Lightlark (Lightlark, #1)(91)
Isla olhou para ela.
O oráculo olhou de volta.
— Você… tem muitas perguntas. Há tantas coisas que eu poderia dizer… embora n?o devesse. — Ela olhou para Isla intencionalmente. — Tudo será revelado em breve.
O est?mago de Isla embrulhou. Ela realmente estava dizendo que seu segredo seria revelado? N?o.
— Saiba — disse o oráculo. — Há mentiras e mentirosos por toda parte, Isla Crown.
Mentiras e mentirosos.
Quem?
— E um dos seis governantes certamente estará morto antes de os cem dias acabarem.
Qual governante? Isso significava que as maldi??es seriam quebradas?
Isla deu um passo à frente, desejando que as palavras certas se formassem em sua cabe?a, a pergunta certa, mas, antes que as palavras pudessem sair de seus lábios, o oráculo sorriu.
E a água endureceu em gelo.
Isla bateu nele com os nós dos dedos, que imediatamente ficaram manchados de sangue. Ainda assim, ela continuou batendo, mais e mais, a m?o em carne viva, latejando.
Finalmente, Oro colocou a m?o sobre a dela, parando-a.
— Ela se foi — ele disse. — E n?o vai acordar de novo t?o cedo.
A m?o de Isla ficou aberta sobre o gelo por um longo momento antes de tirá-la. Ela se virou para Oro. Ele também tinha segredos. O oráculo tinha confirmado.
Muitos para serem compartilhados.
Mentiras e mentirosos… Será que o oráculo se referia a ele? Ou a outra pessoa?
E qual dos seis governantes iria perecer?
Embora ela estivesse desapontada, aterrorizada… as informa??es do oráculo tinham sido inestimáveis.
— Quantos outros lugares na Ilha da Lua se qualificam? — ela perguntou, a voz quase um sussurro. O oráculo tinha avisado que seu segredo seria revelado. Eles precisavam encontrar o cora??o logo, antes que isso acontecesse. Antes de a ilha virar apenas rochas e ruínas.
— Três.
Três. Isla expirou e se inclinou contra o gelo, o alívio fazendo seus membros ficarem fracos. A capa a manteve aquecida, e ela embrulhou os dedos machucados no tecido.
— Três — ela repetiu. — Podemos ir hoje à noite?
Oro lan?ou um olhar para o céu.
— N?o — ele disse baixinho. — Nós… eu n?o tenho tempo. Um lugar é de acesso mais fácil que os outros. E, para o nosso bem, espero que o cora??o esteja lá.
Isla assentiu, embora seus dentes estivessem travados pela decep??o. Ela queria encontrar o cora??o naquela noite, o mais rápido possível, para quebrar as maldi??es, libertar seu povo e conseguir o poder antes das palavras do oráculo se tornarem realidade. Antes de seu segredo vir à tona e a tornar um alvo para cumprir o resto da profecia.
— Amanh?? — disse, a capa enrolada firmemente ao seu redor.
— Amanh? — Oro concordou.
CAPíTULO TRINTA E SETE
PO?A
Mais tarde naquela noite, Isla estava em seu quarto, segurando a varinha estelar.
Antes mesmo de o Centenário come?ar, ela prometeu a si mesma que n?o usaria a relíquia para ver sua casa. Parte dela temia sentir tanta falta da nova terra Selvagem que tomaria uma decis?o precipitada e sairia do jogo, indo embora pelo portal.
Agora, muita coisa havia mudado. Ela n?o era a mesma que havia chegado à ilha dois meses atrás.
Antes, Isla nunca tinha falado com um homem sem supervis?o por mais do que alguns minutos. Agora, um havia tocado seu corpo.
Antes, ela achava que se encolheria diante dos governantes. Agora ela havia derrotado todos eles em testes. Feito amea?as contra eles. Tinha até salvado o rei.
Antes, ela acreditava ser errado querer qualquer coisa além de quebrar as maldi??es dela e de seu reino.
Agora, ela queria tudo.
Ela desenhou sua po?a de estrelas, quase esperando seu antigo eu retornar diante da vis?o de seu reino e seu povo.
As bordas tremeram, vivas — como tinta e diamantes derramados. As estrelas piscaram em cores diferentes, os tons estalando e surgindo rapidamente diante de seus olhos. Eles se espalharam até ela ver a terra Selvagem.
O sangue desapareceu de seu rosto. Seu cora??o era tudo o que conseguia ouvir, batendo instável.
Tudo se foi.
As florestas estavam arrasadas. O palácio Selvagem estava quase destruído. As aldeias estavam vazias.
Aquilo tinha que ser um truque, uma ilus?o.
Sua m?o tremeu quando ela tocou a varinha, guiando-a para outro lugar. As cores se espalharam até que ela estava olhando para uma mulher, esparramada no que restava do ch?o da floresta. Sua pele bronzeada havia endurecido, transformada em casca de árvore. Fios de seu cabelo tinham se tornado trepadeiras. Uma das m?os já estava enraizada no ch?o.
Era Terra.
Isla parou de respirar.
Sua tutora tinha come?ado a ser levada pela natureza, assim como a anci?. Os primeiros passos da morte de um Selvagem. O est?mago de Isla se revirou, sua boca ficou seca, a vis?o, turva.
Ela estava prestes a pular na po?a, a ir até Terra, mas se for?ou a parar.
N?o havia nada que ela pudesse fazer. Estava impotente. Reverter a morte de um Selvagem, uma que já havia come?ado, exigia incontáveis habilidades e encantamentos.