Lightlark (Lightlark, #1)(89)



Ele n?o podia estar falando sério.

— Por que você faria isso? — ela exigiu. — N?o quer o poder para si?

Oro balan?ou a cabe?a.

— N?o desejo me tornar um deus — disse ele. — Poder demais é perigoso. Eu nunca quis ganhar, só quero salvar Lightlark.

Isla zombou.

— Você daria o poder para mim?

— Para quem mais? Você acha que Cleo deveria ficar com ele? — Isla mostrou os dentes, e Oro parecia pronto para sorrir com a rea??o dela. — Exatamente.

— Que tal Azul?

Oro balan?ou a cabe?a, mas n?o deu uma explica??o.

Poder. Isla queria isso cada vez mais. O poder prometido, segundo a profecia, era infinito. As coisas que ela seria capaz de fazer…

N?o.

Isla nunca tivera uma gota de poder. O que ela faria com um mar inteiro?

Particularmente porque o pre?o era revelar seu segredo.

Isla balan?ou a cabe?a.

O rei pareceu surpreso, ent?o franziu a testa.

— Ou você é a única governante que também n?o está interessada no prêmio do Centenário — disse ele — ou seu segredo é pior do que eu pensava.

— Isso n?o é uma pergunta — foi sua única resposta.

Pelo resto do tempo, eles mal se falaram. O jogo tinha acabado.

Isla observou a claridade batendo na entrada da caverna até ficar fraca e desaparecer.





CAPíTULO TRINTA E SEIS


ORáCULO





Cada um dos dias após o baile trouxe destrui??o. Uma constru??o antiga caiu no mar. Mais um anci?o morreu. Outra rachadura se formou durante a noite, dividindo o Continente. A tempestade amaldi?oada aumentou ao longo da costa. Ainda presa, ela enfureceu. Relampagos fortes irrompiam o tempo todo, todas as noites, alto o suficiente para Isla ouvi-los de onde quer que estivesse. Contando os dias.

O cora??o n?o estava em nenhum dos lugares da Ilha do Céu nem da Ilha do Sol, onde Oro procurou sozinho.

Mas, no quinquagésimo nono dia do Centenário, chegou a hora de procurar na Ilha da Lua, onde a escurid?o encontrava a luz. Era o último lugar que Oro disse que queria procurar.

Isla se perguntou sobre os guardas. Oro havia insinuado que n?o gostaria que Cleo soubesse que eles estavam procurando algo em sua ilha.

Mas o rei tinha uma solu??o. Uma que Isla n?o gostou.

— Eu vou devagar — ele disse, surpreendendo-a.

Isla o encarou.

— Mais devagar — ele acrescentou.

Ela n?o queria experimentar voar novamente, mas também n?o conseguia pensar em outra maneira de passar pelos guardas sem contar a ele sobre sua varinha estelar.

— Se você me deixar cair…

— Você vai me estripar, estou ciente.

E ent?o ela estava no ar. Enterrou o rosto no peito dele, protegendo os olhos contra o vento. A m?o de Oro estava espalmada em suas costas, seu abra?o um pouco solto demais para o gosto dela, ent?o Isla agarrou o pesco?o dele com for?a.

— Sabe — ele disse em seu ouvido —, eu me perguntava como os Selvagens arrancavam cora??es usando apenas as unhas. — Uma das m?os que deveria estar segurando-a com for?a se soltou e puxou os dedos de Isla, um por um, até n?o estarem mais cravados em sua pele. — Agora eu sei que elas s?o afiadas como adagas.

Isla ergueu a cabe?a para lan?ar a ele um olhar fulminante.

— Eu n?o teria que me agarrar tanto se você me segurasse direito.

— Direito?

Ela assentiu.

— Firme. Com mais seguran?a.

Oro moveu as m?os. De repente, em vez de estar presa frouxamente em sua frente, ela estava embalada contra seu peito. O corpo de Isla foi aquecido com seu calor. Estava quase confortável.

— Melhor? — ele perguntou. Ela esperava que o tom fosse de zombaria, mas n?o era.

— Melhor.

Antes que ela percebesse, Oro pousou, seus bra?os apertando-a enquanto fizeram contato.

No segundo que se afastou dele, gelo encheu seu peito. A Ilha da Lua havia ficado significativamente mais fria desde a última vez que estivera ali. Seus olhos dispararam para Oro. Ele era o motivo. Já que Lightlark e seu controle sobre ela estavam enfraquecendo, ele n?o conseguia mais mantê-la aquecida nem iluminada. Os dias eram mais escuros. O sol se punha mais cedo. Todas as partes da ilha estavam visivelmente frias. Dezenas de lareiras e tochas tinham sido adicionadas por todo o continente e dentro do castelo, mas eram apenas uma solu??o temporária.

Eles haviam pousado nas margens de uma floresta, com árvores que mais pareciam raízes nodosas e retorcidas, delicadamente tran?adas no topo. água navegava entre elas, transportando lírios-d’água e flores brancas gordas, t?o grandes quanto as palmas de suas m?os. Estava t?o silencioso que ela podia ouvir a neve caindo. Ela estremeceu, o ar frio saindo de seus lábios. Seus dedos já pareciam congelados; os dedos dos pés eram pequenos blocos dentro das botas. O vento batia nas bochechas e no nariz, seus olhos lacrimejavam e ardiam.

De repente, Isla gritou.

No meio do silêncio, um pássaro azul-escuro como o oceano pousou em seu ombro e guinchou direto em seu ouvido.

Oro virou-se e atacou imediatamente, sem esperar para ver o que a amea?a era. Seu fogo ondulou através da noite, bem onde o pássaro estava, mas ele era rápido e saiu voando, de volta pelo bosque.

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