Lightlark (Lightlark, #1)(51)



Será que ele seria capaz de sentir sua falta de poder se passassem mais tempo juntos? Grim n?o tinha conseguido. Mas Oro era o rei de Lightlark, suas habilidades eram infinitas.

Isla tinha que encontrar uma saída para isso... Uma desculpa. Ela esperou Celeste bater a sua porta, para pensarem em alternativas.

Celeste. Sua amiga tinha formado dupla com a pior governante possível. Cleo. Ela sentiu uma pontada de pavor.

Tudo tinha dado t?o errado.

Tudo por causa do rei.

Horas depois, uma batida à porta. Isla tinha feito tudo o que podia para se distrair, esperando que a Estelar finalmente chegasse. Tinha tomado banho, como se pudesse afastar da pele o dia vivido com água. Tinha colocado suas roupas mais confortáveis, as pe?as guardadas às escondidas na bagagem antes de deixar o reino dos Selvagens: uma camisa larga de manga comprida que Poppy tinha deixado que ela usasse à noite. Cal?as justas que eram t?o macias quanto a camisa.

Celeste, até que enfim, ela pensou enquanto abria a porta.

Mas n?o era Celeste.

As sobrancelhas de Oro se ergueram de leve enquanto ele a observava. Isla parecia uma pessoa completamente diferente, sem maquiagem, o cabelo em um coque alto, uma camisa cinco números maior. Ela teria se preocupado pelo fato de encontrar o rei assim, sem a máscara da sedutora Selvagem, se n?o estivesse t?o irritada.

Ela cruzou os bra?os sobre o peito.

— Você normalmente visita outros governantes no meio da noite?

Oro copiou a express?o fria de Isla antes de olhar por cima do ombro dela para o quarto.

— Posso entrar?

Isla sentiu um aperto no peito. Havia muitas coisas em seu quarto que entregariam seus segredos. A varinha estelar. Sua dependência de elixires. Mas ela n?o podia recusar. Isso só o deixaria mais desconfiado.

— Pode, né.

Ela deveria ter previsto que ele iria procurá-la. Ele tinha, afinal, decidido juntar-se a ela por algum motivo. Isla havia se retirado com uma desculpa o mais rápido possível, fugindo para o quarto com medo de que todos na sala fossem capazes de ouvir a batida instável de seu cora??o ansioso se ficasse mais tempo lá.

Ele passou por ela e franziu a testa diante do estado de seu quarto.

Nem estava t?o bagun?ado. Havia alguns vestidos que ela n?o tinha conseguido guardar pendurados na mobília e xícaras de chá empilhadas na mesa de cabeceira, mas e daí? O quarto do rei era perfeito?

Ela fechou a porta e continuou onde estava.

— Sim? — perguntou sem rodeios.

Oro pegou cuidadosamente um de seus vestidos, colocou-o na cama e sentou-se na cadeira que o traje ocupava, recostando-se como se estivesse em seu próprio quarto. E Isla sup?s que estava.

Seus dedos percorreram as laterais curvas do assento enquanto dizia: — Gostaria de fazer uma proposta.

Por um momento, Isla considerou pegar a varinha estelar de seu esconderijo no guarda-roupa e ir para algum lugar distante. Seria t?o fácil...

De alguma forma, ela se for?ou a permanecer firme.

— H?? O que você prop?e?

Eles já eram uma dupla. Isla n?o entendia por que o rei queria fazer algum outro acordo além disso, mas decidiu que seria melhor deixar que ele falasse. Talvez assim, finalmente, conseguisse algumas respostas.

Oro entrela?ou os dedos longos.

— Tenho uma teoria sobre as maldi??es, uma em que tenho trabalhado ao longo de meio século. E acredito que você seja capaz de me ajudar.

Ela queria rir e dizer que, se era de poder que ele precisava, deveria pedir a outra pessoa. Queria dar qualquer desculpa em que conseguisse pensar.

— A quest?o é que preciso de certos conhecimentos naturais. Algo que você evidentemente possui.

Ent?o tinha sido por isso que ele a salvara naquele primeiro dia. Por que tinha colocado os dois juntos. Ele precisava de algo...

— Qual é a proposta?

— Você está, é claro, ciente da penúltima linha do enigma. Um de nossos reinos deve cair para que as maldi??es sejam quebradas. — Isla assentiu. — Como somos uma dupla, n?o posso machucá-la. E, se você me ajudar a encontrar o que procuro, farei o meu melhor para protegê-la dos outros governantes também.

Protegê-la.

Ela odiava essa palavra, embora precisasse realmente ser protegida.

Queria que n?o fosse assim.

Além disso, “o seu melhor”?

Ela lhe lan?ou um olhar fulminante. Seus pensamentos vieram à tona sem filtro. Para que fingir, como fazia com todos os outros, representando um papel, dizendo apenas o que queriam ouvir? Cada vez que olhava para Oro, tudo o que Isla ouvia na cabe?a era o primeiro passo do plano de suas tutoras. Seduzi-lo. Roubar seus poderes.

Elas a menosprezavam tanto assim?

Será que o rei a menosprezava tanto que acreditava que Isla precisava de sua prote??o?

— Você quer me proteger? Pensei que estivesse morrendo.

Os olhos de Oro arderam como fogo. Ela imaginou que, se ele n?o precisasse dela ou n?o fosse for?ado a seguir as regras, teria sido incendiada bem ali, com um único olhar.

— Temos um acordo ou n?o, Selvagem? — Ele cuspiu a última palavra como se tivesse queimado a língua.

Isla sorriu.

— Você me acha repugnante, n?o é? — Isla deu um passo na dire??o dele. — é porque como cora??es? — perguntou, prazer florescendo enquanto a express?o fechada dele ficava mais carregada. — Ou s?o os vestidos? — Ela fingiu compaix?o. — Que pena que a única pessoa capaz de te ajudar com sua suposta teoria te cause tanta repulsa.

Alex Aster's Books