Lightlark (Lightlark, #1)(33)
Principalmente cerveja.
Alguém saiu trope?ando do bar mais adiante na rua, o rosto corado, por pouco n?o caindo em uma po?a de v?mito.
Os Etéreos eram conhecidos pela sua natureza expansiva. Isla queria em parte correr para o bar mais próximo e tomar sua primeira bebida, já que sabia que o álcool dava coragem às pessoas.
Mas n?o podia arriscar a distra??o ou um efeito adverso. N?o naquela noite.
Celeste tinha descoberto a localiza??o da biblioteca através do seu criado, um menino Etéreo de pele clara e voz t?o suave que era até difícil ouvi-lo. Aparentemente, o prédio costumava ficar no alto, mas tinha sido realocado em uma torre no mais novo castelo da Ilha do Céu, aos pés da grande montanha.
Isla havia considerado qual seria a melhor forma de entrar despercebida no palácio, mas aparentemente os Etéreos n?o eram t?o pretensiosos ou paranoicos quanto os outros reinos. As portas do castelo estavam abertas, acolhendo todo o povo, dos nobres aos ilhéus. N?o havia guardas.
T?o tarde da noite, havia apenas alguns visitantes circulando pelos sal?es. Um casal, caminhando de m?os dadas, compartilhava uma bebida espumante. Um grupo de adolescentes jogava bola usando apenas os poderes para conduzir o vento. As pessoas do reino n?o eram diferentes de seu líder. Alegres. Felizes.
Era um pouco angustiante, mais de duas semanas do início do Centenário. Eles n?o estavam ansiosos? Sabiam de algo que ela n?o sabia? Será que Azul tinha um plano para o Centenário que compartilhou com seu povo?
Isla virou-se para o lado leste do palácio e observou com aten??o. Estava surpreendentemente bem conservado, considerando que era a casa de um governante que só aparecia durante alguns meses a cada século. Tinha apenas uma fra??o do tamanho do castelo no Continente e era pintado de azul-claro, como um ovo de pássaro gigante. Seus tetos foram projetados para lembrar o céu enorme e infinito, e eram extraordinariamente altos. Vento assobiava pelos corredores e por várias janelas abertas.
Livre. Arejado. Leve.
N?o foi difícil encontrar a torre. Era uma entre poucas, com portas de vidro destrancadas, que revelavam seu interior.
Livros. Andares em círculo repletos deles, dando voltas e voltas, em uma espiral que conduzia a uma claraboia arredondada. O lugar estava completamente vazio. Celeste estava certa, ninguém parecia interessado em ler a uma hora daquelas.
Agora Isla só precisava encontrar a se??o restrita.
Ela analisou o espa?o e franziu a testa. N?o havia salas escondidas nos fundos. Tudo na biblioteca estava em plena exibi??o, em prateleiras embutidas nas paredes. Isla come?ou a subir a escada em espiral, for?ando-se a n?o prestar muita aten??o nos livros. Se ela lesse algum dos títulos, n?o tinha certeza de que seria capaz de resistir à tenta??o de parar e lê-los.
Você terá muito tempo para ler quando as maldi??es forem quebradas, ela disse a si mesma. Depois de usar o desvinculador, ficaria livre para saquear a biblioteca do reino dos Selvagens e devorar todos os livros que quisesse.
Ela só precisava encontrá-lo.
A torre era mais alta do que parecia lá de baixo. Levou vários minutos para chegar ao topo.
Quando chegou, franziu a testa. Nenhuma se??o restrita.
Sem relíquias. Apenas livros. Milhares deles.
Isla agarrou o corrim?o, olhando para o ch?o a trinta metros de distancia lá embaixo. A biblioteca estava vazia. Oca. Ela quase n?o resistiu ao desejo de preenchê-la com gritos de frustra??o.
Mas ela n?o tinha pintado o cabelo, roubado roupas e entrado no território de outro reino de Lightlark para desistir t?o fácil.
A biblioteca de todas as ilhas tinha uma área restrita.
Aqui, ela devia estar escondida.
Isla voltou-se para a parede e apalpou-a com cuidado, batendo devagarinho. Era sólida, livros cobrindo cada centímetro do interior da torre. Seu centro era apenas ar.
Sem espa?o para segredo algum.
A n?o ser...
Ela olhou para a claraboia. Se ficasse na ponta dos pés, conseguiria alcan?á-la.
Seu est?mago revirou quando ela delicadamente tirou as luvas do bolso. Eram t?o ásperas e finas que poderiam rasgar se n?o tomasse cuidado. Isla tentou n?o pensar do que elas eram feitas, de quem eram...
N?o. Ela precisava manter a cabe?a na miss?o ou ia acabar vomitando o jantar.
Torcendo para que Celeste estivesse certa e a essência de Azul estivesse de fato guardada no tecido, ela vestiu as luvas, ent?o encostou a palma da m?o no vidro.
Uma abertura surgiu, junto com uma elegante escada de metal que se desdobrou diante de seus olhos.
O sorriso de Isla era pura satisfa??o, quase primitivo. Ela havia descoberto o segredo de um governante. Tinha feito isso sozinha. Uma jovem governante sem poderes.
N?o há tempo para comemorar. A bronca de Terra estava em seu cérebro. Sempre que Isla sorria depois de dominar uma habilidade ou conseguir desarmar sua tutora, era castigada.
O tempo pode parar por apenas um instante, Isla disse uma vez.
N?o para você. A partir do momento em que nasceu, o relógio come?ou a contagem regressiva, Terra respondeu. Qualquer tempo n?o usado para se preparar para o Centenário era tempo desperdi?ado. Querer algo além de defender e proteger seu reino era egoísta. A vida de Isla nunca tinha sido dela.
Com o desvinculador, poderia ser.