Lightlark (Lightlark, #1)(58)
Oro n?o consultou um mapa, mas caminhava com seguran?a, a ilha parecendo ter uma atra??o gravitacional só para ele.
— Identifiquei dois lugares em Lightlark que possuem um número incomum das plantas que você mostrou no jardim — ele enfim disse. — Um é aqui. O outro, no Continente.
O terreno da floresta se transformou em um aclive íngreme, e eles o escalaram em silêncio. O rei poderia ter voado, ela sabia, e isso teria economizado muito tempo. Devia haver uma raz?o para isso. Ele tinha mencionado estar procurando o cora??o há mais de meio século; talvez tivesse sobrevoado cada polegada da ilha sem sucesso.
Desta vez parecia que ele queria ser mais minucioso.
Finalmente chegaram ao topo da colina, e Isla olhou para um vale cheio de plantas-bolsa. O alívio correu frio pela sua coluna. Essa variedade n?o era perigosa. Estaria relativamente segura aqui.
Mas havia uma nova preocupa??o. Havia milhares de plantas, ocupando cada centímetro de vale, de montanha a montanha. Milhares e milhares. Procurar toda a área com o cuidado necessário, a pé, levaria dias.
— Como vamos conseguir encontrá-lo?
— Você saberá. O poder que o cora??o irradia é inconfundível, mas detectável apenas de uma distancia muito próxima.
Ent?o era por isso que ele n?o a havia abandonado para sobrevoar a extens?o do vale em minutos.
Isla n?o confiava em sua capacidade de sentir o cora??o apenas por meio do seu poder.
N?o quando ela n?o tinha nenhum.
— Ele... vai ter alguma aparência especial? — ela perguntou.
Os cantos dos lábios de Oro viraram para baixo, como de costume.
— Sim, Selvagem — respondeu ele. — Vai ter uma aparência especial. — Ele virou-se para a esquerda sem encará-la. — Vou come?ar por ali.
Bom. Pelo menos n?o estariam procurando lado a lado.
Isla voltou a erguer os olhos para o vale e engoliu em seco. Realmente era muita terra em que procurar. Além disso, tudo parecia igual. Seria fácil confundir onde ela já tinha olhado ou n?o, especialmente ao longo dos dias. Ela precisava de uma estratégia.
Isla encontrou um padr?o nas plantas; fileiras que, apesar de n?o serem perfeitamente dispostas, eram fáceis de detectar uma vez que conhecia sua forma. Agora ela só precisava de marcadores para indicar as áreas que já havia pesquisado. Seus olhos observaram a terra, procurando uma cor que se destacasse. Uma flor diferente, talvez. Um tipo especial de videira.
Mas n?o havia nada, as plantas pareciam todas iguais. Mesmo as da floresta às suas costas eram de um tom muito parecido.
Ela era a única coisa que se destacava em todo o vale.
Isla suspirou e lembrou a si mesma que essa era a melhor maneira de conseguir entrar na biblioteca da Ilha do Sol. Ent?o come?ou a rasgar a barra de sua camisa favorita.
Isso. Teria que fazer isso.
Ela foi eficiente. Depois de quatro horas, tinha coberto um bom peda?o de sua área e desenvolvido um sistema. As plantas-bolsa abriam quando seus topos eram acariciados. Levava alguns longos momentos para suas folhas e vinhas desenrolarem, e mais alguns segundos para dar uma boa olhada lá dentro antes de fecharem novamente. No seu menor tempo, conseguir verificar cinco por minuto. Quando terminava uma fileira, marcava amarrando uma tira de tecido na última planta.
Quando Oro veio buscá-la, Isla tinha olhado dentro de mais de mil plantas-bolsa, e sua camisa tinha sido destruída. Antes ia até os joelhos. Agora, terminava bem acima do umbigo.
O rei parecia horrorizado. Isla sorriu, deleitando-se com o fato de que parecia t?o selvagem quanto ele acreditava que fosse, coberta de sujeira, o cabelo bagun?ado em volta do rosto, as roupas em farrapos.
— O que você fez? — ele quis saber.
Ela cruzou os bra?os.
— O que eu fiz foi verificar toda essa área — respondeu, apontando para um grande campo dividido por retalhos de tecido.
Os olhos do rei dispararam brevemente para o local que ela havia indicado. Ele n?o parecia impressionado.
Ele n?o parecia nada.
Isla estreitou o olhar.
— Isso significa que n?o encontrou?
Ele n?o se dignou de dar uma resposta. Só se virou e voltou por onde tinha vindo.
Na manh? seguinte, Ella chegou com roupas. Mais camisas de manga comprida quase iguais às que tinha rasgado. Cal?as parecidas com seu outro par, agora coberto por uma camada de terra, porém mais grossas, com tecido refor?ado nos joelhos, melhores para a natureza. Botas muito mais adequadas para a tarefa de caminhar em florestas e vales do que seu par de chinelos sujos de terra.
— O rei enviou isto — disse a criada.
Isla revirou os olhos.
Ela quase quis se rebelar e usar as mesmas roupas de antes, apenas para irritá-lo, mas pensou na miss?o. Em fazer com que ele abrisse a biblioteca para ela. Ele n?o iria honrar seu pedido agora, mas talvez se a visse se esfor?ando para encontrar o cora??o...
Mas ela decidiu que usaria sua coroa naquela noite, ao menos como o mais leve lembrete de que ela também era uma governante de reino, que n?o seria desprezada. Apesar disso, escondeu a maior parte da joia entre as mechas do cabelo, para que n?o entregasse sua identidade às misteriosas criaturas antigas sobre as quais o rei havia avisado.
Antes de se separarem para vasculhar suas partes do bosque, Isla perguntou algo em que vinha pensando desde que Oro compartilhara seu plano com ela: