Lightlark (Lightlark, #1)(88)



Seus bra?os esticaram sobre a cabe?a.

— Seu canto — ele disse, apenas.

Isla piscou. Parte dela tinha esquecido que ele a tinha ouvido cantar, tantas semanas atrás.

— O quê?

Ele encolheu os ombros.

— Conte-me sobre isso.

Isla olhou para a entrada da caverna. A luz do sol ainda brilhava forte.

— Me acalma. Algo em que sou boa desde que nasci, sem nem tentar.

— Como lutar com uma espada?

— N?o. Isso foi difícil. N?o era naturalmente boa nisso, n?o como cantar. Costumava me frustrar o tempo todo… Terra, minha instrutora de luta, sempre repreendia minha falta de paciência. — Ela suspirou. — Ent?o, eu treinei. Muito. Todos os dias, o dia todo, o tempo todo. Até a espada sequer pesar na minha m?o. Até se tornar parte de mim, tanto quanto a minha voz. Eu a forcei a ser.

Oro a observou, mas n?o disse nada. Era a vez dela.

Finalmente. Era hora de fazer a pergunta, pelo bem de sua própria sanidade. Só para ter certeza de que ela havia tomado a decis?o certa em cancelar sua busca. Era uma coisa arriscada de dizer em voz alta, mas agora, no quinquagésimo quarto dia do Centenário, toda a??o parecia um risco.

— Existe uma relíquia na ilha capaz de quebrar qualquer vínculo? Que pode quebrar as maldi??es daqueles que a usam?

Ela estudou o rosto dele desesperadamente, procurando qualquer sinal de reconhecimento, qualquer sinal de surpresa. O rei franziu as sobrancelhas, mas, mais do que qualquer coisa, Oro parecia confuso.

— N?o — ele respondeu com firmeza. — Se existisse, eu teria encontrado uma maneira de usá-la.

Isla acreditou nele. Era uma coisa tola de se fazer, mas foi o que fez.

O que significava que o desvinculador nunca existiu… ou que tinha sido destruído antes que o rei soubesse de sua existência.

— Era isso que você estava procurando? — ele perguntou. Ele sabia que Isla tinha procurado por algo na biblioteca da Ilha do Sol e que n?o tinha encontrado.

N?o adiantava mentir agora. Ela assentiu.

Era a vez dela novamente.

— Desde quando você consegue transformar coisas em ouro?

Oro pareceu surpreso com a pergunta. Ele piscou. Isla se perguntou se essa seria a que ele se recusaria a responder. Alguns momentos se passaram em silêncio antes de ele dizer: — Desde crian?a. — Seus olhos estavam no ch?o. Perdido em pensamentos. — Disseram-me para guardar segredo — disse ele, franzindo a testa, como se n?o esperasse contar isso a ela. — Egan era o mais velho. O herdeiro. Ele deveria ser o mais forte.

— Mas ele n?o conseguia fazer isso — Isla adivinhou.

Ele encontrou os olhos dela. Assentiu.

— Ent?o por que agora? Por que mostrar a todos?

Oro suspirou. Encolheu um ombro.

— Pensei que, como estou morrendo, poderia muito bem compartilhar todos os meus segredos. — Ele disse isso casualmente, mas seus olhos estavam duros. Sérios. Ela pensou na mancha cinza-azulada que tinha visto horas antes. O quanto ela havia se espalhado desde que ele a mostrara pela primeira vez na sala do trono. Momentos se passaram, e o silêncio se estendeu entre os dois. Ela pensou se ele n?o iria fazer outra pergunta, até que Oro finalmente encontrou seu olhar e disse: — Qual era o seu segredo, Isla?

Isla. Era t?o raro que a chamasse pelo nome em vez de se referir a ela como Selvagem. Como se quisesse lembrar a ambos o que ela era. Ou, ela sup?s, do que deveria ser.

Ela sentiu a garganta ficar apertada.

— O quê?

O olhar dele era implacável.

— Seu segredo na minha demonstra??o. O que era?

Ela engoliu em seco. Balan?ou a cabe?a, negando.

O rei riu sem humor.

— Sabia que n?o me diria. — Ele co?ou um lado do pesco?o. — Que tal essa: por que você me deixou vencer nosso duelo?

Ent?o, ele sabia. O duelo parecia t?o distante. Tanta coisa tinha mudado.

— N?o queria me tornar um alvo.

— Ah.

Sua vez de ser ousada. Para provar que, mesmo tendo proclamado que queria compartilhar todos os seus segredos, ainda havia alguns que ele n?o estava disposto a revelar.

— Qual é o seu dom? — ela perguntou. Ela havia debatido por um tempo se o rei tinha um dos raros poderes que n?o se relacionavam com seus reinos, aqueles que os governantes muitas vezes possuíam.

A forma como Oro fez uma pausa a fez ter certeza de que sim. O Solar inclinou a cabe?a para ela. Ponderando.

— Conte o seu segredo e eu te direi.

Miserável. Ela n?o disse nada.

O rei sorriu. Isso a irritou. Ela nunca o tinha visto sorrir, n?o de verdade e de forma genuína.

— Que tal isso? — Ele se sentou mais ereto. Seus olhos n?o estavam mais vazios, estavam cheios de algo que ela n?o conseguiu decifrar. — Conte-me o seu segredo, e você pode vencer.

Silêncio. Seu cora??o estava batendo t?o alto, era impressionante que n?o estivesse ecoando pela caverna.

— O quê?

Oro nem sequer piscou.

— Quando encontrarmos o cora??o, você pode brandi-lo, cumprindo a profecia. Você pode ganhar o grande poder prometido. — Ele encolheu os ombros. — Mas só se me contar seu segredo.

Ganhar?

Isla nunca tinha pensado em ganhar. Estava dedicada demais a sobreviver. A quebrar as maldi??es dela e de Celeste. E, por último, a finalmente receber suas habilidades de Selvagem.

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