Lightlark (Lightlark, #1)(66)
Mais cinco homens saíram de onde estavam escondidos, atrás de antigas casas de barcos e navios sem acesso à água. Usavam ternos extremamente brancos, com diamantes no lugar do bot?o superior das camisas.
Nobres Lunares. Ela os reconheceu das demonstra??es.
Um grunhido escapou de sua garganta. Ela se tornou um pouco mais da fera que acreditavam que fosse.
E aí a pessoa de capa branca apareceu, e Isla arreganhou os dentes para ela, seu olhar prometendo violência. A figura nem lhe lan?ou um olhar antes de receber um punhado de moedas e escapar.
Uma armadilha. Ela havia sido enganada.
Idiota.
N?o. Eles eram os tolos.
Ela levantou o queixo e disse, com todo o veneno que conseguia reunir:
— Soltem-me, e terei um pouco de compaix?o. Do contrário, todos ver?o o que acontece quando alguém tenta prender um Selvagem.
Os homens apenas sorriram.
— Selvagem, mesmo presa — disse um. Seu cabelo branco estava penteado para trás, e ele segurava cuidadosamente uma bengala com uma ponta de cristal, embora fosse óbvio que n?o precisava dela. Ele apontou a bengala na dire??o de Isla, e as correntes de água a apertaram mais forte, for?ando-a a ficar de joelhos. Ela fervia de raiva enquanto a dor atingia os ossos e sua pele era rasgada pelo ch?o de pedra úmido. — Mas mesmo coisas selvagens podem ser domadas… e enjauladas. Conte-me, Selvagem. Vai implorar por sua vida?
Agora, era sua vez de rir.
— Ent?o, sua governante enviou vocês para fazerem o trabalho sujo?
Ainda n?o era o quinquagésimo dia. Ou Cleo tinha contornado as regras, n?o exatamente ordenando o assassinato de Isla… ou a governante Lunar n?o se importava em quebrar as regras. Talvez n?o estivesse atrás do poder prometido, afinal.
Lá se vai a teoria de Oro de que Cleo n?o a mataria só porque n?o gostava dela. Embora, para ser justo, o fato de Isla ter se infiltrado na biblioteca da Ilha da Lua provavelmente tivesse mais a ver com isso.
O Lunar com a bengala ficou tenso, insultado. Os outros se encararam, e isso disse a Isla o suficiente. Cleo podia n?o os ter enviado para assassiná-la, o que seria uma viola??o direta às regras, mas seus esfor?os foram autorizados.
— Sinto muito — disse um dos homens, surpreendendo Isla e, aparentemente, o resto de seu grupo. — Mas o Centenário n?o é apenas um jogo para os governantes. Um dos reinos deve cair. E temos famílias… — Ele balan?ou a cabe?a. — N?o queremos que seja a gente.
Ela entendia. O Centenário era um jogo mortal com muitos jogadores e graves consequências.
De toda forma, ela cuspiu nos pés do homem.
— Já chega. — Isla foi puxada pelo homem atrás dela, a espada ainda contra sua garganta. — Diga adeus, Selvagem — ele murmurou em seu ouvido, puxando a lamina para trás para um corte limpo e claro.
Isla puxou as correntes aquosas com toda a sua for?a, para escapar, mas seus esfor?os n?o significavam nada contra o poder Lunar.
Na floresta do Continente, Isla pensou que nunca havia desejado tanto os poderes dos Selvagens. Ela estava errada. Agora, ela n?o só queria os poderes, ela precisava deles.
Palavras passaram por sua mente, as últimas que ela pensaria:
Tarde demais. Fracasso. Impotente. Se ao menos…
Antes de terminar, ela ouviu outra palavra.
— Adeus — disse uma voz, parando a lamina a apenas um centímetro de distancia da garganta de Isla.
E o homem foi arremessado pelo ar.
Celeste fechou o punho e as correntes de água se soltaram, desaparecendo em uma confus?o de faíscas prateadas. Ela devia tê-la seguido. Um dos nobres arremessou uma onda de mar na dire??o dela, e a Estelar deu meia-volta para enfrentá-lo com um fluxo de energia.
Sem as correntes, Isla estava livre. Estendeu as m?os para alcan?ar seus punhos e soltou as pulseiras, que se transformaram em facas de arremesso. Ela as lan?ou com facilidade, encontrando seus alvos.
Dois cora??es Lunares.
Os homens caíram no ch?o e Isla se virou, sendo atingida por uma onda de poder.
Sua m?o conseguiu agarrar um caco de vidro do ch?o, ent?o o mundo virou de lado quando ela foi lan?ada contra um velho navio.
Isla sentiu gosto de sangue na língua; a cabe?a pulsava. A m?o do homem apertava seu pesco?o, levantando-a. Ela ouviu um rugido que n?o era o mar e fez um som terrível quando tentou respirar.
Ainda assim, sorriu.
Talvez n?o fosse grande coisa acorrentada.
Mas as correntes haviam desaparecido agora.
Isla apertou o longo caco de vidro entre os dedos e o enfiou na garganta do homem.
Ele a soltou imediatamente, tocando o próprio pesco?o, tentando falar. Nenhuma palavra saiu de sua boca.
Os outros nobres Lunares n?o se saíram melhor. Ela correu de volta para Celeste, apenas para encontrá-la parada no meio de uma confus?o de mortos caídos nas pedras molhadas do porto.
— Ela tentou te matar — disse Celeste, a voz surpreendentemente firme. — Você precisa deixar uma mensagem. Uma que mostre sua for?a. Uma que a fa?a pensar duas vezes antes de tentar de novo.
Juntas, elas rabiscaram uma resposta com sangue.
Quando terminaram, Isla olhou para baixo e sorriu. Antes aquilo talvez tivesse lhe dado vontade de vomitar, mas estava na ilha havia quarenta dias. Nesse tempo, havia duelado com governantes famosos, sobrevivido a inúmeras prova??es, suportado dores indescritíveis, arrancado espinhos das costas com as próprias m?os. Sua postura era ereta e firme, lembrando-se dos homens que a amea?aram. Lembrando-se de como se sentiu fraca acorrentada. Impotente contra o poder. Nunca mais, ela prometeu a si mesma.