Lightlark (Lightlark, #1)(41)



Isla temia sua próxima pergunta. Mas tinha que ser feita.

— Grim, você lan?ou as maldi??es?

Ele olhou para ela, realmente olhou para ela.

— Se eu tivesse feito isso, você falaria comigo novamente?

Ela recuou, tensa. Suas narinas se dilataram. A resposta dela foi imediata:

— N?o. As maldi??es mataram incontáveis pessoas do meu povo. Nos transformaram em monstros. — Sua voz engrossou. — é por causa delas que meus pais est?o mortos.

Algo parecido com tristeza surgiu nos olhos de Grim.

— As maldi??es mataram minha família também. — Ele baixou a cabe?a, mas n?o parou de olhar para ela. — N?o, Isla, eu n?o lancei essas maldi??es.

Ela sabia que era tolice acreditar em qualquer um dos outros governantes. Mas a dor de Grim era real, como a dela.

— Ent?o por que está aqui? — ela exigiu saber. — Para se vingar? Para tentar invadir Lightlark novamente? — Outro pensamento se formou em sua mente, e ela empalideceu. — Para garantir que as maldi??es n?o sejam quebradas?

Grim ergueu uma sobrancelha.

— Por que você está aqui, Devoradora de Cora??es? O que está procurando?

Seu corpo ficou imóvel. Mentiras encheram sua boca, prontas para serem ditas, mas Grim sorriu. Ele tinha sentido seu nervosismo. Sua hesita??o. Ele saberia que ela n?o dizia a verdade.

Isla n?o desviou o olhar, mas permaneceu calada.

Umbra apenas balan?ou a cabe?a.

— Sabe — disse ele, percorrendo o caminho em dire??o à parede pela qual tinha chegado —, você faz perguntas demais, Devoradora de Cora??es. — Ele a analisou da cabe?a aos pés antes de franzir a testa para o bra?o machucado de Isla, como se pudesse sentir a dor que ainda causava. — Para alguém com tantos segredos.





CAPíTULO DEZESSETE


CONGELADOS





Isla passou o dia seguinte com o bra?o envolto em gelo. Ella tinha buscado um balde na cozinha e o enchia com frequência, sem fazer perguntas. As queimaduras ainda doíam, mas n?o tanto. Ela alternava a aplica??o do gelo com seus elixires Selvagens. Quanto mais rápido a pele cicatrizasse completamente, menos ela sentiria como se uma camada de si mesma tivesse sido arrancada.

Mais tarde, as dores persistentes — e talvez os pensamentos igualmente irritantes sobre o Umbra — a deixaram inquieta. Em vez de tentar encontrar o sono que n?o viria, ela vagou pelos corredores, em sua típica bisbilhotice.

Foi aí que ela notou a como??o em torno da ala do castelo que abrigava a arena. Eles estavam se preparando para uma demonstra??o. Dezenas de ilhéus ao redor, gritando ordens. Isla tentou chegar o mais perto possível para obter uma dica do que seria a prova. Mas tinha gente demais. E em pouco tempo seu bra?o voltou a queimar de dor, pedindo por gelo.

Seus esfor?os n?o foram infrutíferos, no entanto. A grande maioria daqueles vagando pelos corredores usava branco. Lunares.

Ela n?o deveria ter ficado surpresa quando Ella bateu à porta do quarto vinte e quatro horas depois, na calada da noite.

Sua pele ainda queimava, mas n?o como antes. Isla tinha se esfor?ado ao máximo para acelerar o processo de cicatriza??o depois de ver os sinais de um teste sendo organizado, dobrando a aplica??o das pomadas e tomando outros elixires via oral. Ainda assim, pensou que teria mais tempo. Apenas alguém t?o cruel quanto Cleo planejaria sua demonstra??o para a meia-noite.

— Um teste de desejo — declarou a governante Lunar, as m?os pressionadas em ora??o.

Ela estava no centro da arena, que havia sido transformada em um labirinto de vias navegáveis. Cada um dos governantes estava em um dos pontos do perímetro. Quando mergulhassem nas pistas, n?o poderiam mais ver uns aos outros, gra?as às paredes de gelo que compunham os limites do labirinto.

N?o houve aviso. Nem tempo para trocar de roupa. Foi assim que Isla acabou no globo de neve congelante em que o estádio havia se transformado vestindo nada além de uma regata e shorts minúsculos. Com certeza ia acabar congelando na água. Os demais governantes n?o estavam em suas capas típicas e vestidos elaborados, mas também n?o estavam em roupas de dormir. De alguma forma, tinham conseguido vestir roupas que funcionariam bem na água. Algo em seus poderes permitia que fizessem isso? Ou haviam insistido no tempo para se trocarem, enquanto Isla seguia Ella às cegas pelo castelo?

— Um verdadeiro governante deve negar os desejos egoístas de seu cora??o, pelo bem de seu reino. Você será guiado pelo labirinto pelo seu próprio cora??o. Isso te levará ao que mais deseja. O vencedor, porém, será decidido n?o por seu desejo, mas por quem for capaz de alcan?á-lo primeiro. Pois, pior do que desejar algo acima do bem de seu reino, é n?o ter certeza do que se quer.

O rei estava a poucos metros de distancia de Isla, olhando para a água como se ela o tivesse ofendido. Ele n?o estava vestindo pijamas delicados. Usava cal?as douradas e uma camisa, com mangas que havia cuidadosamente dobrado até os pulsos.

Uma parte da pele da sua m?o estava levemente inchada, uma urticária se formando.

— Raiz de gisel, é bem desagradável — ela disse baixinho, quase para si mesma.

Ele ficou tenso. Olhou para ela como se notasse pela primeira vez que Isla estava ao lado dele.

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