Lightlark (Lightlark, #1)(48)



Oro assentiu.

Os Estelares ergueram as m?os e os pires minúsculos saíram voando, pousando cuidadosamente sobre a mesa, seguidos por xícaras de chá, que repousaram nos pratinhos com um tinido. Três recipientes surgiram na frente de Isla. Bules adornados pairavam no alto, bem acima da mesa, cheios. Lunares levantaram as m?os e o chá fumegante, sem dúvida aquecido pelos Solares, escoou dos bules como pequenas cachoeiras, através de coadores que os Estelares seguravam com firmeza, um rico líquido vermelho que encheu a primeira xícara. Os bules se endireitaram e se moveram em círculo antes que o segundo recipiente se enchesse de um líquido dourado como mel. O terceiro chá era azul-escuro como safiras.

Os Estelares ergueram os bra?os novamente e cubos de a?úcar caíram em cada xícara, seguidos de gotas de mel e um pouco de creme. Cada sabor de chá tinha finaliza??es específicas, o chá azul recebendo uma fatia de lim?o, o vermelho uma folha de menta, o dourado presenteado com uma casca de laranja cristalizada.

Enfim, os Etéreos balan?aram os punhos, enviando uma brisa suave sobre as bebidas, esfriando-as.

Grim suspirou.

— Suponho que este n?o seja o melhor momento para mencionar que detesto chá?

Oro o ignorou.

— Por favor, aproveitem — disse ele.

Isla adorava chá. Ela teria sorrido em circunstancias mais felizes.

Selvagens eram especialistas em coletar as ervas, folhas e especiarias mais saborosas que, quando em infus?o, faziam as mais deliciosas bebidas. Isla pegou o vermelho primeiro. A gota de creme o transformou no rosa das dálias. Ela levou a xícara aos lábios timidamente, se preparando para o líquido ardente. Mas os Etéreos deixaram o chá na temperatura perfeita. Ela tomou um bom gole e quase gemeu. Tinha gosto de frutas sem ser azedo, de mel sem ser pesado.

Seus olhos se fecharam, e ela só os abriu quando o chá de sua xícara tinha acabado. Ela abaixou a xícara e encontrou Oro a encarando.

— Chega aos pés dos chás Selvagens? — ele perguntou.

— Dá para beber — respondeu ela categoricamente. Ent?o pegou a segunda xícara.

Cleo a observou. Com muita aten??o.

— Como os Selvagens tomam chá? — ela perguntou, olhos afiados brilhando. — Com um toque de sangue?

Isla bebeu o segundo chá lentamente. Este, o dourado, tinha gosto de caramelo.

— E nos cranios de nossos inimigos — retrucou com firmeza e um sorriso bem-humorado, como se as palavras da Lunar fossem uma piada amigável e n?o uma farpa de um inimigo.

Houve alguns momentos de barulho e silêncio enquanto bebiam o chá. Isla terminou a primeira xícara e olhou dentro dela, notando um estranho padr?o nas folhas grudadas no fundo.

O chá seguinte formou um desenho semelhante.

Quando terminou o terceiro chá, seu sangue tinha esfriado.

Oro se levantou.

— Bem-vindos à minha demonstra??o — disse ele. Tens?o varreu a sala. A energia aumentou.

Demonstra??o? Mas n?o havia sequer ilhéus presentes. Embora, ela sup?s, isso n?o fosse realmente uma regra, apenas um costume. Algo de que a maioria dos governantes também gostava, mostrar sua excelência em seus próprios testes.

O dedo indicador do rei circulou a borda de uma de suas xícaras.

— Estes n?o s?o chás comuns — ele continuou, seu tom firme. — é o chá da verdade.

Isla ficou imóvel. O medo escorria por sua coluna.

— Seu maior segredo está escrito nas folhas.

Ela arriscou um olhar para as xícaras.

E viu sua maior verdade escrita nas três, em um roteiro cuidadoso.

Eu n?o tenho poderes.

Foi necessária cada gota do treinamento de Isla para n?o deixar o pavor tomar seu rosto. Ela permaneceu calma, embora por dentro fosse uma tempestade, desesperada para fugir.

Isla observou os outros governantes tentando se distrair do panico que transformava sua pele em espinhos. Cleo estava mais pálida do que o normal. Azul simplesmente franziu a testa. Grim parecia pronto para revestir a sala inteira com as cinzas de Oro. Celeste lan?ou um olhar estranho e arriscado em sua dire??o, os olhos arregalados transmitindo uma mensagem.

é você, ela parecia estar dizendo. é claro. O maior segredo da Estelar era um que ela guardava para Isla.

A urgência de seu olhar dizia corra.

Antes que Isla pudesse pensar em fazer qualquer movimento, o rei pegou sua primeira xícara e disse: — Quem compartilhar seu segredo vence o meu teste.

O estilha?ar de vidro soou quando Celeste deixou cair suas xícaras no ch?o, retirando-se do desafio. Ela olhou para Isla de forma expressiva, por apenas um instante, e seu cora??o se apertou. Celeste era uma amiga melhor do que ela merecia.

Azul quebrou as dele em seguida.

Sem perder tempo, Isla empurrou suas xícaras para o ch?o e observou elas se quebrarem em mil peda?os, seu segredo perdido nos cacos.

Grim jogou as dele uma a uma, olhos fixos no rei. Isla nunca o tinha visto com uma express?o t?o assassina. Ele tinha se transformado no famoso assassino Umbra, o governante implacável sobre quem ela havia sido advertida. A express?o dele continha promessas de tortura e escurid?o.

A for?a de seu poder invisível atacou, ondas de um frio abrasador preenchendo a sala. Por um momento, os ossos de Isla pareceram ocos, mortos.

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