Lightlark (Lightlark, #1)(90)



Seu bra?o abaixou enquanto o observava. Quando ele se virou para Isla, suas sobrancelhas estavam ligeiramente levantadas.

— Você n?o devia ser boa com animais?

— N?o quando eles explodem meus ouvidos — ela disse, batendo com cuidado na orelha. — Você n?o deveria cuidar melhor do seu fogo?

A mandíbula de Oro ficou tensa; parecia que as palavras de Isla o tinham feito pensar.

— Sim — ele disse de forma sucinta.

Eles caminharam em silêncio até que o ch?o virou gelo. Ela podia ver as raízes das árvores abaixo das veias como cristal, escuras como a noite. Eles chegaram a um penhasco onde a neve come?ou a endurecer o ch?o, congelando-o. Suas botas rapidamente ficaram presas nele, ent?o ela seguiu atrás de Oro, cujos passos derretiam uma trilha. Flocos de neve se perderam em seu cabelo e se acumularam em seu nariz, e ela se sentiu t?o fria quanto uma das estátuas de gelo que estavam na frente do palácio da Ilha da Lua.

Depois de uma hora, sua respira??o ficou ofegante, e ela deve ter diminuído o passo, porque Oro finalmente se virou. Um olhar para ela, e ele ofereceu sua m?o.

— Eu posso te aquecer.

Ela queria dizer n?o, mas estava cansada de ser orgulhosa. Ela segurou sua m?o, e ele franziu a testa.

— Você está congelando. — Ele disse isso como uma acusa??o.

Isla queria encará-lo, mas seus olhos ardiam demais para realizar o movimento.

Em um rápido movimento, ele removeu a capa dourada e a colocou ao redor de Isla. Era t?o grande que a envolvia como um cobertor. Ela queria rejeitar, mas no momento em que tocou sua pele seu corpo foi inundado com um calor que parecia derreter através de seus ossos. Ela enterrou o rosto no tecido, ombros tremendo enquanto ela o amarrava mais perto de si. Ele cheirava como mel e folhas de hortel?, deliciosamente macio contra sua pele.

Quando ela finalmente tirou a cabe?a da capa e a abotoou em volta do pesco?o, Oro a observava com cuidado.

— Você está… bem? — ele perguntou, como se a ideia de hipotermia e morrer de frio nunca tivesse passado pela sua cabe?a.

— Estou bem — ela disse rapidamente, levantando o queixo como se isso a fizesse parecer menos ridícula. Ela passou por ele, na neve que inundava seus tornozelos com o frio. — Obrigada.

Oro seguiu atrás, e ela devia estar andando na dire??o correta, porque ele n?o disse uma palavra. Ela n?o parou até chegar a uma placa de gelo t?o grande que era como uma geleira que ficara presa na terra.

Isla olhou para ela. Havia algo ali dentro. Ela se aproximou e limpou com a capa de Oro. Um pouco da geada clareou, e ela se assustou, trope?ando para trás, direto em Oro, que a segurou antes que ela caísse na neve.

Três mulheres estavam presas no gelo.

— Os oráculos — ele disse, as m?os soltando os ombros de Isla.

Ela piscou muitas vezes.

— Achei que havia só um.

— Apenas um descongelou nos últimos mil anos.

— Por que est?o aqui?

Oro deu um passo para o lado dela.

— Um rei muito antes de mim as prendeu no gelo, para que elas nunca saíssem nem morressem. Três mulheres nascidas com o dom da profecia. Enfurecidas por serem presas, duas delas uniram for?as com Umbra, chamando pela parte escura da ilha. Quando a Ilha da Noite foi destruída, elas congelaram para sempre.

— Ent?o, este é um lugar onde a escurid?o encontra a luz.

Oro assentiu enquanto colocava a m?o contra o gelo, que come?ou a descongelar imediatamente.

Os olhos da mulher do meio se abriram. Ela flutuou na água, seus cabelos brancos como uma auréola ao redor de sua cabe?a. Seu olhar foi para Isla, depois Oro, depois Isla novamente.

Sua voz ecoou, soando como um milh?o de vozes presas em uma só garganta.

— Faz muito tempo desde que eu vi um Solar e um Selvagem lado a lado. — Ela inclinou o corpo para eles, seu rosto a poucos centímetros do deles. — Fui avisada para n?o ajudá-los… mas isso é muito curioso…

Essa era a mulher que havia falado da profecia das maldi??es. A chave para quebrá-las. Suas palavras eram as que eles seguiam como lei. As que conhecia desde quando aprendeu a falar.

— Avisada por quem? — Oro exigiu.

O oráculo balan?ou a cabe?a.

— Isso eu n?o posso dizer, mas vou contar mais do que prometi n?o fazer.

Cleo. Tinha que ser Cleo.

— Tantos segredos. Presos entre vocês dois — ela continuou. O oráculo arranhou o gelo com um prego comprido, e o som fez Isla estremecer. — Mas, assim como esta parede, eles também v?o ceder um dia, e v?o se desfazer e cair… deixando para trás caos e loucura.

Isla evitou encontrar o olhar de Oro. O oráculo encontrou seus olhos com a express?o de quem sabia. Sabia de tudo. Ela sorriu.

— Chega de seus enigmas — Oro disse. — Buscamos o cora??o de Lightlark. Está aqui?

O oráculo sorriu ainda mais.

— Está perto. Mais perto do que imagina.

— Ent?o está na Ilha da Lua? — disse Isla.

O oráculo assentiu. O alívio quase a deixou de joelhos.

— Onde?

A mulher sacudiu a cabe?a.

— Isso n?o posso revelar. Vocês dois devem encontrá-lo por conta própria. Essa é a única maneira de usar o cora??o com êxito.

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