Lightlark (Lightlark, #1)(95)



— Grim… — ela disse, sua voz instável. — O que há de errado comigo?

Uma governante nascida sem poderes era como uma ostra sem sua pérola.

Os olhos de Grim brilharam de raiva.

— N?o há nada, absolutamente nada de errado com você, cora??o.

Ent?o ele a tomou em seus bra?os. Ela ficou ali, tremendo.

— Acho que eles v?o me matar — ela disse baixinho, ent?o levantou os olhos, para ele.

Ele a surpreendeu sorrindo. Colocou a m?o cuidadosamente na bochecha dela.

— Se alguém fizer um movimento para te machucar, acabarei com eles e com todo o seu reino. — Seus dedos percorreram o rosto de Isla, passando por sua garganta e, em seguida, puxando suavemente o pingente na ponta de seu colar. — Puxe isso — ele disse. — E estarei lá.

Isla acreditava nele.

Acreditava apenas nele.





CAPíTULO QUARENTA


JUNTOS





Atrai??o de Oro era uma geleira em seu peito, sangrando e em carne viva.

Ela havia confiado nele. Eles enfrentaram uma infinidade de desafios e obstáculos. Juntos.

Isso n?o significava nada?

As semanas que ela passou ajudando Oro tinham sido desperdi?adas.

A única coisa que amenizou sua dor foi Grim. Ele preenchia seus sonhos, e agora seus dias.

Isla sabia que o tempo deles juntos estava contado, n?o apenas porque a ilha estava desmoronando ao seu redor, mas porque Cleo e Oro estariam perto de encontrar o cora??o… talvez até já estivessem com ele. E, quando o encontrassem e o empunharem, faltaria apenas a última parte da profecia: matar um governante e todo o seu reino.

Em breve, Isla estaria morta. Nunca teria seu poder Selvagem. Terra estaria morta.

E n?o havia nada que ela pudesse fazer a respeito.

Por uma semana, Isla pensou apenas em sobreviver.

Com a ajuda de Grim, se mudou para o Palácio de Espelhos na Ilha Selvagem. Se o que Juniper disse era verdade, apenas o poder dos Selvagens poderia ser usado lá. Era o único lugar onde ela e Cleo, ou mesmo Oro, teriam as mesmas chances caso atacassem. Suas laminas n?o seriam inúteis ali.

Ela havia ocupado um dos quartos abandonados no andar de cima.

Toda manh?, Isla se perguntava se seria a última. Ela trancou a porta e colocou móveis na frente, sabendo que aquilo tudo só serviria para lhe dar um aviso prévio antes de qualquer ataque. Ela tentava ficar acordada à noite, cada ranger do castelo fazendo-a pular, mas depois de um tempo seu corpo parava de funcionar e a for?ava a dormir.

A adaga nunca estava longe das suas m?os.

Ella corria grande perigo na floresta mortal, aventurando-se na Ilha Selvagem para trazer o que ela precisava. Comida. água. Em uma das últimas vezes que passou por ali, Isla deu a Ella a maioria das gemas que havia trazido para Lightlark, um saco cheio de diamantes e pedras preciosas.

— Contrate um curandeiro — dissera.

Isla se perguntou se a Estelar retornaria depois disso, tendo conseguido o que queria, mas ela voltou. Todos os dias ela voltava.

O mesmo aconteceu com Celeste.

Logo após a trai??o, ela chamou Isla de tola por ter confiado no rei. Ent?o a puxou para os seus bra?os e as duas choraram juntas.

Isla se perguntou se aquele seria o momento em que Celeste a deixaria. A amiga tinha a própria vida e um reino com que se preocupar. Era estupidez continuar como aliada de Isla.

Mas Celeste ainda estava convencida de que o desvinculador era uma op??o.

— Estou procurando — disse ela. — Estou progredindo.

Isla passava a maior parte de seus dias desenhando po?as de estrelas e olhando para elas até que observar Terra fizesse seu est?mago se revirar de culpa. Todo o lado direito de seu corpo era parte do ch?o agora. Ela mal conseguia falar.

Certa vez, ela se perguntou se estava sendo egoísta por se esconder. Se Cleo e Oro de fato encontrassem e usassem o cora??o de Lightlark para cumprir a maior parte da profecia, n?o fazia sentido que os Selvagens fossem os únicos a morrer?

Sua terra e seu povo estavam quase destruídos. Ela n?o tinha poderes. Isla e seu reino n?o ofereciam nada ao futuro da ilha.

Talvez fizesse mais sentido…

Isla mencionou isso para Celeste, que parecia pronta para esbofeteá-la.

— Precisamos dos Selvagens — sua amiga dissera. — Para reconstruir. Para crescer. Você e seu reino s?o mais importantes do que imagina.

Naquela noite, ela vagou pelo Palácio de Espelhos, parando em frente às esculturas de seu povo e do cofre que havia tentado e falhado em abrir.

Celeste estava certa. Outrora, os Selvagens eram ótimos. Essenciais para a ilha.

Que pena terem uma líder t?o fraca, pensava, olhando para os animais selvagens que antes vagavam livremente por ali, a gloriosa flora que milhares dos Selvagens um dia cultivaram, as armas que tinham empunhado antes de seu foco ter se tornado cora??es e sangue.

Que tragédia terem terminado assim.





CAPíTULO QUARENTA E UM


CARTA





Na manh? seguinte, Celeste estava na porta de Isla no Palácio de Espelhos.

— Você já ficou emburrada por tempo suficiente — ela disse.

Isla piscou. Emburrada? Ela só estava tentando sobreviver.

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