso. Seus joelhos tremeram embaixo do vestido, e ela estava grata por seu comprimento.
Mais cedo do que gostaria, Isla se viu levantando a m?o. Seus dedos tremeram ligeiramente antes de tocarem o espelho.
Ele se mexeu, mudou.
Ent?o algo a puxou através do vidro.
CAPíTULO DOZE
DESPEDA?ADA
Isla foi absorvida pelo espelho para um mundo de cristal.
Nos muitos meses que ela havia passado pensando nesta demonstra??o, tinha decretado seu maior medo: n?o conseguir salvar seu reino.
Ela havia se preparado para ver um campo de Selvagens mortos. Florestas queimadas. Poppy e Terra mortas a seus pés.
Agora que ela estava no teste, n?o havia corpos, chamas nem animais selvagens moribundos.
Apenas um quarto. O quarto dela, no reino Selvagem.
Estava exatamente como ela o deixou. Limpo. Arrumado. A parede com as espadas brilhava de um lado, como se a saudassem.
Ela esperava sentir uma onda de alívio por estar de volta. Por estar em um lugar t?o familiar depois de duas semanas cercada por estranhos e em uma terra governada por segredos.
Mas tudo o que sentia era pavor.
Se ela falhasse, era para lá que voltaria. Viveria o resto de sua curta vida, amaldi?oada, impotente, mortal e escondida de novo. O reino precisaria de um herdeiro melhor para o próximo Centenário, ent?o seria obrigada a ter um filho.
Ela continuaria sendo protegida.
Um livro da biblioteca de cada vez.
Seu povo visto a distancia, se é que isso seria permitido.
Escolhas feitas para ela por Selvagens que sabiam mais, que conheciam mais do que apenas aquelas paredes de vidro.
Viagens secretas com sua varinha estelar.
Ela nem treinaria mais, porque n?o haveria nada para o que treinar.
Florestas e pessoas continuariam a morrer, flores seriam extintas, Selvagens seriam for?ados a matar para sobreviver, impedidos de se apaixonar, se transformando cada vez mais nas feras que os demais reinos acreditavam que eram.
N?o.
Ela n?o suportaria uma vida assim.
Lightlark era perigosa, mas cheia de maravilhas. Agora que Isla tinha provado o gosto da liberdade, n?o seria trancada em sua gaiola de vidro novamente e se contentaria com isso.
Ela desejava mais do que já havia desejado antes.
Isla viu seu reflexo nas janelas de vidro adiante. Como se instigada por seus pensamentos, seu reflexo come?ou a se mover por vontade própria.
Ela observou enquanto o reflexo andava ao redor do quarto. Deitava-se na cama. Lia um único livro. De novo. De novo. De novo. O reflexo acelerou, seus movimentos um borr?o, e os dias passaram rápido demais, como se o tempo tivesse trope?ado em si mesmo, de novo, de novo, de novo. Agora, em vez de ler o livro, o reflexo rasgou suas páginas. Bateu nas janelas em vez de olhar por elas. Puxou os cabelos em vez de tran?á-los. Arrancou as tábuas do assoalho, uma a uma, procurando por algo, os dedos sangrando. A varinha estelar? Suas tutoras a encontraram e se livraram dela? Anos pareciam passar em segundos, e, por fim, o reflexo parou no meio do quarto enquanto o tempo continuava a passar por ela, seu corpo enfraquecendo, o cabelo caindo, sua alma arrancada do peito. Os olhos tornando-se apáticos.
Ela n?o conseguia se ver assim. Vazia. Todas as melhores partes de si mesma arrancadas. Isla estendeu a m?o para tocar seu reflexo, para confortá-lo.
E, de repente, estava olhando de volta para si mesma.
Seu cora??o batia rápido demais.
Seria esse o seu destino se falhasse? Era isso que estava destinada a se tornar? Uma casca de si mesma?
Uma prisioneira?