Lightlark (Lightlark, #1)(43)



Ela ainda estava se movendo? N?o conseguia mais sentir os bra?os.

Tudo ficou mais frio. Seus pulm?es vacilaram.

Os olhos lutavam para se abrirem de novo, e tudo o que ela via era luz, cada vez mais distante.

Ela estava afundando.

Se uma demonstra??o a matasse, ela se perguntava se parte da profecia seria cumprida. Talvez a governante Lunar tivesse escolhido esta prova sabendo que talvez um dos governantes mais fracos morresse sem que ela tivesse que quebrar regra alguma. Se fosse o caso, pelo menos Celeste viveria.

Mas seu povo n?o.

Terra e Poppy n?o.

Isso n?o era a morte. Essa morte era muito tranquila. Muito parecida com pegar no sono.

Ela queria tudo o que a vida tinha para oferecer. A longa vida de um governante com poderes, explorando toda a ilha de Lightlark, uma vida inteira de amizade com Celeste, talvez até... amor. Algo pelo qual ela havia julgado os outros. Incluindo a própria m?e. Algo que ela sempre tinha visto como imprudente. Ela queria, queria tanto as coisas egoístas, além de apenas salvar seu reino e quebrar as maldi??es...

Lentamente, seus dedos abriram dos punhos. Um gemido escapou do fundo da garganta, e Isla lutou contra a vontade de manter os olhos fechados, for?ando seus membros a voltar à vida.

Ela cortou a água congelante como se fosse a única coisa que a impedia de alcan?ar tudo que guardava no cora??o.

Sua vis?o ia e vinha, mas ela sentiu o fim do labirinto. Agarrou a placa de gelo brilhante e se arrastou para fora da água com toda a for?a que ainda lhe restava.

Isla n?o viu o que estava escrito na placa, n?o ouviu a multid?o. Tudo o que sentiu foi algo quente cobrindo seu corpo. Ella. A Estelar colocou uma toalha em suas costas.

Estava tremendo, sua vis?o indo e vindo.

— Por favor, leve-me ao meu quarto — ela conseguiu pedir.

Isla devia a Ella muito mais do que creme para dor, pensou enquanto sua criada a conduzia rapidamente para fora da arena, usando os aplausos da multid?o e a coroa??o de Cleo como vencedora como cobertura. A Lunar obviamente tinha escolhido aquele teste para mostrar sua superioridade.

Ela estaria mais preocupada com o fato de que Cleo agora estava empatada com o rei — talvez próxima de escolher as duplas —, se n?o se sentisse t?o fraca.

A criada era pequena, mas tinha mais for?a do que aparentava, segurando Isla enquanto elas seguiam lentamente pelo castelo vazio. A água fazia po?as sem fim por onde elas passavam. O resto estava congelado. Seus pulm?es doíam, dois baldes de gelo no peito.

— Vou preparar um banho — disse Ella quando finalmente chegaram ao quarto. — E buscar chá.

Ela saiu correndo do quarto.

Isla perdeu a consciência algumas vezes. Seu corpo tinha ficado dormente.

Sua cabe?a estava cansada da prova.

Ela precisava encontrar o desvinculador.

Por muito tempo, seus desejos haviam sido negados. Reprimidos. Os avisos das tutoras estavam sempre em sua mente, dizendo que sua vida n?o pertencia só a ela, ensinando que querer qualquer coisa além de salvar seu reino era egoísmo.

Agora, Isla n?o podia mais mentir para si mesma.

Ela queria muitas, muitas coisas.

E estava disposta a fazer coisas terríveis para consegui-las.

N?o só para si. Seus desejos a fizeram entender seu povo mais que nunca. Eles mereciam ter o que queriam. Assim como o povo de Celeste, incluindo Ella.

Eu prometo, talvez tenha dito em voz alta, ou talvez as palavras nunca tenham alcan?ado os lábios. Ella a ajudou a tomar banho, e a água quente escaldou sua pele congelada, fazendo-a gritar, atordoada demais para esconder a dor. Eu vou encontrar o desvinculador. Vou quebrar as maldi??es.

Mesmo que isso signifique me quebrar.





CAPíTULO DEZOITO


CASTELO





Isla acordou sentindo-se à beira da morte. Havia um frio implacável no centro de seu peito. O dia todo, ficou na cama, bebendo caldos. Ella cuidou que o fogo n?o se apagasse. Continuava trazendo chá. Preparando banhos quentes. à noite, Isla se sentia apenas ligeiramente melhor.

Celeste arriscou uma visita, trazendo uma receita especial de sopa típica que ela conseguiu na Ilha da Estrela.

— Eu vou no seu lugar — disse Celeste assim que a viu.

E Isla soube que também devia estar parecendo à beira da morte. Um gemido escapou quando fez for?a para sair da cama. Balan?ou a cabe?a.

Era o vigésimo dia do Centenário. Hoje era a lua cheia. Sua única chance de entrar escondida na Ilha da Lua.

— Sem ofensas, Cel — ela disse —, mas você n?o sabe se mover como eu.

A amiga suspirou.

— é verdade. Mas...

Isla balan?ou a cabe?a novamente, interrompendo a Estelar.

— Se você for pega, acabou. N?o podemos arriscar.

Celeste franziu a testa.

— Podemos arriscar você? — ela perguntou incisivamente.

Isla fez um gesto despreocupado, dispensando as dúvidas da amiga. Alongou o corpo enquanto preparava a tintura de cabelo novamente.

— Estou bem — mentiu. Celeste sabia que era mentira.

Mas ela também sabia t?o bem quanto Isla que n?o tinham outra escolha.

Tudo o que ela queria estava em sua mente enquanto ela tentava ignorar a dor no bra?o, o frio a cada respira??o, a necessidade de descanso.

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