Lightlark (Lightlark, #1)(42)
— Você sabe o que é isso?
Ela deu de ombros.
— é claro. Folha com cinco pontas? Manchas verdes? Bot?es amarelos?
Oro assentiu lentamente.
— Raiz de gisel. Venenoso. Causa urticária e pesadelos.
Ele piscou para ela, confuso.
— Tudo bem, os pesadelos podem ter sido apenas uma tática das minhas tutoras para me manter longe. — Raiz de gisel crescia na floresta do lado de fora das vidra?as soltas de sua janela. Depois que Poppy e Terra as selaram, avisaram Isla sobre a planta, caso ela encontrasse outro jeito de sair do quarto. — é melhor tratar isso com um elixir de leite, extrato de tomate, mel, casca de salgueiro, cinzas em pasta e amoras esmagadas.
Os lábios de Oro se apertaram antes que ele dissesse:
— Obrigado.
Como se fosse muito difícil.
Ela estreitou os olhos.
— Raiz de gisel só cresce nas profundezas da floresta, onde as árvores ficam bem perto umas das outras. Pelos reinos, o que você estava fazendo em um lugar como esse?
Seu tom dizia: Você n?o sabe como isso é perigoso?
Oro a encarou com um olhar estranho. Isla retribuiu.
Sem aviso, um sino soou.
E Isla foi for?ada a pular em sua raia.
A água era como mil agulhas perfurando sua pele. A princípio, o frio foi quase bem-vindo em seu bra?o machucado. Mas rapidamente se agu?ou, tornando-se demais, fazendo doer. Ela ficou imediatamente ofegante, o peito um bloco de gelo, as pontas dos dedos das m?os e dos pés já dormentes.
Centenas de ilhéus a cumprimentaram acima, gritando, saboreando sua fraqueza, zombando dela, torcendo por seus governantes.
Continue, uma voz em sua cabe?a disse, embora seu corpo gritasse para que saísse da água. Ela com certeza estava em desvantagem, vindo de um lugar como o reino Selvagem, que nunca viu um inverno.
Mas tinha sido testada nos elementos antes.
Terra sabia que alguns dos testes poderiam envolver condi??es climáticas adversas. Quando Isla tinha dezessete anos, foi deixada com os olhos vendados no meio da floresta, durante um furac?o.
No momento em que ela rasgou o tecido dos olhos, suas tutoras estavam muito longe. As árvores eram dobradas em formas grotescas pelo vento, sujeira e folhas grudavam em sua pele, e insetos já tinham come?ado a picar seus tornozelos.
As florestas eram mortais para aqueles que n?o podiam controlá-las. Por isso a escolha do rei de se aventurar nelas era t?o surpreendente.
Isla levou três dias para chegar em casa. Naquela época, bebeu água suja e sentou-se tremendo sob um dossel feito às pressas com folhas de palmeira, a febre como um sino em sua cabe?a, tocando sem parar. Sabendo que ia morrer se ficasse, se obrigou a andar, lembrando-se de suas aulas de sobrevivência. Ca?ava comida com arcos e flechas feitos à m?o, usando a adaga que sempre mantinha amarrada à coxa.
Em meio à neblina, cortou os dedos, e o sangue manchou suas armas, atraindo ainda mais insetos, que se deleitavam em sua carne como se ela já estivesse morta.
Quando desmaiou do lado de fora do castelo dos Selvagens, Isla estava t?o doente que os melhores curandeiros levaram semanas para deixá-la saudável novamente.
Eu poderia ter morrido foram as primeiras palavras que saíram de sua boca quando conseguiu voltar a falar.
Terra apenas sorriu. A única maneira de n?o temer a morte é conhecendo-a.
Isla sabia como era morrer. E n?o era isso. Ent?o continuou, avan?ando apesar das agulhas que a atravessavam até os ossos, o corpo inteiro tomado pelo frio.
à frente, havia uma bifurca??o no labirinto. Isla se perguntou qual caminho tomar quando sentiu um leve pux?o em uma dire??o.
Depois, um pux?o em outra.
Ela parou, inclinando a cabe?a para respirar fundo.
Uma dire??o era como voltar para casa. Poppy e Terra. Seu povo.
A outra parecia mais.
Ela n?o conseguia entender o que isso significava, mas os sentimentos eram poderosos. Intoxicantes. Espantosos.
As palavras de Cleo ressoaram em sua mente. Seu cora??o deveria guiá-la. Por que estava t?o indeciso?
O tempo congelou enquanto ela nadava.
Passaram-se alguns segundos?
Ou minutos?
Ou mais?
Pare com isso, uma voz ressoou em sua mente.
Ela queria liberdade, isso era certo.
Mas isso era realmente tudo o que queria?
Um apito soou em algum lugar, tirando-a de seus pensamentos. O primeiro governante havia chegado ao fim do labirinto.
Isla estava muito atrás. Era hora de fazer uma escolha.
De seguir seu cora??o.
Ela escolheu uma dire??o e nadou, revigorada, o peito cheio de gelo, nuvens brancas saindo da boca cada vez que ela engolia ar.
Seu cabelo havia se repartido em mechas grossas e congeladas; as roupas n?o ajudavam a mantê-la aquecida. A pele estava muito dura, os músculos lutando para flexionar na temperatura implacável da água.
Só mais um pouco, ela implorou ao corpo, sabendo que já tinha passado por coisas piores. Havia treinado para isso.
Seus pulm?es come?aram a se fechar primeiro, engasgando com a água que de alguma forma havia entrado em sua boca.
Outra curva.
O labirinto parecia estar se fechando ao redor dela; cada vez que ela subia para respirar, a multid?o ficava mais indistinta. Seus aplausos, mais distantes.