Lightlark (Lightlark, #1)(37)



Foi assim que ela descobriu que os aposentos de Grim ficavam do outro lado do castelo, mais distante do que todos os outros governantes. Isla já havia se decidido a encontrá-lo, mesmo com todas as possíveis consequências, mesmo sabendo o que estava colocando em risco. Tinha ido até ali apesar disso.

Mas, de pé na frente da porta, com a m?o a centímetros da pedra, ela hesitou.

Antes de perder a coragem, a porta se abriu.

Grim estava ali, olhando para ela com uma sobrancelha levantada.

— Desculpe por ter fugido — ela disse. Tinha sido mesmo muito rude, depois de toda a ajuda dele. — Vim agradecer, mais uma vez. E oferecer algo em agradecimento pelo... pelo que você fez.

Um sorriso come?ou a tomar conta do rosto dele com a men??o de um agradecimento.

— Ah, é mesmo? — respondeu, a voz ficando ainda mais profunda, de alguma forma.

Isla olhou para ele como se dissesse n?o esse tipo de agradecimento. Grim era um descarado. Será que era assim com todas? Ela era apenas a mais recente vítima de seus flertes?

Aquilo tinha que ser parte do plano. O que só tornou o que ela estava prestes a fazer uma tolice maior ainda.

Seus olhos brilharam de forma dissimulada.

— A minha demonstra??o é a próxima — disse Isla, as palavras saindo de sua boca antes que ela pudesse mudar de ideia. — Amanh?. Exige prepara??o.

O rosto de Grim ficou surpreendentemente sério.

— Devoradora de Cora??es, você n?o precisa...

N?o. Ela precisava. Grim agora sabia um de seus segredos, depois de encontrá-la com a cor dos Etéreos. Ele a ajudou, tornando-a invisível para Cleo. Isla estava em dívida com Grim e n?o gostava disso. Ent?o ela lhe daria a informa??o para acabar logo com isso.

— é para demonstrar o valor do seu reino. Mostrar algo de importante criado por ele, para o futuro de Lightlark.

O Umbra n?o desviou o olhar. N?o sorriu. N?o agradeceu. Simplesmente assentiu.

E ela assentiu de volta.

Só mais tarde naquela noite, encarando o teto em vez de dormir, foi que ela se perguntou se havia cometido um grave erro.





CAPíTULO QUINZE


ELIXIR





Isla lhes deu uma hora.

Em vez de um teste centrado no poder do governante — por raz?es óbvias —, Isla desejava testar a capacidade dos reinos. Seu povo podia n?o estar na ilha, mas essa era uma chance de mostrar a Lightlark tudo o que eles eram, além de sua maldi??o sanguinária.

Suas tutoras queriam que a demonstra??o fosse algo diferente, em uma oportunidade para promover sua própria estratégia.

Isla as convenceu de que demonstrar que seu povo podia curar tanto quanto podia matar poderia fazer os outros governantes perceberem o valor dos Selvagens, especialmente em compara??o aos Umbra, que apenas destruíam.

O aviso que tinha dado a Grim sobre a demonstra??o anulava parte dessa estratégia. Complicava tudo.

Eles estavam de volta à arena. Queria o maior número possível de ilhéus presentes para ver o que trouxera de sua terra.

Isla já havia anunciado seu teste para um público desconfiado. Sua voz tinha soado surpreendentemente suave, sem nenhum sinal de ansiedade.

As regras também tinham sido estabelecidas. O público votaria em qual demonstra??o de habilidades de um reino seria mais útil para garantir o futuro da ilha. Ninguém podia votar em seu próprio governante, embora Isla n?o tivesse a ilus?o de que isso daria aos Selvagens uma chance de ganhar. Ela n?o venceria, mas também n?o precisava. O que a multid?o precisava saber era que os Selvagens eram mais do que apenas sedutores perversos.

Os governantes ficaram no centro da arena. Ela se perguntou se uma hora seria tempo suficiente para se preparar, considerando aqueles que ainda n?o sabiam sobre a demonstra??o.

Suas express?es n?o revelavam nada, esperando que ela chamasse seus nomes.

— Azul.

O governante atravessou o centro da arena, seguido por uma fila de outros Etéreos que ajudavam na demonstra??o.

— Nosso reino vem trabalhando em uma forma de comunica??o que usa o vento. Uma comunica??o mais fácil significa mais eficiência, processos simplificados... convites mais rápidos para festas.

A multid?o riu. Azul certamente sabia como se apresentar. Isla pensou em suas palavras sobre o governo dos Etéreos no dia anterior. Seu povo parecia adorá-lo. Era por isso que Azul deu essa escolha a eles? Ela, mais do que ninguém, entendia a importancia da liberdade...

Ele pegou um peda?o de pergaminho de um bolso interno da capa e escreveu uma mensagem. Em seguida, dobrou-o cuidadosamente em um quadrado e usou seu poder para fazê-lo voar pela arena, direto para a m?o de Isla.

Todos os olhos estavam nela. Isla abriu a página e leu as palavras que o governante havia rabiscado: Claro, também temos nossa música...

Isla n?o conseguiu segurar um sorriso.

— Isso pode ser replicado em grande escala — acrescentou Azul.

Ele fez um gesto para o resto dos Etéreos que se juntaram a ele. Eles carregavam pilhas de folhas de pergaminho. Sem aviso, jogaram tudo para o ar.

Diante de seus olhos, cada um dos papéis foi dobrado cuidadosamente, ent?o eles voaram, um após o outro, em dúzias de trajetos que os Etéreos haviam criado no céu, correntes de vento para que as mensagens seguissem trilhas no ar até seus destinatários. Uma verdadeira infraestrutura de comunica??o em massa.

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