Lightlark (Lightlark, #1)(62)



Que outra explica??o ele poderia ter para evitá-la de repente depois de ter ido atrás dela com tanta persistência? Ela realmente era apenas parte de seu plano, seja lá qual fosse.

Idiota, disse a si mesma, por acreditar em qualquer coisa diferente disso.

Era a terceira noite deles na floresta de árvores-de-caix?o. Tinham olhado dentro de centenas de árvores, nenhuma com o cora??o. Isla estava come?ando a achar que n?o tinha prestado aten??o suficiente.

Tinha deixado algo passar? Ela identificou as plantas que tinham mais chance de abrigar o tipo de poder que Oro havia descrito... mas poderia estar errada.

No caminho pelo Continente, fez mais perguntas ao rei. Cada dia com ele era um teste para ver quanto lhe contaria.

— Por que Cleo n?o participou do último Centenário?

Azul havia mencionado isso antes.

A floresta ainda n?o tinha tentado machucá-la, mas Isla ainda sentia sua energia se desenrolando ao seu redor, como se a natureza estivesse simplesmente esperando o momento certo de atacar. Até o rei era cuidadoso por onde andava, sem nunca subestimar o poder da floresta.

— Deveria perguntar a ela. Vocês duas se d?o t?o bem.

Isla poderia ter pensado que era a tentativa de uma piada bem-humorada, e teria ficado surpresa com a possibilidade de o rei fazer uma, se seu tom n?o tivesse sido t?o hostil.

Ela o encarou.

— N?o é minha culpa se virei um alvo desde que fiz aquele comentário no jantar.

O rei balan?ou a cabe?a. Parecia incrédulo diante da tolice de Isla.

— Cleo n?o te mataria só porque n?o gosta de você.

Isla zombou. Ele com certeza n?o tinha visto a maneira como a Lunar a encarava, como se estivesse contando as horas até o quinquagésimo dia do Centenário.

— Você parece tê-la em alta conta.

O rei, para sua surpresa, assentiu.

— Tenho. Cleo pensa no bem de seu reino acima de tudo.

Isla se lembrou da demonstra??o da Lunar. Ela havia testado os desejos deles.

Terra e Poppy tinham pregado o mesmo compromisso implacável com seu povo. Somente em Lightlark Isla entendeu o tamanho do sacrifício que era desistir de tudo o que o mundo tinha a oferecer.

— Sério? — Isla disse, incrédula. — Ela n?o tem hobbies? Amantes?

Oro n?o encontrou seu olhar.

— Ela teve alguns relacionamentos, com homens e mulheres, antes de chegar ao poder — disse ele. — Mas desde que se tornou governante concentrou-se inteiramente no futuro do reino. Seu foco é admirável. — Ele co?ou o queixo. — No entanto, isso n?o significa que ela n?o seja um problema.

Problema. Isla se perguntou se ele sabia sobre a legi?o de Cleo. Seus guardas. Ele devia saber.

— O compromisso com seu próprio reino n?o significa que ela mataria qualquer governante que conseguisse para cumprir a profecia? Para garantir que ela e seu povo n?o morressem?

O rei parou.

— Qualquer governante? — ele repetiu.

Ela deu de ombros.

— O primeiro que ela tivesse a chance de assassinar.

Ele nunca pareceu sentir tanta avers?o a ela como neste momento.

— Você n?o entende, Selvagem? Matar um governante n?o é a parte difícil. Nós todos tivemos várias oportunidades de cumprir essa parte da profecia. Você sabe por que matar n?o é permitido até o quinquagésimo dia?

Ele parecia t?o chateado que ela n?o se atreveu a tentar uma resposta.

— é porque escolher o governante e o reino certos para morrer é a parte difícil. N?o apenas porque estaríamos sentenciando milhares à morte, mas porque o futuro de todos nós depende de tomar a decis?o certa. — A voz dele ficou mais alta. Ela nunca tinha visto o rei t?o exaltado. Ou bravo. — Todos os nossos reinos s?o conectados. Você n?o entenderia as consequências de perder um deles. Mesmo se soubéssemos com certeza que esse crime precisa ser cometido novamente, decidir quem precisa morrer seria quase impossível. é por isso, mais do que qualquer outra coisa, que as maldi??es n?o foram quebradas até agora.

Isla n?o sabia por que falou as próximas palavras, mas ela precisava de clareza. Respostas.

— Ent?o por que n?o matar Grim? — ela se perguntou, mesmo que o pensamento fizesse suas entranhas se contorcerem com uma dor surpreendente. Mesmo que ele parecesse ter se esquecido dela. — Ele n?o faz parte de Lightlark. N?o é a escolha óbvia?

O sorriso do rei foi zombeteiro. Cruel.

— N?o posso — respondeu. Talvez por estar com tanta raiva, ansioso para jogar na cara dela sua parca compreens?o, ele acabou dizendo mais do que Isla esperava. — Grim é a única coisa entre nós e um perigo maior, algo que você nem pode imaginar.

Um perigo maior? O que poderia ser mais perigoso do que o Umbra? Ou as maldi??es? Ou o Centenário?

Oro a encarou como se ela fosse uma tola, uma governante ingênua. E agora realmente parecia que Isla n?o sabia de nada. Terra e Poppy sempre trataram o Centenário como um jogo de sobrevivência, em que o mais fraco seria assassinado se os outros tivessem a chance. Se o rei estava dizendo a verdade, os cem dias tinham mais a ver com fazer a escolha certa, e n?o a mais conveniente. Antes que ela pudesse fazer outra pergunta, ele já tinha seguido em frente.

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