Lightlark (Lightlark, #1)(28)
Um problema: ela só poderia come?ar sua busca pelas bibliotecas depois da demonstra??o de Celeste. A demonstra??o daria a elas a última coisa de que precisavam para localizar o desvinculador.
Felizmente, a carta dourada de Oro para a Estelar chegou na manh? seguinte. Cada governante tinha o direito de escolher quando e onde a demonstra??o aconteceria, desde que fosse em até dois dias após o recebimento da carta do rei.
Celeste escolheu realizar a dela imediatamente.
Quando Ella bateu à porta do quarto, Isla demorou para atender, como se já n?o estivesse vestida com o traje perfeito para o próximo teste. Como se n?o tivesse passado as últimas horas pensando em diferentes desfechos para aquela demonstra??o. Como se, coincidentemente, n?o tivesse solicitado que sua refei??o fosse entregue mais cedo.
O papel que ela recebeu era prateado, brilhante. As palavras foram escritas na caligrafia perfeita de Celeste.
Um teste de medo, dizia o convite.
Local: Sal?o de Vidro
Hora: Agora
Isla seguiu Ella pelo castelo do Continente. Nunca havia estado naquela ala antes, uma parte que parecia antiga, quase intocada por centenas de anos.
As paredes estavam cobertas de pinturas e retratos de líderes Solares.
Ela viu o que só podia ser o antecessor de Oro, seu irm?o, o rei Egan. Ele governou por séculos antes de se sacrificar na noite das maldi??es. Isla reconheceu o mesmo cabelo dourado, as sobrancelhas com o mesmo desenho.
O rei Egan, no entanto, tinha olhos vívidos, um vislumbre de alegria.
Diferente do irm?o.
Isla se perguntava se Oro sempre tinha sido desse jeito... ou se quinhentos anos de maldi??es tinham cobrado seu pre?o.
O Sal?o de Vidro era jateado, a luz do sol embargada e suavizada, uma prote??o para os Solares. Ela se perguntou se Oro alguma vez se preocupou em abrir as cortinas das janelas à noite, sabendo que esquecer de fechá-las significaria a morte pela manh?.
Ent?o se lembrou de quando ele a salvou. Ele estivera na varanda logo depois do p?r do sol, como se estivesse sedento por estar a poucos centímetros e minutos da luz.
Uma maldi??o cruel.
Todas as maldi??es eram muito cruéis.
Celeste já estava lá, conversando com um grupo de nobres Estelares. A capa de sua amiga era magnífica, feita especialmente para sua demonstra??o. De alguma forma, um alfaiate do reino Estelar havia conseguido tecer uma seda t?o fina, t?o translúcida, que parecia vidro. Levemente prateado, com estrelas costuradas nas bordas, cristalinas e brilhantes.
Isla teve que se segurar para n?o sorrir para a amiga, para n?o prestar aten??o nela.
O rei também estava lá, cercado por nobres, conselheiros e ilhéus ricos que usavam pulseiras e colares dourados, t?o enfeitados que pareciam estátuas de ouro feitas pelo seu rei.
Cleo entrou, acompanhada por sua comitiva, que a seguia como guardas.
Azul ria com um grupo, interagindo com eles mais como um amigo do que como um líder falando com seus súditos.
Isla estava sozinha, sem ninguém para rodeá-la. Até Ella a deixou, esperando nos cantos com os outros servi?ais.
Grim também estava só. Ele apareceu do outro lado da sala, fazendo os nobres mais próximos correrem como baratas.
Seus olhos escuros encontraram os dela, e ela viu certa compreens?o neles.
Ambos estavam sozinhos.
Foi por isso que ele a ajudou?
Porque ele sabia como era?
N?o. Ele era um inimigo, ela precisava se lembrar disso.
— Bem-vindos — disse Celeste.
Ela estava de pé ao lado de um objeto alto e encoberto. Parecia uma estátua escondida por um len?ol.
N?o era.
— Minha demonstra??o é uma prova de medo. Quem vencer seu maior medo primeiro será o vencedor.
Uma ampulheta prateada estava do outro lado da sala, contando os segundos.
As demonstra??es eram planejadas com cuidado. Algumas eram escolhidas para mostrar a superioridade do governante anfitri?o, outras para demonstrar a fraqueza de um oponente em particular… e havia aquelas que eram como a de Celeste, com um propósito mais misterioso.
Com a m?o coberta por uma luva prateada, Celeste puxou o len?ol que brilhava, revelando um imponente espelho.
Era uma antiga relíquia Estelar que a governante havia trazido de seu reino. Isla havia observado o objeto por mais de um ano, como um espectro no canto do quarto de Celeste. Só podia ser usado por alguém uma única vez, ent?o Isla n?o teve como praticar. Mas tinha quase certeza de qual seria seu maior medo.
— Quem gostaria de come?ar? — perguntou Celeste.
O medo talvez fosse a maior fraqueza de um governante. O que mais se temia poderia condenar um reino inteiro. Era um bom teste.
Mas n?o foi por isso que Celeste escolheu esse desafio.
O rei deu um passo à frente. No momento em que encostou a palma da m?o no espelho, o vidro se ondulou como água agitada em uma ta?a.
De repente, parou. Assim como o rei.
Durante alguns minutos, Oro partiu em uma jornada que nenhum deles podia ver. Ele apenas olhava fixamente para o espelho, a m?o ainda na superfície, sobrancelhas se franzindo algumas vezes, formando uma express?o séria.
Todos tinham um medo. Isla se perguntou o que o rei temia. Segundo Celeste, o espelho prendia a pessoa até ela conseguir superar seu maior medo. Alguém poderia ficar preso ali dentro para sempre. Muitos morreram usando a relíquia.